Premio Nobel da Paz
Pequim pressiona Europa para não entregar Nobel da Paz
Líderes e organizações internacionais de defesa dos direitos humanos apoiam libertação de Xiaobo
Liu Xia/Epa
A China está a pressionar governos europeus para evitar a cerimónia de entrega do prémio Nobel da Paz ao dissidente chinês Liu Xiaobo e declarações de apoio ao mesmo, disseram hoje alguns diplomatas em Pequim.
A embaixada chinesa em Oslo enviou cartas oficiais a várias embaixadas europeias na Noruega a pedir para as mesmas não se fazerem representar na cerimónia de entrega do Nobel da Paz a Liu Xiaobo, agendada para 10 de dezembro, disseram dois diplomatas em Pequim sob condição de anonimato.
Em declarações à agência Associated Press (AP), um dos diplomatadas diz que, na carta, a China reafirma a sua posição de que Liu Xiaobo é um criminoso e considera o prémio uma ingerência nos assuntos internos do país.
Primeiro chinês a receber o Nobel da Paz
A carta apela ainda às embaixadas para não divulgarem quaisquer declarações públicas de apoio a Liu Xiaobo no dia da cerimónia, acrescentou.
Liu Xiaobo, detido no nordeste da China, é o primeiro cidadão chinês a quem é atribuído o Nobel da Paz, uma recompensa que irritou Pequim. A sua mulher encontra-se em prisão domiciliária desde que o prémio foi anunciado em outubro.
Este intelectual, de 54 anos, cumpre uma pena de 11 anos de prisão por ter sido autor da "Carta 98", que reclamava uma China democrática.
Vários líderes mundiais, incluindo o presidente norte-americano Barack Obama, e diversas organizações internacionais de defesa dos direitos humanos apelaram à libertação de Liu Xiaobo.
Diplomatas têm encontros com oficiais chineses
Nas últimas semanas em Pequim, diversos diplomatas de diferentes países foram chamados para encontros com oficiais chineses, que lhes endereçaram pedidos semelhantes aos constantes das cartas da embaixada chinesa na Noruega.
"Têm tentado de forma discreta aproximar-se, convidando-nos para pequenos encontros, em que aproveitam para passar a mensagem", disse um diplomata europeu citado pela AP.
Outro diplomata europeu referiu que a China não pediu ao seu país para evitar o evento, mas disse ter conhecimento de outras nações a quem isso mesmo foi pedido
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