sábado, 2 de junho de 2012

Oliver Vernon - Pinturas que deliram o olhar

 

Pinturas que parecem formas de vida coloridas ou cidades futuristas que se expandem e se retraem flutuando no espaço. O Caos que se reordena, a ordem que se desconstroi. Formas geométricas que parecem explodir.

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Abstrato, expressionista, surreal. As formas quebradas, dobradas, espiraladas, que se unem e se separam. Embriaguez para a retina.
Sobre como tornar visual o metafísico, a dualidade, a concepção do cosmos. Eis a obra de Vernon.

Oliver Vernon nasceu em Nova York em 1972. Recebeu seu BFA pela Parsons School of Design em 1995, e atualmente vive e trabalha no Brooklyn. Ele já expôs seu trabalho em cidades de todo os Estados Unidos e internacionalmente. Seu trabalho faz parte de inúmeras coleções, incluindo o Museu Metropolitano de Arte. Oliver Vernon se vale de uma gama variada de influências, desde o expressionismo abstrato, para postar surrealismo pop e do acabamento polido do realismo figurativo.
Formalmente, seu trabalho é sobre a desconstrução e, portanto, a necessária reconstrução do espaço visual. A partir desta dicotomia central, deriva muitos outros: lógica / ilógica / físico / metafísico / prisão / libertação. Suas pinturas vem até nós talvez, como snapshots detalhadas dos poucos milissegundos primordiais quando o modelo do universo estava sendo esculpido dos espasmos finais do caos. Neste sentido, vale tudo. Cada pintura tem o seu próprio conjunto de regras, ou melhor, as regras estão a ser dobrado, quebrado e, finalmente, formado dentro de cada pintura. Cor, forma, energia, arquitetura, o bom, o mal, a carne e a máquina estão à espreita, nunca como entidades físicas, mas como arquétipos transitórios em busca de seus lugares finais no âmbito do cosmos.
Além desta visão macro, o trabalho de Oliver pode ser visto no nível micro também. Podemos ver suas pinturas como representações de como a mente é formada a partir de uma base de pensamento, a razão e a estética, e como essas entidades estão simultaneamente em desacordo e interligadas.

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O "Corvo" de Edgar Allan Poe por Fernando Pessoa

 

O “Corvo” é um famoso poema de Edgar Allan Poe publicado pela primeira vez em 1845, aqui na tradução feita por Fernando Pessoa.
Os corvos são considerados uma das aves mais inteligentes obtendo inclusive altas pontuações em testes específicos de inteligência animal. A simbologia do corvo, ao contrário da águia, é tipicamente européia. Embora haja referências à ele na mitologia antiga dos índios norte americanos. Por sua cor negra é associado a idéia de princípio (noite materna, terra fecundante); por seu caráter aéreo, associado ao céu, ao poder criador, às forças espirituais; por seu vôo, como ave mensageira e por tudo isso, para os povos primitivos, imbuído de grande significação cósmica.

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Há um certo mistério até hoje envolvendo a morte de Edgar Allan Poe. Ele foi encontrado no dia 3 de outubro de 1849 nas ruas de Baltimore, com roupas que não eram as suas, em estado de “delirium tremens” e levado para o hospital, onde veio a morrer quatro dias depois. As causas precisas da morte de Allan Poe nunca foram bem apuradas. Comentou-se que a causa do seu estado poderia ter sido embriaguez, mas nunca foi comprovada. Outras teorias ao longo dos anos também foram cogitadas como diabetes, sífilis, raiva e doenças cerebrais raras.
Em 1994 no filme “O Corvo”, Brandon Lee filho de Bruce Lee, morre acidentalmente durante as filmagens.
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Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

ilustrações de mulheres bonitas

 

 

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Contra todas as expectativas, Jason Levesque começou a trabalhar numa empresa ligada à tecnologia, uma pequena startup dot-com em Williamsburg. Fruto da sua maneira de estar, era vulgar andar de skate por todo o lado a fazer malabarismos e a ultrapassar obstáculos. Por esse motivo, quando adoptou um nome artístico, decidiu fazer jus à forma como as pessoas o viam no dia a dia. Stuntkidé o nome por que é conhecido.

