TEMATICA VARIADA, COM MAIOR INCIDÊNCIA NA MUSICA GENERALISTA, E NA FOTOGRAFIA, OBVIAMENTE COMO PILAR DE ESTAS DUAS FORMAS DE ARTE, ESTARÁ A POESIA
sábado, 12 de junho de 2010
Coetzee
O vencedor do Prêmio Nobel JM Coetzee nasceu na África do Sul 1940 e recebeu seu segundo Booker Prize por este livro notável, sendo o único autor a data de ter recebido este prêmio famoso pela segunda vez. O romance é ambientado no período pós-apartheid e descreve num estilo suave de maior clareza o destino de um professor que é acusado de assédio sexual, é forçado a sair da universidade e tenta apreender uma nova vida, vivendo na fazenda do seu filha. A factualidade de Coetzee escolha da linguagem faz com que o crime que ocorre assumir uma qualidade ainda mais..
pressentimento…
Use o AMOR
para enfrentar a vida
para encontrar sua paz
para sentir-se amado
para sorrir facilmente
para viver com sorriso
para ter paz
para perdoar e ser perdoado
para amar e ser amado ♥
Os homens cultivam cinco mil rosas
num mesmo jardim e não encontram
o que procuram E no entanto o que
eles buscam poderia ser achado
numa só rosa
amor,é aquela que não
precisa somente de palavras
É aquela que também
nos deixa sem palavras
Atenção para a previsão do tempo Uma frente
de felicidades vai atingir a região Sul do seu coração
No Norte choverão alegrias
Gostar de poesia não significa ser poeta
E poderia o poeta nunca poetizar?
Há tanta poesia em um olhar
Que seria o dono desse um poeta?
As flores que desabrocham e perfuma o ar
Foi uma poesia composta pelo Criador?
Ou seria o jardineiro o seu compositor?
então seria também poeta quem a admira?
E o amanete que a rouba para a sua amada presentear
Que versos mais fortes poderia conter esse amor
Seria necessário a ele, rimar?
O que é ser poeta senão ser amante e se doar?
Sejam palavras, canções ou o simples ressoar
De um coração que ama e não teme se entregar?
Os braços de uma mãe que acolhe o filho após uma travessura
O olhar que repreende tão cheio de ternura
Não é em sua simplicidade a mais simples poesia?
E que se diz do amor, tão despretencioso,
Que faz o amigo chorar a dor do outro?
Que poesia mais singela pode existir
Que o rosto de uma criança a sorrir?
Como não ver poesia no rubor de uma face apaixonada
Ou nos olhos que choram?
Os raios de sol que penetram o inverno aquecendo a pele
Não é a poesia se fazendo sentir?
E a água que corre entre os seichos do riacho
Não é a sua canção uma expressão poética?
A poesia está na vida, em cada partícula.
Nos fazendo, todos, poetas!
"Quando pensamos generosamente, compreendemos que a alegria de dar
e a capacidade plena de receber,
são partes de uma única dádiva."
sexta-feira, 11 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Flavio Bastos
A felicidade é uma arte!
Imaginemos um mundo onde a gentileza e a transparência nas relações fazem parte do cotidiano. Onde a vida flui sem a influência de sentimentos negativos entre as pessoas. Onde o ego não necessita mais de auto-afirmação ou de afirmação no cenário social.
Um mundo onde a perversidade há muito tempo cedeu lugar a gestos de bondade, fraternidade e de ações em prol do bem comum. Onde não existe mais poder, governo e política, mas a conscienciocracia fundamentada no alto nível de responsabilidade do povo.
Imaginemos um mundo onde o orgulho e o egoísmo foram erradicados... e a simplicidade um sentimento permanente entre as pessoas. Onde a honestidade é um dever e uma certeza nas relações.
Um mundo onde o culto às aparências foi superado pelo avançado nível de (auto)conhecimento da população. Onde o "eu" é conectado à sua original e verdadeira identidade: a essência, o espírito.
Imaginemos um mundo sem dor ou sofrimento, onde a energia do amor flui naturalmente, alimentando mecanismos responsáveis pelo processo vital. Onde o ciúme e a inveja são somente palavras esquecidas nas brumas do tempo.
