sábado, 2 de julho de 2011

O dia em que eu... me apaixonei por "Lay Lady Lay" de Bob Dylan

O dia em que eu... me apaixonei por "Lay Lady Lay" de Bob Dylan [crónica de Rui Miguel Abreu] -

O dia em que eu... me apaixonei por "Lay Lady Lay" de Bob Dylan

Ou os mistérios das canções que nos assombravam - ainda assombram? - antes da era da televisão por cabo e da internet.

Bob Dylan lançou o álbum Nashville Skyline em Abril de 1969, um mês antes de eu nascer. Nesse álbum há várias canções extraordinárias, a começar logo no tema de abertura, "Girl From The North Country", que Dylan interpreta ao lado de Johnny Cash. Mas há nesse disco uma outra canção que me assombrou durante anos e que ainda hoje considero ser uma das mais incríveis canções de sempre: "Lay Lady Lay".
Lembro-me do primeiro carro dos meus pais e de longos passeios de Coimbra até à Figueira da Foz ou até à Serra do Buçaco. O rádio ligado era uma constante nessas viagens. Hoje, esse tipo de percursos faz-se por auto-estradas e de forma muito rápida, mas na época essas viagens pareciam demorar uma eternidade, sobretudo os regressos a casa ao final do dia. O rádio funcionava por isso mesmo como uma distrcção, como o modo perfeito de complementar o lento desenrolar da paisagem a partir da janela do carro. Numa dessas viagens, ouvi um dia uma canção cuja melodia me agarrou sem pedir licença. Isso há-de ter acontecido por volta dos meus 10 anos, quando comecei a descobrir a música de uma outra forma, a perceber que as canções podiam despoletar emoções e sublinhar momentos de forma quase perfeita. Foi o caso, quando esse tema de Dylan apareceu na rádio.
Era de noite e "Lay Lady Lay" surgiu quase no final da viagem de regresso a casa, perfeito remate para um dia cheio de azul de mar ou de verde de serra, já não consigo precisar, mas certamente feliz como foram a maior parte dos meus dias de infância. Fiquei tão arrebatado pela canção que despertei do embalo do carro e coloquei-me em posição de alerta para não deixar escapar o nome que o locutor deveria certamente dizer daí a nada. Só que o meu pai, que não tinha percebido que eu estava a aguardar ansiosamente que o locutor falasse, estacionou o carro e desligou o motor, desligando também o rádio. Quando lhe implorei que o voltasse a ligar, já o locutor estava a anunciar a próxima canção. Não descobri nesse dia quem era Dylan ou que o tema em causa tinha por título "Lay Lady Lay".
Apesar de nas semanas seguintes ter andado atento ao programa em que tinha ouvido aquela canção, não a voltei a ouvir. Anos mais tarde voltei a cruzar-me com ela por instantes, de novo na rádio, mas mais uma vez não consegui perceber nem o nome do autor nem o título da canção. Mas por alguma razão, na minha memória gravei a melodia, o refrão e parte da letra - ou pelo menos o que eu entendia ser a letra: não esquecer que os Everly Brothers recusaram a canção oferecida por Dylan antes da edição de Nashville Skyline por terem pensado que ele cantava " Lay lady lay / Lay across my big breasts, babe ", equívoco só comparável ao de quem pensava que Hendrix cantava "E xcuse me while I kiss this guy "... Talvez eu já soubesse que a vida dá voltas e que é sempre possível voltarmos a cruzar-nos com certas canções noutras curvas da vida. E assim foi.
Anos mais tarde, em 1990, já nestas andanças do jornalismo musical, recebi para crítica uma caixa antológica de quatro CDs dos Byrds. A meio do terceiro CD tive uma enorme surpresa e reconheci "Lay Lady Lay" como a canção que procurava há anos. Percebi imediatamente que aquela era uma outra versão, mas a ficha artística do disco permitiu-me chegar muito rapidamente até ao autor e daí até à sua gravação original de "Lay Lady Lay". Poder finalmente ter essa canção em meu poder significou acrescentar à minha colecção uma espécie de cápsula do tempo e ouvi-la leva-me sempre até ao banco de trás do primeiro carro dos meus pais, a minha primeira janela para o mundo, muitos anos antes da internet, da TV por cabo e de todas essas coisas.
A minha filha hoje não teria esse problema. Terá certamente no seu telemóvel uma aplicação que desvenda automaticamente estes mistérios e que não só lhe revela o título e os autores das canções que lhe captam a atenção, como provavelmente lhe coloca a opção de compra à distância de um simples click... Ainda haverá canções capazes de nos perseguirem e assombrarem assim durante tanto tempo neste tempo sem segredos?

