sábado, 23 de outubro de 2010

HELENA FRONTINI

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Limbo

Estou dolente em compasso de espera.

Não sei se fico ou se vou mundo afora.

Há tanto a ser vivido, sentido, realizado

E eu amarrado e perplexo nesta esfera.

Numa redoma dourada que me sufoca

Ao revés de meu sonho vaticinado...

Sair significa tentar o que ficou olvidado

Abrir mão de minha comodidade certa

Deixar o itinerário tantas vezes seguido.

À procura de meu destino amortalhado

Tão desejável quanto uma porta aberta

Ao mundo que me trás escondido.

-Helena Frontini-

Tributo á minha amiga Carol

 

 

 

 

 

 

Boa noite!
"Um sonho começa a ser realidade quando
homens e mulheres sonham juntos,
olham para além das limitações
e ousam caminhar caminhos novos,
às vezes pedregosos,
às vezes escorregadios,
sempre desafiantes.
Não obstante, nenhuma dificuldade,
nenhum obstáculo é mais angustiante
do que se caminhar solitário...
sem mãos que se tocam,
sem ombros que se apóiam,
sem olhos que se olham..."
Te adoro, bjs.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Uma simples árvore morta

 

Kevin Day arvore morta

Um olhar foi suficiente para que o fotógrafo inglês Kevin Day ficasse intrigado. Uma simples árvore morta o provocou e inspirou espiritualmente. Ele não sabe explicar o motivo de ter sentido fascinação pela árvore, no entanto, acredito que tal sentimento é justamente aquele que abriga o prazer de se apreciar o belo. E Kevin Day, visivelmente, tem uma ideia particular acerca deste conceito. Para o fotógrafo, o belo é uma antiga árvore, uma amiga – como ele mesmo a chama – localizada na pequena aldeia de Middlegreen, em Slough – uma cidade do Condado de Berkshire, no sul da Inglaterra.

O que para alguns é insignificante, para outros é a manifestação do belo. Kevin se apropriou do belo, neste trabalho, das duas formas que a filosofia tem vindo a explorar ao longo dos tempos: o belo clássico, como idéia pré-estabelecida de estética, uma visão racional que identifica simetria, harmonia e equilíbrio - idéia universal e imutável; e o belo subjetivo, romântico, da experiência particular de cada um, como manifestação que desperta prazer no observador, independente de pressupostos de beleza - relativo, variável.

Kevin Day arvore morta

Kevin Day arvore morta

Kevin observa a árvore com tanta paixão que tratou de fotografá-la por diversos ângulos e por muito tempo. Acompanhou as mudanças naturais de todos os elementos da cena. E a cena onde a árvore se encontra é um exemplo do conceito bifurcado do belo. Nela, existe a beleza objetiva e subjetiva. A beleza estética está no enquadramento natural de um ambiente selvagem e vivo. Uma beleza exposta no tamanho da árvore seca, que protagoniza uma imagem campestre e decora a margem de um rio que passa por ali, ora transbordante, ora minguado. A árvore também adquire um aspecto misterioso em meio à névoa sazonal. No nascer e pôr do sol, a sua sombra torna-se muito imponente, com seus galhos graúdos. A vegetação ao redor possui uma coloração rústica e, por causa da luz do sol ou da lua, deixa-a com um clima, muitas vezes, poético – eis a beleza subjetiva, aquela que apela às paixões.

Em cada foto, Kevin faz transparecer uma sensação diferente. Há fotografias que evocam temas como solidão, morte, decadência, honestidade, dor, insignificância, beleza, mistério, entre outras.

Ao observar o ensaio, a primeira impressão é de que são fotos de lugares variados, tamanha a diferença da paisagem de tempos em tempos. As fotografias de Kevin transformam aquela simples árvore seca em um quadro em branco que ostenta somente aquela árvore a esperar que o tempo, o clima e a visão apaixonada do artista se encarreguem de complementar e enriquecer a pintura.

Mas mesmo que sugira e explore várias interpretações, o belo não pode ser definido. Ele é apenas uma palavra inventada para quando o homem não sabe expressar seu prazer por mais nenhuma outra.

Kevin Day arvore morta

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Diane Birch

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Madredeus

 

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Madredeus anunciam fim (outra vez) 
Banda revela que, ainda este mês, lançará o terceiro e derradeiro álbum da encarnação Madredeus & A Banda Cósmica. "Falta de meios" na origem da decisão.
Os Madredeus anunciaram o final da "encarnação" Madredeus & A Banda Cósmica.

Em comunicado, o grupo revela que o seu terceiro e derradeiro álbum, Castelos na Areia , sai no próximo dia 25 de outubro.

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O último disco dos Madredeus, nas lojas este mês

Castelos na Areia completa "a trilogia dos Madredeus com a Banda Cósmica", lê-se no mesmo documento. Em 2008, este grupo, formado após a partida da vocalista Teresa Salgueiro, editou Metafonia , em 2009 Nova Aurora e, no mesmo ano, o DVD Ao Vivo no Teatro Ibérico .

De Castelos na Areia constam, ainda segundo o comunicado, "11 temas - baladas, grooves, dramas e desafios, num disco pensado e destinado a ser divulgado por uma rádio progressista".

