sábado, 26 de março de 2011

JAPÃO

 

O JAPÃO ANTES E DEPOIS

 

 

Passe sobre as fotos da direita para esquerda e vice versa e o poder de destruição da natureza

Celly Campello

 

Celly Campello - Banho De Lua (Tintarella di Luna)
Fui à praia me bronzear, me queimei, escureci
Mamãe bronqueou, nada de sol
Hoje só quero a luz do luar
Tomo banho de lua, fico branca como a neve
Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, oh! Luar tão cândido
Sob um banho de lua, numa noite de esplendor
Sinto a força da magia, da magia do amor
É tão bom sonhar contigo, oh ! Luar tão cândido
Tim, tim, tim,raio de lua, tim, tim, tim, baixando o vento
Ao mundo oh lua, cândida lua vem
Tomo banho de lua, fico branca como a neve
Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, oh! Luar tão cândido
Oh! luar tão cândido

Kirsty Mitchell

Lugares mágicos, criaturas estranhas, cores e coisas improváveis, inexplicáveis. Imagens que parecem vir de dentro dos sonhos. Esses universos e personagens enigmáticas inspiram o trabalho de Kirsty Mitchell, que mergulha numa infância rodeada de fantasia.

kirsty mitchell
Imagem: Kirsty Mitchell

Quando era criança a artista Kirsty Mitchell ouvia sua mãe narrar-lhe contos e estórias infantis. Sua mãe era professora de inglês e ensinou-lhe a apreciar essa rica literatura, estimulando sua criatividade. A menina cresceu e sua imaginação levou-a das folhas amareladas dos contos à criação da série “Wonderland”. Dedicada à sua mãe, a série expõe a maneira particular como a artista filtrou estes universos mágicos.

Kirsty é designer de moda e já trabalhou com figurinos para cinema e teatro. No entanto, sempre esteve envolvida com outras vertentes artísticas - como a fotografia, por exemplo. Na produção de “Wonderland”, Kirsty mostra-se polivalente, elaborando desde a roupa e adereços até a montagem de todo o cenário para as suas fotos.

Com a série, Kirsty pretende mostrar que todos nós podemos viver em um mundo maravilhoso – no “Wonderland” – mas para isso é preciso que abramos os olhos e contemplemos as maravilhas do nosso mundo real. Por isso, todos os cenários da série são lugares absolutamente reais, como os campos de flores, as paisagens com neve ou as árvores incomuns.

Mas essa linda natureza – e as cores que ela produz – muitas vezes nos passa despercebida, pois não temos tempo de contemplá-la. “Preferimos olhar para a televisão a olhar para fora da janela”, diz Kirsty.

kirsty mitchell
Imagem: Kirsty Mitchell

kirsty mitchell
Imagem: Kirsty Mitchell

Os tons carregados e os intensos contrastes são uma das principais características de "Wonderland". A artista explica que o uso da cor para passar uma mensagem é de extrema importância, pois ela empresta à imagem uma aura forte.

Toda a produção da série é muito complexa. A artista conta que algumas fotos demoraram bastante para serem concluídas.

Uma das imagens mais difíceis de compor foi The storyteller, abaixo. Para o figurino na cabeça da modelo, foram usadas mais de mil flores, colhidas na noite anterior à sessão. O vestido, enorme, continha centenas de páginas velhas de livros, exigindo extrema delicadeza no trato, assim como a cadeira em que a modelo está sentada, feita com velhos livros, datados de um século atrás. Estes são pormenores de um trabalho competente, cujo resultado mexe com nossos sentidos.

Wonderland_30and26_2 .jpg

A artista pretende produzir um livro sem palavras – apenas com estas imagens inspiradas nos contos – e espera concluir o projeto até o próximo verão para, por fim, promovê-lo por meio de exposições.