Grande parte do trabalho de Levesque começa com uma fotografia tirada pela sua câmara Nikon. A maior parte das vezes que fotografa, imagina aquele objecto ou cena como uma mera ilustração, tentando abstrair-se de tudo o resto que cause distracção no enquadramento.

Diz que não tem uma motivação para fazer o seu trabalho, o que o separa dos demais artistas e o coloca meramente no mundo da ilustração. Como ilustrador, normalmente tem uma ideia do que pretende fazer, e pensa na forma mais eficiente de a realizar do ponto de vista prático. A maior parte do tempo, Jason diz-se focado em finalizar aquilo que considera um produto, relegando para segundo plano a inspiração.

Na sequência do seu trabalho, Jason lançou um livro chamdo "Girls are Pretty", do qual poderá ver aqui algumas imagens.

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Veneza: uma cidade criada por quem a vê

 

 

Veneza é tema e cenário para narrativas e mitos que marcaram a história. Mais do que qualquer outra, ela foi recriada, ao longo dos séculos, pelos olhares de quem a pintou, escreveu, fotografou.

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© Canaletto, "O Grande Canal e a Igreja da Saúde", óleo s/ tela (1730), Museu das Belas Artes de Houston.

Se não “a mais...”, Veneza é talvez “uma das mais” literárias e representadas cidades da Europa. É, por certo, impossível listar a fortuna literária, artística e histórica cujo pano de fundo é estampado por esta cidade, sempre referida pelos seus canais onde navegam, além de suas célebres gôndolas, mistérios e mitos populares.

Desde o século XV e XVI, a “Sereníssima”, como era conhecida a atual cidade de Veneza, antes uma República pacífica, tinha ares de “recinto de férias e descanso”. As águas que a recortam e perpassam são entendidas como verdadeiros atores de influência em sua cultura, hábitos cotidianos e, inclusive, produção artística. Veneza teve uma produção artística rival da de outra grande República italiana, Florença. Os florentinos defendiam o primado do desenho; já os venezianos contrapunham a supremacia da cor. Há quem diga que tudo isso se deveu a influência do contato direto e cotidiano com as águas dos canais e do mar - que garantiu, por sinal, a soberania econômica desta cidade durante tanto tempo, se comparada às outras províncias da Península Itálica naquela altura.

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Jessica e Shylock, personagens de "O mercador de Veneza", num quadro de Maurycy Gottlieb

O século XVIII, dando agora um salto na História, nos legou a obra de Canaletto, pintor rapidamente recordado pelos delicados e cuidadosos panoramas venezianos. O século XIX, por seu lado, nos deu uma visão duplicada de Veneza: de um lado a cidade surge cercada de mistérios, de histórias assombrosas de afogamentos, de crimes, mas por outro de amores trágicos, de sofrimentos e até mesmo, por vezes, de decadência, visão essa que, de alguma maneira vai ecoar no século seguinte, nas palavras de Sartre e Mann. Basta lembrarmos que, séculos antes, em “O Mercador de Veneza” (1596-1598), de Shakespeare, o drama e a decadência já eram a atmosfera predominante, embora a peça seja considerada uma obra-prima da comédia. Do mesmo autor, em “Otelo, o Mouro de Veneza” (c. 1603) são a inveja e a ruína humana que encontram os seus lugares. Mais tarde, no século XIX, nasceu a Bienal de Veneza (1895), hoje uma das exposições de arte mais importantes do mundo.

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Tintoretto, "Triunfo de Veneza" , óleo s/ tela (1584), Palácio Ducal de Veneza (detalhe).

A alvorada do século XX mostra-nos conscientemente Veneza segundo todo o peso das histórias nas quais a cidade foi assunto, tema ou cenário. Desde Thomas Mann, no início do século, com a "Morte em Veneza", a Sartre, que dedicou à cidade um conjunto de ensaios, entre os quais “O Sequestrado de Veneza”, sobre Tintoretto, pintor que nasceu e sempre trabalhou em Veneza. É deste livro o primeiro dos trechos literários selecionados que seguem.