Yanni

 

Horacio Guzman: as memórias dos habitantes de Barcelona

 

 

Horacio Guzman embarcou numa verdadeira aventura pela cidade de Barcelona. Objectivo: encontrar e fotografar a pessoa mais velha, revelando as suas memórias de vida. Em “ Timeless memories”, o fotógrafo espanhol conhece não só Ana Maria (prestes a completar 109 anos) como outros habitantes, protagonistas de vidas extraordinárias. As imagens deste projecto juntam fotografias de um passado jovem às mãos actuais envelhecidas pelo tempo.

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"Apaixonei-me pela fotografia, a partir do momento que tirei a primeira imagem”. O espanhol Horacio Guzman soube que tinha encontrado a sua vocação. Através dela, podia agora registar e imortalizar aquilo de que mais gostava: pessoas.

Em Timeless memories, o fotógrafo lançou-se numa extraordinária aventura pela sua cidade-natal. Horacio queria encontrar a pessoa mais velha de Barcelona e fotografá-la. O objectivo porém, não se prendia só com tirar um simples retrato. Era importante captar também as suas memórias de vida. Saber o caminho que um passado jovem tinha percorrido, até chegar a um presente envelhecido pelo passar dos anos.

Durante semanas fotografou vários habitantes, com muitas e diversas histórias para contar. Um dia pensou ter acabado a sua busca, quando conheceu Matilde, que tinha 101 anos. Mas no dia seguinte levaram-no até Ana Maria. No próximo mês de Julho, esta barcelonesa vai festejar o seu 109º aniversário.

A forma original que o artista encontrou para juntar “estas vidas” foi registá-las na mesma imagem: o passado (já) vivido e os dias actuais. Cada um dos 11 protagonistas mostra uma fotografia da sua juventude ao lado das suas mãos no presente. Conheça as vivências de cada um neste emocionante projecto de Horacio:

1) Cristina tinha 21 anos quando lhe foi tirada esta fotografia. Toda a vida trabalhou naquilo que adorava: era cabeleireira. Hoje tem 65 e infelizmente já deixou a profissão. Tem a mão direita praticamente paralisada;
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2) Josefa, hoje com 77 anos, tinha apenas 7 na fotografia. Trabalhou durante muitos anos numa loja e adora estar com os seus bisnetos;
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3) Uma chinesa em Barcelona. Chu Ju já vive na cidade há mais de 45 anos. Tem actualmente 80, mas pouco fala espanhol. Gosta especialmente de jogar bingo e de pássaros. Na imagem tinha 23 anos;
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4) Maria Josefa tinha 20 anos no retrato que mostra. Sempre foi dona de casa. Hoje com 83, relembra alguns dos dias mais felizes da sua vida: quando casou e quando nasceu a sua bisneta;
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5) Maria Rosa tem também 83 anos. Na fotografia, acabara de atingir a maioridade, 18. Trabalhou num bar e não pôde continuar os seus estudos por causa da Guerra Civil Espanhola. Quando o seu filho nasceu, foi o dia mais feliz da sua vida;
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6) Toni tinha 23 anos. Actualmente já vai nos 83. Trabalhou numa frutaria e sempre foi muito activo: gosta de passear e andar a pé. O dia que mais recorda foi quando casou;
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7) Maria tem 84 anos. Teve muitos empregos ao longo da vida, mas trabalhar numa loja de roupa foi o que mais gostou. Na imagem tinha 19 anos;
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8) Benita, de 86 anos, tinha apenas 8 quando foi fotografada. Sempre foi dona de casa e pouco frequentou a escola, como Maria Rosa, porque a Guerra Civil Espanhola não o permitiu;
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9) Antonio tinha 22 anos. Hoje, tem 88. Foi pintor e não esquece o dia 25 de Janeiro de 1939: com fome e escondido num abrigo para escapar à guerra, viu um homem deixar fora uma caixa de madeira. Decidiu ir buscá-la e, para seu espanto, estava cheia de carne em bom estado de conservação. Agarrou-a e correu para casa, onde estava a família.
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10) Matilde já ultrapassou uma centena de vida: tem 101 anos. Foi designer e costureira de camisas e tinha apenas 1 ano na imagem;
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11) Nascida a 23 de Julho de 1902, Ana Maria está prestes a completar 109 anos. Dona de casa, diz que o segredo para uma vida tão longa “é ser feliz”. No retrato, já tinha 80.
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terça-feira, 28 de junho de 2011