Um mundo onde doenças e tragédias inexistem, e a longevidade... uma conquista. Onde o fim da existência física representa apenas um ciclo de renascimentos interdimensionais... e a "morte", apenas uma curta separação, sem traumas, culpas ou remorsos.
Imaginemos um mundo onde os (re)nascimentos são saudados e aguardados com muito amor e carinho. Onde o idoso é tratado como um sábio, um mestre... e considerado entre os jovens, uma referência.
Um mundo onde sexo e sexualidade se integram com a energia que emana do UNO. Onde a mesma energia manifesta-se também nas inspirações artísticas e nos gestos de amor entre as pessoas.
Enfim, imaginemos um mundo onde um dia a felicidade foi considerada arte... e a partir de então, levada a sério como indispensável instrumento de libertação e de evolução espiritual.
Flavio Bastos
Luz María Vales
Luz María Vales - fotografia e transparências
Os trabalhos de Luz Maria Vales são absolutamente deslumbrantes. Se pensarmos que esta fotógrafa nascida no México é uma profissional da fotografia comercial e publicitária, teremos alguma dificuldade em aceitá-los como trabalhos artísticos. Mas a carga poética que consegue criar e transmitir em cada uma das suas fotos deixa-nos profundamente impressionados e rendidos à sua mestria. Luz domina a luz. É com ela que compõe as suas pinturas, com transparências, brilhos, penumbra, escuridão e muita fantasia. Os retratos são a sua especialidade. Conheçam a sua obra no seu site pessoal e fiquem tão fascinados quanto eu.
SECULO XXI
Um homem foi detido no Maranhão, Brasil, por abusar da filha durante 17 anos, de quem teve sete filhos, noticiam as agências internacionais e a imprensa brasileira, aludindo ao caso austríaco que chocou o mundo há dois anos.
O jornal O Globo relata que a polícia de Pinheiro, no Maranhão, prendeu um lavrador de 54 anos que mantinha a filha "em cárcere privado há 17 anos", de quem tinha sete filhos, com idades entre os 12 anos e os dois meses.
"José Agostinho Bispo Pereira abusava sexualmente da filha desde que ela tinha 12 anos", escreve o Globo, acrescentando que a vítima tem hoje 29 anos, não sabe ler, nem escrever e nunca pôde sair da ilhota onde era mantida cativa, no povoado de Experimento, a 340 quilómetros de São Luís.
Segundo o jornal, muitos habitantes locais sabiam do caso, mas não quiseram intrometer-se até que começaram a surtir efeito sucessivas campanhas contra a pedofilia e violência sexual, acabando por denunciar o lavrador durante uma ação realizada pelas autoridades.
Mãe abandonou família
O caso está também na Folha de São Paulo, segundo o qual a mãe da jovem abandonou a família quando a filha ainda era pequena.
A Folha recorda o caso de Josef Fritzl, 73 anos, que no ano passado foi condenado a prisão perpétua por violar e prender a filha no porão de casa, durante 24 anos, tendo nascido sete filhos.
O jornal acrescenta que o inquérito da polícia brasileira deverá ficar concluído em 10 dias, seguindo para a promotoria do município de Pinheiro.
A notícia é também divulgada pela agência norte-americana AP, que situa o caso numa remota localidade piscatória do Brasil e cita a polícia.
A AP refere que o homem é também acusado de abusar de uma menina que teve com a filha.
Suspeita-se que outra filha tenha fugido
A France Presse diz tratar-se de um pescador detido na sequência de uma denúncia anónima.
A espanhola EFE refere-se a um camponês que terá alegado não saber que estava a cometer um delito.
A polícia suspeita ainda que tenha abusado de outra filha que entretanto fugiu da aldeia.
O detido, segundo a polícia local, será acusado de violação, abandono material (pela condições em que viviam as crianças), abandono intelectual (já que nunca receberam educação) e reclusão.