Kirsty Mitchell aprendeu a sobreviver em um mundo criando outro. Aprendeu a usar seu talento a favor da imaginação, dando-nos a ver mundos extraordinários. Mundos de que apenas ouvimos falar quando ainda estávamos naquele lugar chamado infância.

kirsty mitchell
Imagem: Kirsty Mitchell

kirsty mitchell
Imagem: Kirsty Mitchell

kirsty mitchell

sexta-feira, 25 de março de 2011

Kate Winslet, Jodie Foster

22/03/2011

Kate Winslet, Jodie Foster e astros aparecem em imagem do novo filme de Polanski

O site da revista norte-americana Empire divulgou a primeira imagem de “Carnage”, novo filme do diretor Roman Polanski. A foto traz atores bem cotados no mundo do cinema: Jodie Foster, John C. Reilly, Kate Winslet e Christoph Waltz. A história é inspirada em uma peça chamada ”God of Carnage”, sobre dois casais, pais de duas crianças, sendo que uma delas machucou a outra em um parque. Os pais se reúnem para tratar a questão de forma civilizada, mas o ambiente não se mostra tão pacifico quanto esperavam. O filme ainda não tem data de estreia.

Kate Winslet

Kate Elizabeth Winslet nasceu em Reading, na Inglaterra, em 5 de outubro de 1975. Filha, neta e sobrinha de atores de teatro, começou nos palcos aos 11 anos. Logo participou de comerciais e de sitcoms na televisão britânica.
Além de atriz, Kate costuma dublar, gravar áudio-livros infantis e ocasionalmente cantar.
Kate já foi indicada 6 vezes ao Oscar e ganhou uma vez. Como tem apenas 35 anos, não é difícil prever que ela irá alcançar e superar Meryl Streep, como a atriz mais indicada e premiada pela academia.
Esta lista traz 10 filmes de uma carreira que ainda tem muito a crescer.
1. Foi Apenas um Sonho (um filme brilhante sobre conformismo. um jovem casal, nos anos 50, se divide entre viver o sonho de mudar-se para Paris e ter uma vida diferente de seus pais ou viver no subúrbio, com uma vida tediosa, previsível e segura. co-estrelado por seu amigo Leonardo DiCaprio e dirigido pelo marido Sam Mendes, deu a Kate o Golden Globe de melhor atriz, na que é, em minha opinião, sua melhor interpretação até aqui)
2. O Leitor (no verão de 1958, na Alemanha do pós-guerra, um rapaz de 15 anos tem uma relação com uma mulher mais velha, com a qual faz sexo e lê livros clássicos. um dia a mulher desaparece. anos mais tarde, quando ele era um estudante de direito, participa de um tribunal de crimes de guerra, onde ela é uma das principais rés. a interpretação de Kate lhe valeu o Oscar de atriz principal e o Golden Globe de coadjuvante)
3. Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembrança (Jim Carrey descobre que sua ex-namorada recorreu a uma empresa especializada, para apagar todas as memórias da relação que tiveram. desesperado, acaba fazendo o mesmo tratamento, para também esquecê-la. ótimo roteiro de Charlie Kaufman - vencedor do Oscar - e mais uma indicação para Kate)
4. Pecados Íntimos (uma dona de casa frustrada, leva sua filha a uma praça perto de casa, no subúrbio. lá conhece um pai desempregado, que também leva seu filho. os dois acabam se aproximando e, embora casados, têm um caso. em paralelo, um pedófilo - o ex-ator infantil Jack Earle Harley - espreita as crianças. Kate e Jack foram indicados ao Oscar)
5. Razão e Sensibilidade (baseado no clássico de Jane Austen. duas irmãs - Kate e Emma Thompson -, em dificuldades financeiras, mudam-se para o campo e encontram o amor, cada uma à sua maneira. primeira indicação de Kate ao Oscar, como coadjuvante)
6. Titanic (um humilde desenhista americano - Leonardo DiCaprio - e uma bela e rica inglesa, que está noiva, se conhecem e se apaixonam a bordo do luxuoso navio Titanic, que está a caminho do seu trágico fim. um dos maiores sucessos de público da história do cinema, ganhador de 11 Oscars e mais uma indicação para Kate)
7. A Vida de David Gale (um professor universitário - Kevin Spacey -, ativista contra a pena de morte, é condenado pelo assassinato de sua colega de trabalho. às vésperas de sua execução, pede a presença de uma repórter, para quem irá contar, pela primeira vez, sua versão dos fatos. estarrecida com o relato, ela terá pouco tempo para tentar reverter a condenação)
8. O Amor Não Tira Férias (duas mulheres cansadas da vida que levam - Kate e Cameron Diaz - decidem trocar de casa nos feriados de natal. a inglesa vai para Los Angeles e a americana vai para o interior da Inglaterra. este feriado vai mudar suas vidas. uma deliciosa comédia romântica)
9. Iris (o filme conta a vida da romancista e filósofa Iris Murdoch, da juventude até seus últimos dias com a doença de alzheimer, sempre ao lado de seu marido - Jim Broadbent, que ganhou o Oscar de coadjuvante. Kate vive a Iris jovem e Judi Dench na idade avançada. ambas indicadas ao Oscar, sendo Kate como coadjuvante. um filme triste e bonito)
10. Almas Gêmeas (uma jovem inglesa muda-se para a Nova Zelândia, onde fica muito amiga de outra adolescente. elas não se separam, até que seus pais decidem afastá-las. para ficarem juntas tentam fugir e não conseguem, até que decidem matar a mãe de uma delas, mas o crime é descoberto e elas são presas. baseado numa história real e dirigido por Peter Jackson, foi indicado ao Oscar de roteiro. Kate foi escolhida para o papel que a revelou, entre 175 candidatas)

