quinta-feira, 28 de junho de 2012

Hermann Hesse

(...) A serenidade não é feita nem de troça nem de narcisismo, é

conhecimento supremo e amor, afirmação da realidade, atenção desperta

junto à borda dos grandes fundos e de todos os abismos.

É o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte.

O poeta que celebra, na dança dos seus versos, as magnificências e os

terrores da vida, o músico que lhes dá os tons duma pura presença,

trazem-nos a luz; aumentam a alegria e a claridade sobre a Terra,

mesmo se primeiro nos fazem passar por lágrimas e emoções dolorosas.

Talvez o poeta cujos versos nos encantam tenha sido um triste solitário,

e o músico um sonhador melancólico: isso não impede que as suas obras

participem da serenidade dos deuses e das estrelas. O que eles nos dão,

não são mais as suas trevas, a sua dor ou o seu medo, é uma gota de luz

pura, de eterna serenidade. Mesmo quando povos inteiros, línguas inteiras,

procuram explorar as profundezas cósmicas em mitos, cosmogonias, religiões,

o último e o supremo termo que poderão atingir é essa serenidade. (..

Hermann Hesse *


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