Salif Keita - Folon

 

 

 

 

Havaianas, as chinelas do povo

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Elas são colecionáveis, adoráveis e conquistaram os brasileiros. As Havaianas se tornaram necessárias como uma peça de roupa e levaram o Brasil para os pés do mundo inteiro.

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Algumas propagandas são marcantes. Relembram sua infância ou algum momento específico da sua vida. Fazem você decorar a músiquinha e ficar cantando por horas a fio. Uma propaganda pode encantar e conquistar um consumidor ou fazê-lo odiar o seu produto por anos.

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Algumas são ótimas a ponto de sempre virem à cabeça, fazem parar para prestar atenção, mas quando você vai contar a alguém começa com uma frase como “não me lembro de qual produto é...”. Uma pena! A propaganda não atingiu o seu principal objetivo, que é fazê-lo lembrar nas horas de suas compras.

O sonho de todo publicitário é transformar o nome da marca de seu cliente no “nome do produto”, como acontece com Coca-Cola, Bic, Xerox, Gillete. É só dizer essas marcas que com certeza elas já aparecem em sua mente.

E o que você lembra com as frases: “As legítimas” ou “Todo mundo usa”? Quais as chances de alguém não ter rapidamente pensando nas Havaianas? Sim, elas mesmas. Há quantos anos estão na vida dos brasileiros? E quanto já cresceram de lá para cá! Não? E que atire a primeira pedra quem nunca usou uma na vida!

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As Havaianas, da empresa Alpargatas – também detentora das marcas Mizuno, Rainha, Topper, Sete Léguas, Dupé, Meggashop e Timberland -, surgiram no Brasil no ano de 1962. A inspiração veio da sandália japonesa chamada Zori, aquela feita com tiras em tecido e solado de palha de arroz (sim, aquelas mesmas dos filmes usadas com meias) e é por isso que sua sola de borracha reproduz o desenho dos grãos.

E foi já nos anos 70 que o slogan “Havaianas. As Legítimas" surgiu. Nos anos 80, eram vendidos mais de 80 milhões de pares por ano. Para se ter uma ideia, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nessa década os brasileiros eram pouco mais de 119 milhões. E as Havaianas tanto faziam parte da vida dos brasileiros que foram considerada como um dos itens da cesta básica, assim como arroz e feijão.

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Em 1994 veio a grande transformação da marca. Famosos como Malu Mader, Bebeto, Hortência e Luana foram à televisão com o slogan “Havaianas. Todo mundo usa.” Três anos depois, o produto não parou de se reinventar com novas cores, estampas e modelos. E em 2000 elas desembarcaram em solo internacional. Havaí, França, Austrália...

Hoje, podem ser encontradas em mais de 60 países, com uma casa só sua em Nova York e um escritório próprio e equipe de diversas nacionalidades em Madri. As Havaianas frequentam vitrines badaladas e são ora ou outra mostradas como case study.

Havaianas são jóia – literalmente, com acabamento em outro de 18k e diamantes -, fazem moda e ampliaram sua gama de produtos, que vão agora de tênis a bolsas. Não é raro encontrar celebridades internacionais com um par em seus pés, dadas como lembrança de casamento ou mesmo mulheres casando com uma no lugar dos tradicionais sapatos. O slogan “Todo mundo usa” define bem o que a marca conquistou.

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Top Mix

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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Rodrigo Leão - Cinema - L'inspecteur

 

Glamour...

não se compra, não se ganha... ou se tem, ou não. Entre outros, o álbum Cinema, de Rodrigo Leão, entra também nesta definição. Belíssimo...

Rodrigo Leão - Cinema - L'inspecteur

 

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A última sessão fotográfica de Marilyn Monroe

 

 

Em três dias e três noites, o fotógrafo nova-iorquino Bert Stern tirou mais de duas mil fotografias à diva do cinema, Marylin Monroe. Numa suite, num hotel de luxo em Los Angeles, a actriz cedeu-lhe o privilégio de ser o último para quem pousava. Seis semanas depois era encontrada sem vida e estas imagens, captadas há quase cinquenta anos, continuam a dar a volta ao mundo em inúmeras exposições.