Fotografia

MAGNUM PHOTOS

CUBA

 

 

Cuba–Ibrahim

quinta-feira, 24 de março de 2011

Alezan

Fotografo com muita qualidade

Era uma vez…..

José Sócrates demitiu-se

 

Perguntas e respostas para perceber, sem se ver grego, o que se pode passar, após a demissão de José Sócrates.

José Sócrates pediu a demissão do cargo de primeiro-ministro de Portugal. Era um cenário inevitável depois do que foram as posições tomadas pelos partidos com assento no Parlamento em relação ao PEC IV. A sua rejeição, à esquerda e à direita, correspondeu à exibição de um cartão vermelho (directo) ao primeiro-ministro e às políticas do seu Governo.

Não se pode dizer que José Sócrates tenha sido apanhado em fora-de-jogo, por uma circunstância acidental do confronto. O primeiro-ministro, nos últimos tempos, não procurou sair da posição (irregular) de off-side.

Fez alguma coisa para se colocar em jogo? Ele achará que sim, Teixeira dos Santos, Pedro Silva Pereira também, considerando que se tratava de um mero off-side posicional, mas a verdade é que o Parlamento, não obstante a arbitragem em sinal contrário de Francisco Assis, defensor da tese de que o Governo estava em linha com as exigências de Bruxelas, não foi da mesma opinião e as regras protegem as maiorias.

Sócrates (nome de filósofo e de... futebolista) assemelha-se a um daqueles pontas-de-lança peitudos, que vai a todas, pressiona alto e não desiste, mostrando os pitons ao adversário, se para tal for necessário. Entre o ‘jogo limpo’ e o ‘jogo sujo’, é tudo ‘jogo’, passes de letra e canela até ao pescoço.

Obcecado pela competição, Sócrates não se apercebeu dentro das quatro linhas parlamentares a diferença estabelecida entre ‘adversários’ e ‘inimigos’ políticos. Talvez não seja uma questão de inabilidade, mas é seguramente uma questão de natureza técnica. De vez em quando é preciso passar a bola. Soltá-la ao primeiro toque. Temporizar. Jogar no espaço vazio.

Talvez seja importante perceber por que razão José Sócrates ficou a jogar sozinho. Como os meninos pequenos e mimados, que só querem a bola para eles, o primeiro-ministro não soube capitalizar o reconhecimento do seu talento. Não é normal que um homem da esquerda moderada não consiga estabelecer ‘pontes’ nem à esquerda nem à direita. Nada vezes nada.

É um caso de liderança excessiva? É um caso de obstinação pura. É um caso em que a personalidade ultrapassa, em overlapping, por qualquer uma das alas, o próprio político. Ele acha que não há nenhum treinador no Mundo que lhe possa dar conselhos ou fazer correcções. Bem podem ecoar algumas poucas vozes (respeitáveis) do PS, mas Sócrates não ouve ninguém. É idiossincrático. Tem um invulgar feeling político, um instinto verdadeiramente animal, que lhe permite manter acesa a chama de um raro frenesim. É um líder com uma grande ânsia totalitária. E, como todos os líderes que se julgam capazes de tudo controlar, há um momento em que se perde o controlo. Nem tudo é controlável, mesmo que pareça ser; mesmo que se trate de um jogo de forte sedução e se parta com ele com a ideia de que não há outro resultado possível senão a vitória.

