TEMATICA VARIADA, COM MAIOR INCIDÊNCIA NA MUSICA GENERALISTA, E NA FOTOGRAFIA, OBVIAMENTE COMO PILAR DE ESTAS DUAS FORMAS DE ARTE, ESTARÁ A POESIA
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Poema de Natal
POEMA DO NATAL
PARA ISSO fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrêla a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo,pisar leve,ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso,talvez,de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem,graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais,esperaremos...
Hoje a noite é jovem;da morte,apenas
Nascemos,imensamente.
De Vinicius de Moraes
Nastassja Kinski
Little Boy Blue
A aparição fugaz de Leila, protagonizada por Nastassja Kinski, é um dos pontos altos do filme de Francis Coppola One from the Heart de que aqui falámos ontem. Descobri por acaso este vídeo que testemunha esse momento deslumbrante ao som de Little Boy Blue...
Lost in Translation – a cumplicidade na solidão
Lost in Translation – a cumplicidade na solidão
Pessoas em busca de respostas, motivos e propósitos. Pessoas que querem cativar e ser cativadas. Que querem ser entendidas e entender. Que querem ouvir. Ou falar. Sou eu e você. Pessoas na mais nobre de todas as buscas: o autoconhecimento. É o que acontece no filme “Lost in Translation” (EUA, 2003), de Sofia Coppola – "Encontros e Desencontros", no Brasil / "O Amor é um Lugar Estranho", em Portugal.
“The more you know who you are, and what you want, the less you let things upset you” (Quanto mais você sabe quem é e o que quer, menos você deixa que as coisas te aborreçam).
É claro que o roteiro não diz isso. Aliás, o filme possui um roteiro reticente demais para dizer isso. Em minha opinião, é um filme silencioso, mas suficiente para fazer-nos enxergar, mais por meio de movimentos e expressões do que por palavras, o que acontece entre os protagonistas. Lost in Translation é um dos filmes mais honestos que já assisti porque é direto. É o que é. E é simples. O roteiro baseia-se no encontro de duas pessoas repletas do sentimento mais comum que existe: a solidão.
Bob (Bill Murray) e Charlotte (Scarlett Johansson), cada um ao seu próprio modo, começam a questionar a gravidade de suas vidas presas a uma rotina que, para eles, parece não mais fazer sentido. Percebem que da realidade na qual estão inseridos querem desesperadamente sair, mas são consumidos por um sentimento de culpa e impossibilidade.
Como pano de fundo temos Tóquio, uma cidade violentamente desperta, que vem a ser quase uma personagem secundária. O ritmo frenético da megametrópole contrasta com a inércia existencial dos protagonistas.
Bob é um ator de meia idade, que vai à capital japonesa, por dois milhões de dólares, gravar um comercial para uma marca de whisky. Na verdade, essa é a desculpa que usa para fugir de um matrimônio em ruínas e da frustração de uma carreira em declínio. Já Charlotte é uma jovem recém-casada, e infeliz, que acompanha o marido fotógrafo em campanhas publicitárias pelo país, mas passa a maior parte do tempo sozinha.
Nos corredores de um luxuoso hotel eles se conhecem. E o relacionamento nasce tímido, ao perceberem um sentimento mútuo de admiração e cumplicidade, resultando em um amor real, mas fatalmente efêmero. Bob e Charlotte vêem crescer entre eles uma afetividade tão grande que ultrapassa o amor romântico e chega às vezes de um carinho genuíno e tão verdadeiro quanto perturbador. Mas que, no entanto, serve como alicerce para não somente melhor se conhecerem a si mesmos, como para terem coragem de fazê-lo, de fato.
A dificuldade de comunicação que eles enfrentam no Japão remete à idéia de como é inóspita e estranha a sensação de não entender e não ser entendido. O nome – original – do filme foi uma feliz escolha ao fazer um paralelo com o indivíduo e a inadequação ao mundo ao seu redor.
Lost in Translation é o segundo filme de Sofia Coppola, filha do poderoso cineasta Francis Ford Coppola, e mostra que herdou o talento do pai. O filme tem uma excelente fotografia e qualidade técnica. Por isso levou três Globos de Ouro e recebeu o Oscar de Melhor Roteiro Original. Foi também indicado em outras três categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor (a) e Melhor Ator para o fantástico Bill Murray.
A trilha sonora do filme merece destaque, com excelentes faixas de My Bloody Valentine, Air, Kevin Shields, The Jesus & Mary Chain, entre outros.
domingo, 19 de dezembro de 2010
Coisas simples
Coisas simples
Gosto das coisas simples, bem singelas.
As coisas tão comuns e tão normais.
Como o rasante vôo que os pardais
Fazem defronte de minhas janelas.
Gosto das margaridas amarelas,
As que florescem em todos os quintais,
Onde comparo o colorido delas
Com o que vem das roupas dos varais.
Amo a doçura no sabor d´amora.
Me encanta as tardes de leveza infinda,
Por onde a luz crepuscular colora
Todo o horizonte numa cor tão linda
Que nos faz crer que ali, naquela hora
A mão de Deus está mais forte ainda.
(Jenário de Fátima)