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A suite 261 do Hotel Bel-Air, em Los Angeles, e três garrafas de champanhe Dom Pérignon de 1953 foram as duas exigências que a estrela de cinema Marylin Monroe impôs a Bert Stern para se deixar fotografar.

Mal imaginava o nova-iorquino que ao aceitar estas condições estaria não só frente-a-frente com a mulher que tanto ambicionava conhecer, como seria o último a fotografá-la. Em 1962 e com apenas 36 anos de idade, Norma Jean Baker( o seu verdadeiro nome) já tinha deixado de lado a imagem que conquistara tantos admiradores.

Ou talvez não. Em “Os Inadaptados” (1961), de John Huston, a personagem da actriz curiosamente tem uma fala em que diz: “Todos pensam que sou alegre”. E, na vida real, era mesmo isso que acontecia. Todos idealizavam uma Marylin feliz, sem dramas nem problemas, porque afinal isso só acontecia ao comum dos mortais. Ela era uma diva, uma das mulheres mais bonitas do planeta, mas não era uma mulher real aos olhos do público.

Bern Stern não era excepção. O fotógrafo, hoje com 82 anos, era conhecido pelos seus trabalhos na moda e em publicidade, tendo também sido o autor de algumas cenas fotográficas do filme “Lolita”, de Stanley Kubrick. E queria conhecer Marylin. Queria despi-la e registar esses momentos. Durante três dias, foram tiradas mais de duas mil imagens. Sessenta estão agora expostas no Centro Cultural de Cascais (Fundação D.Luis I), depois de terem passado por São Paulo, Londres, Paris e Seul.

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Voltando à sessão. Com cinco horas de atraso, a actriz chega finalmente ao hotel. E, pouco a pouco, Bern vai conseguindo relaxá-la - ele e os copos de champanhe - e disparando os flashes. Já sem qualquer roupa, Marylin deixa-se fotografar em diversas poses por entre os lençóis e o chão da suite. Até que, a dada altura, acaba por adormecer. As garrafas de Dom Pérignon iam ficando cada vez mais vazias.

Mesmo assim, a sessão do fotógrafo não abala a eterna imagem de Marylin. Tinha sido operada ao abdómen, tinham-lhe tirado a vesícula, mas não quis disfarçar a cicatriz, como Bern lhe tinha sugerido. Queria mostrar “a sua imperfeição”. Esse seu lado, que muitos se recusavam a aceitar. Apenas seis semanas depois, foi encontrada morta, nua (como na última sessão), pela enfermeira pessoal. Os testes confirmaram que estava sob o efeito de drogas (um dos problemas com os quais se debatia no dia-a-dia), mas ainda persistem as teorias de uma possível conspiração da CIA, pela sua ligação aos Kennedy.

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Publicadas ainda em 1962 na revista Vogue, as fotografias só viriam novamente a ser vistas no livro “The Last Sitting”, em 1982. Marylin Monroe, que (aparentemente) tinha tudo para ser feliz, afinal não o era. Uma imagem de perfeição que lhe atribuíram, uma lenda que criaram, levando-a à depressão e ao caos pessoal. Um retrato que não condiz com a simplicidade e ingenuidade das suas imagens. Talvez seja por isso que a realidade ficava atrás dos bastidores.

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domingo, 26 de junho de 2011

Conhece Penn Badgley? Ele vai ser Jeff Buckley no cinema -

Conhece Penn Badgley? Ele vai ser Jeff Buckley no cinema

Ator da série Gossip Girl foi o escolhido para representar o falecido músico no grande ecrã.

Penn Badgley, conhecido pela sua participação na série Gossip Girl , foi o ator escolhido para desempenhar o papel de Jeff Buckley no cinema. O filme intitulado Greetings from Tim Buckley não é, no entanto, o mesmo que será produzido pela mãe do falecido músico e que poderá contar com James Franco ou Robert Pattinson no papel principal.

O filme centra-se na relação de Buckley com o pai, o também cantor Tim Buckley, e retrata a vida de Jeff até ao momento em que cantou as canções do falecido pai num espetáculo em 1991. As filmagens começam em agosto em Nova Iorque.