+++ Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo ortográfico +++
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Jeff Koons
Jeff Koons - a banalidade transformada em arte
publicado em artes e letras por cátia fernandes em 8 jun 2010
Made in Heaven (litografia, 317,5x690,9cm, 1989)
Jeff Koons é conhecido por transformar objectos e fantasias do quotidiano em peças de arte, sendo conotado como um artista controverso, intrigante e provocador, à semelhança dos seus antecessores Marcel Duchamp e Andy Warhol. Tenta focar assuntos relacionados com o pós-modernismo dando-lhes ênfase nas suas peças, o que lhes confere um cunho de crítica social pretendendo chocar ou até ferir susceptibilidades.
Nascido em York, na Pennsylvania, em 1955, Jeff Koons teve um percurso de vida vasto e multifacetado desde a infância, altura da sua vida em que calcorreava as ruas depois das aulas para vender doces e prendinhas embrulhadas em papel, numa tentativa de fazer algumas poupanças.
Estudou pintura, no entanto o seu primeiro emprego foi como corrector em Wall Street, ao mesmo tempo que se tentava estabelecer e afirmar como artista. Tal aconteceu nos anos 80, época em que, à semelhança de Andy Warhol e a sua «Factory», Koons monta um estúdio num loft do Soho onde emprega cerca de trinta assistentes, cada um com papéis diferentes na produção e divulgação do seu trabalho, método conhecido como «Art Fabrication».
Koons apostou igualmente em marketing, tendo contratado um consultor de imagem, ficando conhecidas as suas fotografias onde aparece rodeado de objectos alusivos às armadilhas do sucesso, assim como as entrevistas em que se refere a si mesmo na terceira pessoa.
Um dos seus trabalhos iniciais, intitulado «Three Ball 50/50 Tank», em 1985, consiste em três bolas de basquetebol a flutuar dentro de tanques de vidro com água-destilada até meio.
Three Ball 50/50 Tank (vidro, metal, água dstilada, três bolas de basquetebol; 153,7x123,8x33,7cm; 1985)
Seguiram-se as séries «Statuary» e «Banality», grandes ampliações de brinquedos em aço inoxidável, em 1988, que incluem a peça onde figuram Michael Jackson e o seu chimpanzé Bubbles que, três anos mais tarde, foi vendida por 5,6 milhões de dólares integrando actualmente a colecção permanente do Museu de Arte Moderna de São Francisco.
Michael Jackson and Bubbles (Porcelana; 106,7x179,1x82,6cm; 1988)
Alusivas ao seu controverso casamento em 1991 com a não menos controversa Ilona Staller, a estrela porno conhecida por Cicciolina, são as peças da série «Made in Heaven» que englobam pinturas, fotografias e esculturas que retratam o casal em posições sexuais, gerando ainda mais polémica em torno desta relação.
Em 1992 surge «Puppy», a sua escultura de 12,4 metros de altura que retrata um «West Highland White Terrier» todo ele executado numa variedade de flores sobre uma estrutura em aço irrigada internamente, tendo sido encomendado para uma exibição de arte na Alemanha. Depois de ter estado no Museu de Arte Contemporânea de Sydney e no Rockefeller Center em 2000, actualmente encontra-se no terraço exterior do Museu Guggenheim em Bilbao, uma vez que foi adquirido pela fundação à qual o museu pertence.
Puppy (aço inoxidável, madeira, terra, tecido, sistema interno de irrigação, flores vivas; 1234,4x1234,4x650,2cm; 1992)
Em 2001, Koons surge com uma série de pinturas intituladas «Easyfun-Ethereal», que são o resultado de uma técnica que combina colagens de imagens de bikinis sem corpos, comida e paisagens pintadas por assistentes sob a sua supervisão.
Como parte integrante da série «Celebration», em 2006, é exibido o «Hanging Heart», um coração de 2,74 metros de altura em aço polido.
Hanging Heart (aço inoxidável com pintura de cor transparente e fita amarela; 269,2x215,9x101,6cm; 1994-2006)
Um desenho inspirado nos «Tulip Ballons» foi utilizado pelo motor de busca da Google na sua página inicial em 2008. Ainda nesse ano, em França, é realizada uma exposição que faz uma retrospectiva ao trabalho de Jeff Koons, exibindo dezassete das suas esculturas no Palácio de Versalhes. Seguiu-se uma outra retrospectiva, desta vez no Museu de Arte Contemporânea de Chicago que foi amplamente publicitada na comunicação social.