***

“...em Veneza nada é simples. Pois não é uma cidade, não: é um arquipélago . Como poderíamos esquecer? De sua ilha, você olha a ilha da frente com inveja: ali, há... o quê? Uma solidão, uma pureza, um silêncio que não há, você juraria, do lado de cá. A verdadeira Veneza, onde quer que você esteja, está sempre em outra parte. Para mim, ao menos, é assim. Normalmente, contento-me com o que tenho mas, em Veneza, sou presa de uma espécie de loucura invejosa; se não me contivesse, estaria o tempo todo nas pontes ou nas gôndolas, procurando desvairadamente a Veneza secreta da outra borda. Naturalmente, assim que a abordo, tudo desvanece; me volto: o mistério tranquilo formou-se novamente do outro lado. Há muito me resignei: Veneza está lá onde não estou”.

SARTRE, Jean Paul. Veneza de minha janela. In.: O sequestrado de Veneza. – São Paulo: Cosac Naify, 2005.

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Fotograma do filme de Visconti "Morte em Veneza".

“Finalmente ele o revia, o mais incrível desembarcadouro, aquela deslumbrante, fantástica composição arquitetônica que a República oferecia ao olhar atônito e cheio de veneração dos navegantes que dela se aproximavam – imponência etérea do Palácio, a Ponte dos Suspiros, as colunas à beira d’água com leão e o santo padroeiro, o perfil da fabulosa catedral sobressaindo suntuoso, o portal e o gigantesco relógio, que se deixavam entrever – e, enquanto o contemplava, Auschenbach ponderou que chegar a Veneza de trem, vindo por terra, era o mesmo que entrar num palácio pela porta dos fundos, e que jamais alguém deveria aproximar-se da mais incrível de todas as cidades a não ser de navio, atravessando o mar, como o fizera agora”.

MANN, Thomas. Morte em Veneza. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

“De novo, na imaginação eu te contemplo! Mais uma vez teu vulto se ergueu diante de mim... Não, não como te encontras, no frio vale, na sombra!, mas como deverias estar, dissipando uma vida de sublime meditação naquela cidade de sombrias visões, tua própria Veneza, que é um Eliseu do mar querido das estrelas, onde as amplas janelas dos palácios paladinos contemplam, com profunda e amarga reflexão, os segredos de suas águas silenciosas”.

POE, Edgar Allan.

Natalie Merchant

10,000 Maniacs

 

 Natalie Merchant These days Musica Maniacs Edificio Harmonia Recordacao

Os 10,000 Maniacs iniciaram-se no mundo da música no inicio da década de 80, com um alinhamento que repartia o talento vocal de Natalie Merchant com John Lombardo, Robert Buck, Steven Gustafson, Dennis Drew e Jerry Ausugstyniak. These are days é uma daquelas músicas felizes que inspira recordações.

 

 

these are days you'll remember

never before and never since, I promise
will the whole world be warm as this
and as you feel it, you'll know it's true
that you are blessed and lucky
it's true, that you are touched by something
that will grow and bloom in you

these are days you'll remember

when May is rushing over you with desire
to be part of the miracles you see in every hour
you'll know it's true, that you are blessed and lucky
it's true, that you are touched by something
that will grow and bloom in you

these are the days
that you might fill with laughter
until you break

these days you might feel a shaft of light
make its way across your face
and when you do
you'll know how it was meant to be
see the signs and know their meaning

you'll know how it was meant to be
hear the signs and
know they're speaking to you
to you

Os épicos íntimos de Ane Brun

Sua voz é de um timbre raro e segue canções incongruentes. Ainda assim permanece familiar, encanta com alguma coisa inexplicável, perturba. A norueguesa Ane Brun tem as notas certas que nos fazem mergulhar em alguma nova existência de nossas próprias e íntimas histórias.

Ane Brun

Aos primeiros sons de “The Treehouse Song”, sem aviso, um mundo doce e cheio de brisa aparece. É como se o botão de play tivesse o poder de te transportar para um dia mágico; meio clichê de filme alternativo, mas mágico. Um cão corre na areia, um carro vermelho parado, um amante abandonado, um aneurisma descoberto, um fim doce qualquer. Só algumas descrições e metáforas meio bobas parecem suficiente para falar do paixão fervente e austera que começa a se desenrolar a partir de então.