O resto do elenco ainda não é conhecido, mas Badgley já falou sobre o filme: "Desempenhar o papel de um homem tão talentoso, que era também bastante incompreendido e que se tornou num mito... É algo muito especial e sagrado. Vou dar tudo o que puder a este projeto".

Geografia da Itália

Geografia física da Itália

Mapa da Itália

 

A Geografia da Itália é um domínio de estudos e conhecimentos sobre as características geográficas do território italiano.

A península Itálica está no sul da Europa, onde predomina o clima temperado mediterrânico. É limitada ao norte pelos Alpes e ladeado a oeste pelo Mar Tirreno e a leste pelo Adriático. A República Italiana é constituída, além da península, por várias ilhas, das quais a Sicília e a Sardenha são as maiores.

O território italiano tem uma superfície de 301.401 km², com um comprimento máximo de 1.300 km, e uma largura de 600 km. Este território é equivalente ao território do estado do Rio Grande do Sul e portanto vinte e oito vezes menor que o território do Brasil

Estende-se no centro do mar Mediterrâneo, tendo ao sul e ao oeste duas grandes ilhas: a Sicilia e a Sardenha. Ao norte da Sicília situa-se o arquipélago das Eólias, composto pelas pequenas ilhas vulcânicas de Stromboli, Lipari, Vulcano, Alicudi, Filicudi, Salina e Panarea.

O país é delimitado ao norte pelos Alpes, que se estendem em amplo semicírculo por cerca de 1.300 km, e compreendem as montanhas mais altas da Europa: o Monte Branco (com seus 4.810 m), o Monte Rosa (4.638 m) e o Monte Cervino (4.478 m).

O país faz fronteira a noroeste com a França, a norte com a Suíça e a Áustria e a nordeste com a Eslovénia.

No extremo ponto ocidental do arco alpino, começam os Apeninos que se estendem ao longo da península por cerca de 1200 km, alcançando a altitude máxima no Gran Sasso d'Italia (2.924 m).

Delimitada pelo arco alpino ao norte e pela parte setentrional dos Apeninos ao sul, estende-se por 46.000 km² a Pianura Padana, a maior planície da Europa Meridional. Ela deve seu nome ao maior rio italiano, o "" (652 km), que percorre em todo o seu comprimento. Outros rios importantes são o Adige (410 km), o Tibre (405 km) e o rio Arno (224 km).

Numerosos são também os lagos; entre eles o de Garda (370 km²), o Maggiore (212 km²), o de Como (148 km²) e o Trasimeno (128 km²).

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Itália

Corno Grande, o pico mais alto do Gran Sasso.

A Itália possui um relevo variado. Tem altas cordilheiras ao norte, com o ponto culminante, o Monte Branco com 4810m. Possui montanhas altas ao longo da península, com os Apeninos que formam o esqueleto da Itália. Também possui planícies, como a do rio Pó. Dois vulcões activos existem no país: Etna e Vesúvio.

  • Apeninos

Os Apeninos (em italiano: Appennini) estendem-se por 1000 km do norte ao sul da Itália ao longo da costa leste, formando a coluna dorsal do país. Deram seu nome à península Apenina ou península Itálica, que forma a maior parte da Itália. As montanhas são verdes e arborizadas, apesar de um lado do pico mais elevado, o Corno Grande (2912 m), ser parcialmente coberto pela geleira mais meridional da Europa. As elevações mais a leste, perto do Mar Adriático, são abruptas, enquanto que as do oeste formam uma planície onde se localizam a maior parte das cidades históricas italianas.

  • Gran Sasso

Gran Sasso (em português: pedra grande), é um maciço localizado na região de Abruzos da Itália central. Também é a peça central do parque nacional chamado Parco Nazionale del Gran Sasso e Monti della Laga (estabelecido em 1991). A cidade mais próxima é L'Aquila. O pico mais alto de Gran Sasso é Corno Grande, com 2.912 m de altura.

  • Planície do Rio Pó

É o maior rio italiano, passando por muitas cidades importantes, incluindo Turim, e ainda nas proximidades de Milão – nesta última cidade o rio penetra em uma rede de canais chamados navigli. Perto do fim do seu curso, o rio dá lugar a um grande delta, com centenas de pequenos canais e cinco cursos fluviais principais, chamados Po di Maestra, Po della Pila, Po e Gália Transpadana (ao norte do Pó). Em italiano, o vale é chamado de Pianura Padana.