Talvez seja importante recordar que Sócrates assomou quando o PSD se deixou abater por um clima de recreio. Durão Barroso pegou na trouxa. Santana Lopes tropeçou na sua instabilidade anímica. A mudança também parecia ser um imperativo, porque o PSD também fez tudo para merecer ser substituído e ganhar um lugar no banco dos suplentes. O jogo é assim, em democracia. Não se é eternamente titular. E as mudanças tornam-se necessárias.

No futebol, os grandes campeonatos também estão em crise e, no universo da bola, o FMI também vai aparecer, com consequências gravosas. Porque os mecanismos são exactamente os mesmos. Permissividade perante as imparidades. Tolerância perante a desregulação. Falta de verdade. Esquemas paralelos. Muitos a ganhar milhões para outros terem de rapar o tacho.

Os partidos parecem perdidos em campo, tacticamente desordenados, um certo caos, do tipo ‘todos ao molho e fé em Deus’. Não emerge uma referência, Cavaco Silva tenta fazer a transição rápida entre o MI 1 (Magistério de Influência 1) para o MI 2, que é assim uma espécie de meio caminho entre a Rainha de Inglaterra e a Rainha da Jordânia. Uma questão de mera estética (cosmética) ou de falta dela.

Não fiquem dúvidas: nem das responsabilidades efectivas de Sócrates nem da sua capacidade de se levantar, depois de cair. António Costa ainda teve um laivo de rebelião quando tentou jogar a libero (visando Teixeira dos Santos), mas Sócrates não apenas entrou a pés juntos sobre a esquerda e a direita, no Parlamento, tratando os deputados como ‘rapazes pequenos’ (que muitas vezes foram), como ‘secou’ quase totalmente o PS, com uma marcação homem-a-homem de fazer suar as estopinhas.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Martha Medeiros


Quando chegar aos 30
serei uma mulher de verdade
nem Amélia nem ninguém
um belo futuro pela frente
e um pouco mais de calma talvez.
e quando chegar aos 50
serei livre, linda e forte
terei gente boa ao lado
saberei um pouco mais do amor
e da vida quem sabe.
e quando chegar aos 90
já sem força, sem futuro, sem idade
vou fazer uma festa de prazer
convidar todos que amei
registrar tudo que sei
e morrer de saudade."
Martha Medeiros

Frederico Garcia Lorca

 

Pipa

POEMAS

Roger Waters ao vivo no Pavilhão Atlântico, Lisboa

 

Roger Waters ao vivo no Pavilhão Atlântico, Lisboa [texto + fotogaleria] -

Roger Waters ao vivo no Pavilhão Atlântico, Lisboa [texto + fotogaleria]

Triunfo na primeira noite da digressão europeia de Roger Waters com The Wall. Intimista e majestosa, noite no Atlântico encheu as medidas a público e artista.

 