Ane Brun

O charme nórdico é inegável e, de tempos em tempos, somos brindados com uma nova leva de músicos incríveis que se forma naquela região gelada da Europa. Destes, poucos são descobertos e ganham o mundo mas, quando isso acontece, os efeitos são sempre arrebatadores. A-Ha, Björk e o próprio Sugababes, os grupo Sigur Ros Röyksopp e The Hives, cada qual em seu estilo, atestam a força sonora de países como a Dinamarca e a Islândia.

Ane Brunvoll é um exemplo desses fenômenos que acontecem. Nascida na Noruega, após três discos (sendo o primeiro, Spending Time with Morgan, considerado até o momento como sua obra prima) e inúmeros EP’s oficiais e extra oficiais; Changing the Seasons, de 2008, está sendo o álbum que lhe apresenta ao resto do mundo. Foi a partir dele que conheci os encantos que vão desde as batidinhas da primeira faixa “The Three house song” até a singela valsa “Armour” que parece saída de um conto de fadas. Desde então estou procurando como falar sobre isso sem usar descrições ou metáforas bobas. Falhei e me sinto satisfeita por isso.

Ane Brun

Nas audições, a sensação de que nenhum elemento musical está ali ao acaso é permanente. Os pequenos detalhes que parecem engrandecer cada parte, que conseguem transformar cada faixa em um épico íntimo, uma lenda pessoal. O resultado faz parte de uma esperta habilidade de Ane Brun para articular apelos familiares com um estilo incongruente e raro. O conforto do pop está presente em tudo, mas não disfarça o folk sombrio que remete a um soturno Nick Drake, e a um toque de Piaf que gosta de exibir nas suas tremulações de voz. E na filosofia das canções tudo é brutal e gentilmente congelado nas desilusões do amor e as alucinações do abandono; porque a vida sempre separa, mas sempre - e isso é estranho, é fascinante - sobrevivemos. Às vezes não tão inteiros quanto antes.

As composições e elementos musicais dizem tanto quanto as palavras cantadas e cada música só quer contar da beleza que há no recolhimento da solidão. Ela dá as más notícias de forma doce e hipnótica, e por isso nunca triste. Impossível resistir a essa fantástica e melancólica artista. Para os destemidos, fica a música "The Puzzle", do disco "Changing the Seasons".

A nudez comum por Matt Blum

 

 http://thenuproject.com/

 

“Um corpo nu na frente do espelho. Aquelas dobrinhas adoráveis, a celulite saltando aos olhos e pintas espalhadas em toda sua extensão. Sem maquiagem, nem truques, ali, exposta, pronta para mostrar toda sua beleza natural.” Esse poderia certamente ser o pensamento de uma mulher prestes a ser fotografada por Matt Blum, o fotógrafo da nudez comum. Conheça agora um pouco desse trabalho que faz bem aos olhos mas, principalmente, nos faz valorizar o corpo que temos como ele realmente é.

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© Matt Blum "The Nu Project".

Amar o próprio corpo não tem sido uma tarefa muito fácil atualmente. A cada dia que passa, a artificialidade tem sido mais valorizada, e o que vemos são mulheres de plástico, sambando orgulhosamente com seus silicones em nossa cara. Isso não é necessariamente uma crítica - cada um faz suas escolhas e se ter um corpinho esculpido à base de cirurgias plásticas é sinônimo de felicidade para alguém, não há o que dizer. Mas é fato que a beleza natural anda realmente desvalorizada. Não há como negar.

Em tempos em que os padrões de beleza se tornaram tão artificiais, é sempre reconfortante saber que ainda existem pessoas que valorizam e enaltecem um corpo comum. Sim, com suas celulites e gordurinhas localizadas, uma bunda mais reta ou seios pequenos. Reconhecendo o potencial de beleza natural das mulheres.

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© Matt Blum "The Nu Project".

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© Matt Blum "The Nu Project".

Com esse conceito de valorização do belo natural, Matt Blum começou em 2005, na cidade de Minneapolis, a série The Nu Project. O fotógrafo usa suas lentes para clicar mulheres em momentos cotidianos, sem poses forçadas, maquiagem, efeitos ou glamour. A ideia é mostrar o nu artístico de mulheres comuns. Sem distinção de raça, idade ou classe social, o fotógrafo recruta as modelos através de seu site e faz o trabalho de forma gratuita. O site já conta com três galerias entre cidades da América do Norte e América do Sul - entre elas, São Paulo - e Matt tem a pretensão de lançar um livro com suas fotografias.