Seguiram-se exposições em Londres e Toronto em 2009, onde foi exposto o seu coelho prateado gigante realizado para celebrar o Dia de Acção de Graças organizado pela Macy´s.
Crianaças Viuvas na India
“Água” - um filme sobre crianças viúvas na Índia de Ghandi
Vi recentemente em DVD um filme impressionante que fala sobre uma viúva de 8 anos que nunca conheceu o marido e que é encarcerada numa casa de acolhimento estritamente aberta para receber viúvas. Segundo a tradição indiana estas mulheres devem ficar isoladas da sociedade até ao final das suas vidas e não podem voltar a casar. Isto mesmo que tenham oito anos e continuem virgens. O filme chama-se “Água” (“Water”) e foi
realizado por Deepa Mehta em 2005. Uma história impressionante sobre a triste sina das viúvas na Índia do século passado, quando as ideias de Ghandi começam a mudar o rumo da tradição. Uma história sobre a criança Chuyia e a sua amiga Kalyani que se prostitui para financiar o “lar” de viúvas e que ousa perturbar as regras apaixonando-se por um homem com estudos universitários que está disposto a desafiar a tradição. Estas mulheres além de remetidas ao esquecimento não têm dinheiro para comer e vivem da caridade alheia. As mais novas usam a prostituição para pagar as despesas das mais idosas num jogo social que todos conhecem mas querem ignorar.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Psicografia
Psicografia
Também eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto
Ana Cristina Cesar
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Neida ,Morta em manisfestação no Irão
Os Silencios da Fala
São tantos
os silêncios da fala
De sede
De saliva
De suor
Silêncios de silex
no corpo do silêncio
Silêncios de vento
de mar
e de torpor
De amor
Depois, há as jarras
com rosas de silêncio
Os gemidos
nas camas
As ancas
O sabor
O silêncio que posto
em cima do silêncio
usurpa do silêncio o seu magro labor.
Maria Teresa Horta
domingo, 6 de junho de 2010
Kim Alves
Kim Alves, de Cabo Verde para o mundo
Após ter acompanhado praticamente todos os nomes sonantes de Cabo Verde, e produzido nos últimos anos uma parte muito significativa da sua música, Kim Alves decidiu dar à estampa o seu sempre adiado primeiro trabalho exclusivamente pessoal.
Filho de um violinista célebre, João Alves (nho Djonsinho), este poli-instrumentista, produtor musical, arranjador, engenheiro de som, compositor, intérprete e estudioso da música de Cabo Verde lançou o seu projecto de música tradicional cabo-verdiana instrumental “Dança das Ilhas”. Este trabalho apresenta temas originais da música de Cabo Verde, sendo a maioria da autoria de Kim, com particular incidência nos ritmos de Santiago e Fogo, sofisticados, e ao mesmo tempo acessíveis ao ouvido de qualquer leigo musical, em termos de harmonização melódica e rítmica, fruto de toda uma vida de recolhas e pesquisas dos ritmos realmente autóctones cabo-verdianos.
"Dança das Ilhas" erige-se, sem dúvida, numa verdadeira revolução harmónica na música de Cabo Verde e, ao mesmo tempo, numa prova irrefutável de que é possível à música tradicional evoluir para patamares harmónicos que a fazem ombrear com qualquer música erudita, clássica ou moderna, sem perder a sua identidade e a sua alma.
TCheca
Nascido na Ilha de Santiago, ligado aos trabalhos do campo e interpretado tradicionalmente no terreiro pelas mulheres que percutem a tchabeta, o batuque acompanha um cântico, o finaçon, que as mulheres improvisam ao sabor das circunstâncias e do próprio auditório. Segundo a tradição africana as cantoras comentam os acontecimentos da aldeia e celebram as festas agrárias, os casamentos, os baptizados e os óbitos.