Imagem de satélite da Geografia da Itália como vista do espaço, é também uma espécie de retrato do país europeu.

Clima

O clima da Itália pode variar de região para região. O norte italiano (Milão, Turim e Bolonha) tem um clima Continental, quando abaixo de Florença apresenta o clima Mediterrâneo. O clima das áreas litorâneas da península é muito diferente do interior, particularmente nos meses de inverno.

As áreas mais elevadas são frias, úmidas e frequentemente recebem a precipitação de neve. As regiões litorâneas tem um clima Mediterrâneo típico com invernos suaves e verões quentes, geralmente secos. A região alpina é marcada por um clima frio de montanha, com invernos rigorosos e verões um pouco menos frios. Stelvio, por exemplo possui médias de -12 °C de inverno e 5 °C de verão. Há diferenças notável nas temperaturas, sobretudo durante o inverno: em certos dias em dezembro ou janeiro pode-se nevar em Milão a -2 °C, quando em Palermo ou Nápoles as temperaturas então em +17 °C. Certas manhãs Turim pode amanhecer com -10 °C, quando no mesmo tempo Roma se encontra com +6 °C e Reggio Calabria +12 °C. No verão a diferença é mais clara, a costa leste não está tão úmida como a costa ocidental, mas no inverno está geralmente mais fria. Nos meses de inverno os Apeninos recebem neve regularmente.

Neve na cidade de Pavia.

A Itália é sujeita a condições altamente diversificadas no outono, inverno, primavera, quando o verão é geralmente mais estável mesmo nas cidades do norte, como Turim, Milão, Pavia, Verona ou Udine podem vir chuvas durante o dia. Já abaixo de Florença o verão é tipicamente seco e ensolarado. Entre novembro e março o Vale do Rio Pó é frequentemente coberto pela neve, sobretudo a zona central (Pavia e Cremona). A neve é algo completamente comum entre dezembro e fevereiro em cidades como Turim, Milão e Bolonha, nos últimos invernos (2005 - 2006), Milão recebeu aproximadamente 70/80cm de neve, Como em torno de 1m, Pavia 50cm, Trento 1,60m, Vicenza em torno de 45cm, Bolonha em torno de 30cm e Piacenza ao redor de 80cm. Geralmente o mês mais quente, é agosto no sul, e julho no norte, nesses meses os termômetros podem marcar 42 °C no sul e 33 °C no norte. O mês mais frio é janeiro, com médias no Vale do Rio Pó de 0 °C, Florença 5 °C/6 °C, Roma 7 °C/8 °C. As temperaturas podem chegar na manhã a -14 °C no Vale do Rio Pó, -5 °C/-6 °C em Florença, -4 °C em Roma, -2° em Nápoles e em Palermo pode chegar a 1 °C.

Hidrografia

Como o território italiano é estreito e comprido, os seus rios não poderiam ser longos em função da posição das cadeias de montanhas onde nascem, ou seja, são relativamente curtos. O maior rio da Itália, que nasce no Monviso e desemboca no mar Adriático, é o , com 643km. Na sua foz ele forma um delta de cinco braços. O Adige, que nasce ao norte, perto do lago de Resia, é o segundo em extensão, com 408km. O Brenta e o Piave nascem nos Alpes e desembocam no mar Adriático. O volume de águas desses rios alcança o máximo na primavera, quando as neves das montanhas se derretem. Essa origem das águas e o solo calcário da maior parte das regiões atravessadas pelos rios italianos propiciam que suas águas sejam muito claras, favorecendo a formação de belas paisagens.

Dos Apeninos, correm para o mar Adriático, o Savio e o Rubicão. Outros rios caudalosos são o Arno (241km), em cujas margens está Florença, e o Tibre (405km), que banha Roma. Na Sicília destacam-se o Simeto e o Salso, e na Sardenha o Tirso. Turistas que percorrem a Itália se surpreendem, muitas vezes, com o leito praticamente seco de muitos rios no período do inverno, pois suas águas são desviadas para sistemas de abastecimento de água das cidades e pequenos lagos na área rural, para utilização na agricultura.

Muitos lagos italianos, principalmente próximos aos Alpes na Lombardia, na região norte, são grandes atrações turísticas, recebendo milhares de visitantes todos os anos, especialmente no verão. Destacam-se os lagos Garda (370km²), Maggiore (212km²), Como (145km²), Lugano, Iseo. No sul da Itália há lagos que ocupam crateras de vulcões extintos (Trasimeno, Bolsena, Vico e Bracciano). Esses lagos compõem belas paisagens, de forte atração turística.