O fotógrafo pretende voltar ao Brasil ainda em 2012 e fotografar novamente em São Paulo, além do Rio de Janeiro, Manaus e outra cidade que poderá ser escolhida de acordo com o número de interessadas.

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© Matt Blum "The Nu Project".

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© Matt Blum "The Nu Project".

Matt Blum é casado com a também fotógrafa Katy Kessler e os dois viajam o mundo fotografando casamentos, batizados e sessões diversas, além de fazerem nu artístico, obviamente.

Interessadas em participar da série The Nu Project podem se inscrever no próprio site do fotógrafo. Mas lembrem-se: é necessário ter mais de 21 anos.

Imagens gentilmente cedidas pelo fotógrafo.

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© Matt Blum "The Nu Project".

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© Matt Blum "The Nu Project".

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© Matt Blum "The Nu Project".

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© Matt Blum "The Nu Project".

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© Matt Blum "The Nu Project".

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Are you gorgeous?

 

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Até aos anos 20 o bronzeado era comum apenas nas classes pobres. Jamais uma lady se expunha ao sol. Estar na moda implicava ser-se o mais pálido possível. Por exemplo, no tempo da rainha Elizabeth I de Inglaterra (1533-1603), era usual branquear-se o rosto com compostos de carbonato, hidróxido de chumbo e outros químicos, de modo a tornar as faces de uma palidez extrema - semelhante a porcelana. Todavia, o acumular diário destas substâncias na pele foi responsável por inúmeros problemas de saúde, nomeadamente casos de paralisia muscular.

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No que concerne ao peso ideal - massa do corpo expressa em quilos - ao longo dos tempos as flutuações foram também bastante interessantes e dependeram, obviamente, do estrato social. Se actualmente os modelos do século XVII, pintados por Rubens, quisessem conquistar as passerelles teriam de passar meses e meses de dieta.

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No que ao cabelo diz respeito, há também muito para contar. No século XVIII ninguém se preocupava em mantê-lo cuidado ou sequer limpo. Jamais alguém ousava aparecer em público sem antes colocar a sua bizarra peruca. Este hábito era tão popular e as perucas eram tão grandes e tão sujas, que era comum encontrarem-se ratazanas a viver dentro delas.

Mas, o estereótipo de beleza não reflecte apenas as variações temporais, depende também da localização geográfica. Por exemplo, ainda hoje, na tribo Paduang, no Mianmá, antiga Birmânia, no sudeste da Ásia, a ênfase é dada ao comprimento do pescoço, em detrimento de outras características faciais ou corporais. De acordo com a tradição, por volta dos 3 ou 4 anos de idade as meninas recebem os primeiros anéis para colocar ao pescoço e ano após ano mais anéis são acrescentados. Quando chegam à altura de casar, as raparigas mais belas da tribo são aquelas cujo comprimento do pescoço supera os 25cm.

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No caso dos homens as diferenças também são dignas de registo. Se alguém me propusesse a difícil tarefa de eleger o homem mais bonito da actualidade, vacilaria entre Adam Rodriguez, Anson Mount, Chace Crawford, George Clooney, por serem, simultaneamente, bonitos, atléticos e de um charme...

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Contudo, qualquer um dos supracitados, no século XVIII, poderia, eventualmente, ser considerado como uma aberração da natureza. Neste período, qualquer homem bonito usava peruca, resmas de maquilhagem, litros de perfume e chorar em público era uma prática comum e fundamental para demonstrar o seu cavalheirismo. A este propósito, conta-se que quando o Primeiro-ministro britânico, Lord Spencer Percival, reunia com o Rei George IV para lhe dar as más notícias, ambos se sentavam e choravam compulsivamente.

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Mas ainda hoje se Chace Crawford fosse viver para a tribo Dinka, do Sudão, teria com certeza sérios problemas em arranjar noiva, pois nesta tribo o padrão de beleza ainda se norteia pelo o obsoleto lema - “gordura é formosura”. De acordo com a tradição, anualmente, os homens competem para conquistar o honroso título - “O mais corpulento”. Segundo consta, no final da competição o vencedor fica com a certeza de ser o preferido entre o mulherio, dado que, para elas, gordura é sinónimo de riqueza e poder.