Apesar dos conturbados tempos que vivemos existem ainda pessoas que apostam no pragmatismo e no bom senso como forma de arrostar contra a hipocrisia reinante nos meios Católicos no que respeita ao combate à AIDS. Esse é o caso de Kevin Dowling que após ter sido nomeado Bispo Católico da Diocese de Rustenberg, há 16 anos atrás, visitou os campos de habitação clandestina próximos de Rustenberg que servem de casa a 100.000 pessoas perto da fronteira entre a África do Sul e o Botswana.
Quase exclusivamente composta por homens imigrantes do Lesoto, Zimbabwe, Moçambique e Península do Cabo, esta comunidade mineira, de parquíssimos recursos financeiros, que trabalha nas minas de platina da zona, alberga no seu seio um número muito reduzido de mulheres, a metade das quais VIH-positivas, que se prostitui para conseguir sobreviver.
A extensa rede de relações sobreponíveis nesta comunidade torna-a um campo perfeito para a disseminação do VIH. O Bispo, ciente do facto, e arriscando no mínimo a perda do emprego, já que o Vaticano para além de proibir o uso de camisinha em qualquer circunstância, ainda sustenta alarvemente que a camisinha é permeável ao VIH, decidiu criar em 1996 uma Clínica, que hoje, para além de integrar uma Escola e um Centro de Dia, distribui gratuitamente aos mineiros camisinhas, fármacos para o AIDS e aconselhamento para a prevenção da infecção.
“A abstinência antes do casamento e a fidelidade num casamento são coisas fora da esfera da possibilidade aqui” disse ele. “A questão é proteger a vida. Esse deve ser o nosso principal objectivo”. “Eles têm que usar camisinha, ponto.”, sustenta Kevin Dowling para quem o quer ouvir.
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