Mas a tradição foi decididamente ultrapassada pela tentativa de afirmação da identidade africana de um povo insular umbilicalmente ligado ao continente, e hoje, cantores como Manuel Lopes de Andrade, ou mais simplesmente Tcheka, encetam pelo batuque o mesmo trabalho de modernização que nos anos 70 Katchass realizou pelo outro ritmo rei de Santiago - o funana.
Dar ao batuque uma nova interpretação com um estilo muito próprio mas respeitando sempre a sua estrutura tradicional, é a mensagem que transporta o primeiro registo de Tcheka “Argui!”, que em crioulo significa levantar-se, pôr-se à frente, mensagem reafirmada com o segundo álbum “Nu Monda” onde transpõe para guitarra ritmos habitualmente tocados em instrumentos de percussão, num blues lunar que nos transporta para a árida e grandiosa paisagem de Santiago.
Merece a pena ouvir estes duas composições plenas de ritmo e dominadas pela singular voz de uma das certezas da música cabo-verdiana.
Ane Brun
Aos primeiros sons de “The Treehouse Song”, sem aviso, um mundo doce e cheio de brisa aparece. É como se o botão de play tivesse o poder de te transportar para um dia mágico; meio clichê de filme alternativo, mas mágico. Um cão corre na areia, um carro vermelho parado, um amante abandonado, um aneurisma descoberto, um fim doce qualquer. Só algumas descrições e metáforas meio bobas parecem suficiente para falar do paixão fervente e austera que começa a se desenrolar a partir de então.
O charme nórdico é inegável e, de tempos em tempos, somos brindados com uma nova leva de músicos incríveis que se forma naquela região gelada da Europa. Destes, poucos são descobertos e ganham o mundo mas, quando isso acontece, os efeitos são sempre arrebatadores. A-Ha, Björk e o próprio Sugababes, os grupo Sigur Ros Röyksopp e The Hives, cada qual em seu estilo, atestam a força sonora de países como a Dinamarca e a Islândia.
Ane Brunvoll é um exemplo desses fenômenos que acontecem. Nascida na Noruega, após três discos (sendo o primeiro, Spending Time with Morgan, considerado até o momento como sua obra prima) e inúmeros EP’s oficiais e extra oficiais; Changing the Seasons, de 2008, está sendo o álbum que lhe apresenta ao resto do mundo. Foi a partir dele que conheci os encantos que vão desde as batidinhas da primeira faixa “The Three house song” até a singela valsa “Armour” que parece saída de um conto de fadas. Desde então estou procurando como falar sobre isso sem usar descrições ou metáforas bobas. Falhei e me sinto satisfeita por isso.
Nas audições, a sensação de que nenhum elemento musical está ali ao acaso é permanente. Os pequenos detalhes que parecem engrandecer cada parte, que conseguem transformar cada faixa em um épico íntimo, uma lenda pessoal. O resultado faz parte de uma esperta habilidade de Ane Brun para articular apelos familiares com um estilo incongruente e raro. O conforto do pop está presente em tudo, mas não disfarça o folk sombrio que remete a um soturno Nick Drake, e a um toque de Piaf que gosta de exibir nas suas tremulações de voz. E na filosofia das canções tudo é brutal e gentilmente congelado nas desilusões do amor e as alucinações do abandono; porque a vida sempre separa, mas sempre - e isso é estranho, é fascinante - sobrevivemos. Às vezes não tão inteiros quanto antes.
As composições e elementos musicais dizem tanto quanto as palavras cantadas e cada música só quer contar da beleza que há no recolhimento da solidão. Ela dá as más notícias de forma doce e hipnótica, e por isso nunca triste. Impossível resistir a essa fantástica e melancólica artista. Para os destemidos, fica a música "The Puzzle", do disco "Changing the Seasons".
Strega
Fiquei nas pontas dos pés
Para tentar ficar mais alta.
Abri e fechei os braços
imitando o bater de asas
de uma borboleta.
Fui repetindo simultaneamente
estes dois movimentos
ao som de uma leve música.
Ao fazer isto, transformei-me
em uma bailarina.
Preciso confessar que foi bem
assim que aprendi a voar.
Desde então, desaprendi
propositamente a andar.
Helô Strega