Vegetação

Quanto à vegetação, antes de tudo, deve-se evidenciar a quase nula ocorrência de incêndio na região, e assim o Parque de Sulcis é uma das reservas de bosques mais preservadas da Sardenha. Prevalecem os bosques de azinheiro, sobreiro, as matas, em particular érica e medronheiro. No subsolo, encontram-se o viburno, samambaias, como a Asplenium onopteris L., o polipódio meridional, esplêndida florescência dos cíclames e numerosas espécies de cogumelos.

Nas clareiras ou nas margens dos bosques mais frescos, se encontram freqüentemente cipós como a clematite Vitalba, conhecida como dedaleira vermelha e espécies farmacêuticas como a erva-cavalinha maro ou erva-gata. Nas regiões mais próximas aos torrentes, predominam as matas, tipo oleandro, os bosques de salgueiro vermelho e os bosques de amieiro. Este último na região de Is Frociddus e Perdu Melis, formando verdadeiros corredores de bosques, nos quais os mais freqüentes são o salgueiro de Arrigoniosmunda regale e erica tirrenica. A vegetação muda de lugar para lugar. No sul e centro predomina a vegetação mediterrânea, nas regiões mais altas do Apeninos a vegetação de altitude e no norte as florestas temperadas (árvores de folhas caducas).

Vulcões

Localização dos vulcões da Itália

A Itália possui um grande número de vulcões.

  • O vulcão Etna é o maior e mais activo dos vulcões da Europa. Este vulcão esta cheio de grandes achados arqueológicos e de maravilhas vulcânicas. Está localizado na Itália, ilha Sicília. E no rifte das placas tectónicas euro-asiática e a placa de África. O seu nome vem do grego Aitne, significa "que eu queimo". Tem uma elevação de aproximadamente 11.000 pés (3.350 metros), dependendo das deformações da sua mais recente erupção.
  • O Vesúvio é um vulcão do tipo composto, que expele material em fluxo intenso. Localiza-se em Nápoles, atingindo uma altura de 1.281 metros. Antes da tragédia de Pompeia em 79 d.C., o Vesúvio encontrava-se inativo havia 1500 anos. Só foram iniciadas escavações na região em 1738. Elas revelaram ruas, paredes de edifícios e até pinturas inteiras.

Segundo Lacroix, o Vesúvio é designado "Vulcano-estromboliano» porque às vezes existem explosões com grande produção de cinzas e lava espessa (do tipo vulcaniano) e outras eclodem com magma fluido, poucas cinzas, mas muitos gases explosivos, projectando materiais sólidos (do tipo estromboliano).

Segundo Scarth é "pliniano", porque a sua lava é muito fragmentada e espalha-se por uma grande área, atingindo grande espessura (pode exceder os 100 km3 de volume). A coluna de gases e cinzas pode ter alguns quilómetros de altura. O Vesúvio é um vulcão misto, que se encontra em margens de placas destrutivas (margens convergentes), geralmente associados a arcos insulares e a cadeias de montanhas litorais. O magma, rico em sílica, tem essencialmente origem no material da própria placa. As lavas produzidas são muito viscosas e solidificam rapidamente, formando um relevo vulcânico com vertentes abruptas. Segundo outros autores o vulcão é considerado explosivo, mas tendo em conta que, ao longo do seu período de actividade, ocorreram erupções alternadas, é mais correcto designá-lo por misto.

Sicília - note-se o vulcão Etna: o ponto branco na península a nordeste

As ilhas da Itália apresentam interessantes sistemas montanhosos. A Sicília representa na realidade uma continuação dos Apeninos, além de possuir o único vulcão ativo da Europa, o Etna, com 3400m.

As erupções mais violentas e com as maiores consequências para a população produziram-se no ano de 1669, destruindo parte da Catânia, e em 1928. Sardenha não conta com nenhum vulcão, porém tem como característica o fato de que suas elevações procedem de um antigo maciço, o Tirrénido, que na maior parte encontra-se afundado. Os rios de ilhas são de caráter torrencial e sofrem graves acréscimos no inverno, enquanto que no verão aparecem totalmente secos. Sardenha e Elba também fazem parte das mais importantes ilhas italianas.