Foi grande e transversal, em termos geracionais, a romaria para assistir, ontem à noite, à primeira visita de Roger Waters a Portugal desde a atuação no Rock In Rio Lisboa, em 2006. Na altura, o músico sexagenário trazia consigo a digressão The Dark Side of the Moon (1973); desta feita, o chamariz foi The Wall , lançado seis anos mais tarde e um dos álbuns rock mais populares de sempre em Portugal, o que explica as duas casas cheias (o enorme Atlântico, em Lisboa, volta a receber Waters na terça-feira, 22 de março).
O espetáculo erigido em torno do duplo The Wall , sabem-nos os fãs mais dedicados e os ouvintes ocasionais, é grandioso: ao fim da primeira música há um avião - réplica de um Stuka, bombardeiro alemão da II Guerra - que sobrevoa a plateia despenhando-se contra o muro e aí se "incendiando" (impõe, confessamos, algum respeito); há uma produção de palco espantosa, cativante e imaculada, e há também uma noção assumida, por autores e espetadores, da importância do disco e do concerto na história do rock. O que mais surpreende, no meio de um espetáculo que se poderia temer megalómano, é então o ambiente quase familiar e acolhedor do serão, com pais e filhos em harmonia, entoando todas as letras e exultando, atentamente, com o foguetório que ia sendo disparado do palco-muro disposto a toda a largura do Atlântico (a propósito: por uma vez a sala provou ser a melhor escolha para receber o espetáculo, não nos tendo nós apercebido das deficiências de som comuns neste local).
Geralmente badalado pela sua conotação política, The Wall é agora, segundo o próprio Roger Waters, citado pelo Atual desta semana, "mais universal que a [produção] original", e à segunda música da noite, "The Thin Ice", surgem imagens do seu pai, Eric Waters, morto na II Guerra Mundial, tal como de civis anónimos (sobretudo do Médio Oriente) desaparecidos nos últimos anos. Na base de tudo, porém, está a viagem quase psicanalítica de Roger Waters, e mesmo no meio de toda a pirotecnia isso transparece. Na frente do palco-muro, trajado de negro (lá atrás esconde-se a banda numerosa e cumpridora), Waters apresenta o seu "bebé", The Wall , com orgulho e "savoir faire", mas também com a fragilidade de quem se debate, perante milhares de estranhos e por vezes até sem a "muleta" do baixo, com fantasmas íntimos.
Por um lado uma gigantesca produção, com o muro a erguer-se durante o primeiro acto e a transfigurar-se no segundo, até à derradeira queda, o concerto The Wall é, ao mesmo tempo, a jornada interior de um homem alienado de um certo mundo e abrigado num outro, ora fantasioso ora distópico. Apesar da grande aclamação de "Another Brick In The Wall" (com as 15 crianças de uma associação cultural da Cova da Moura eufóricas em palco, a dançar e interagir com um dos bonecos de Gerard Scarfe), "Mother", "Comfortably Numb" ou "Run Like Hell", é complicado escolher os momentos altos de um espetáculo que flui com muita naturalidade e consegue ser tão impressionante, a nível visual, como tocante pelo seu conteúdo.
Por exemplo: durante a inescapável "Another Brick In The Wall Part 2", Waters "estreia" dois solos de guitarra, enquanto um curiosíssimo efeito - uma carruagem de metro, qual interminável centopeia - nos implora a atenção dos olhos, percorrendo, veloz, o palco-muro. Segundos depois, é Jean Charles de Menezes, o brasileiro morto pela polícia londrina em 2005, a ser lembrado no mural dos desaparecidos, numa inesperada homenagem. O "ataque" aos sentidos, e ao coração, culmina na primeira interpelação de Waters ao público, simples e afável, lembrando os "inacreditáveis" 31 anos que se passaram sobre os primeiros concertos The Wall e apresentando a belíssima "Mother", na qual contracenou consigo mesmo, graças às imagens de uma atuação dos Pink Floyd em 1981 derramadas sobre o muro, em jeito de sombra.

 

roger waters

 

segunda-feira, 21 de março de 2011

Reencontro



Reencontro

O que almejava, procurei por tempos sem fim.
Fui do céu ao inferno na busca desejada.
Do alto da montanha às profundezas estelares
Do deserto indigesto ao mais perfeito jardim.
Aos deuses clamei prostrada em seus altares
Implorei aos homens um tanto de lucidez
Não houve clemencia de terras, mares e ares
Tempo gasto em promessas e prodígios.
Depois de temores, desencantos, insensatez
Surge minha luz norteando a estrada:
Descobri dentro da alma o ponto de equilibrio
A serenidade que é parte de mim.

-Helena Frontini-

Geoffrey Gurrumul Unupingu and Sting-Every Breath You Take live in Paris

Wiyathul

FERNANDO ECHEVARRIA

VINHAM ROSAS NA BRUMA FLORESCIDA
Vinham rosas na bruma florescida
rodear no teu nome a sua ausência.
E a si se coroavam, e tingiam
a apenas sombra de sua transparência.
Coroavam-se a si. Ou no teu nome
a mágoa que vestiam madrugava
até que a bruma dissipasse o bosque
e ambos surgissem só lugar de mágoa.
Mágoa não de antes ou de depois. Presente
sempre actual de cada bruma ou rosa,
relativos ou não no espelho ausente.
E ausente só porque, se não repousa,
é nome rodopio que, na mente,
embruma a brisa em que se aviva a rosa.
FERNANDO ECHEVARRIA

Ruy Mingas–Angola