Na origem da dissolução dos Madredeus & Banda Cósmica, decisão tomada em dezembro de 2009, está a "falta de meios para contratar um grupo tão numeroso  de artistas, uma vez que os concertos não abundam, a rádio e televisão pouco arriscam na divulgação deste tipo de música e a venda de CDs é completamente irrisória".

Os músicos afiançam, no entanto, que "este não será um adeus, mas sim um até sempre, porque os Madredeus têm o poder de se reinventarem como uma Fénix que ressurge das cinzas".

Entre 2008 e 2010 os Madredeus & A Banda Cósmica deram 21 concertos em Portugal, três na Polónia, 2 em Espanha e um no Brasil.

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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dança das mãos


Dancing Hands

Lucinda Williams


Lucinda Williams - West In Stores Now

Lucinda Williams | Myspace Music Videos

Realização da Vida

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Realização da Vida

Não me peças que cante,

pois ando longe,

pois ando agora

muito esquecida.

Vou mirando no bosque

o arroio claro

e a provisória

flor escondida.

E procuro minha alma

e o corpo, mesmo,

e a voz outrora

em mim sentida.

E me vejo somente

pequena sombra

sem tempo e nome,

nisto perdida

- nisto que se buscara

pelas estrelas,

com febre e lágrimas,

e que era a vida.

Cecília Meireles

Mau ou bom que mexeu, mexeu com o môfo

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Do panfleto para a web

Do panfleto para a web – breve história do material de campanha política no Brasil

 

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Ilustração de uma prensa tipográfica. Johann Gutenberg é considerado o inventor da prensa tipográfica – inspirada nas usadas para espremer uvas –, e dos tipos móveis de chumbo fundido (1450) – mais duradouros e resistentes do que os de madeira. Estas duas invenções trouxeram uma enorme versatilidade ao processo de elaboração de todo tipo de material impresso, possibilitando a sua massificação, e revolucionando a troca de informação. A Bíblia foi o primeiro livro a ser impresso e pensa-se que este processo terá demorado cerca de 5 anos. A qualidade deste sistema operacional de impressão levou-o a perdurar, quase inalterado, até 1811.

Na era contemporânea, na qual meios de comunicação ecologicamente limpos – como a televisão, o rádio e a internet – são o carro-chefe para qualquer campanha eleitoral, ver as ruas cobertas de panfletos e os postes abarrotados de cartazes não soa incoerente?

A prensa de Guttenberg é fundamental para discutirmos esta questão. Antes dela, possuir retórica, boa aparência e gesticular bem eram habilidades essenciais para ser bem-sucedido na vida pública. Com o advento, os panfletos se tornaram os principais responsáveis por disseminar ideias porque possuem a vantagem de não demandar nenhum artifício oratório. A produção em larga escala já era possível pouco tempo depois da prensa, mas, por causa do alto custo e da escassez de matéria-prima os impressos só se tornaram populares no início do século XIX.
O Brasil, por sua jovialidade pentacentenária, possui registros de veiculação em massa de informação em papel desde sua fundação como colônia e muitos deles ainda podem ser vistos em museus. Este artifício sempre esteve relacionado com a disseminação de idéias politizadas e contribuiu para a formação de opinião de civis e militares em diversas fases do governo do império até os dias atuais.

 

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Os primórdios da democracia brasileira surgiram com a proclamação da república em 1889, ainda que sob um regime militar, onde movimentos de trabalhadores, religiosos e deflagradores de problemas sociais otimizaram a produção em grande escala de panfletos para que suas filosofias e reivindicações atingissem todos os bairros e as classes econômicas de uma cidade. Tais grupos de disseminação de ideologias, mais tarde, deram origem a associações maiores, como o Partido Comunista do Brasil (PCB) e o Partido Democrático (PD), e incitaram manifestações populares como a Coluna Prestes e a Revolta da Chibata. Tudo isso, é claro, só intensificou a distribuição de material gráfico.

Em 1929, divergências políticas entre as elites dominantes enfraqueceram o poder. Foi a deixa perfeita para que grupos de democratas, representados por Getúlio Vargas, João Pessoa e Júlio Prestes iniciassem caravanas e comícios pelo país, o que resultou na primeira campanha eleitoral brasileira, e, depois, na também inédita tomada do poder pela oposição.

 

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Getúlio Vargas à direita com uniforme militar (1930)

Em meio ao chamado Estado Getulista, a Ação Integralista Brasileira - um partido influenciado pelo fascismo italiano - reivindicou o governo e pode ser considerado um dos movimentos que mais utilizou recursos estéticos para agitação popular. De capacetes verde-oliva a cartazes claramente inspirados no Uncle Sam norte-americano, o material partia para um apelo bastante intimador.

Vítima de jogos políticos, Getúlio Vargas foi forçado a renunciar em 1945. As forças militares também estavam enfraquecidas e o Supremo Tribunal Federal foi encarregado de administrar o país e confirmar a data das eleições seguintes para dali a dois meses. O interesse da população cresceu exponencialmente e houve quase três vezes mais eleitores que nas eleições anteriores. E quanto maior a participação popular, maior foi o volume de material gráfico distribuído.

O resultado foi comemorado pelo militar (mas candidato como qualquer civil) Gaspar Dutra. Venceu o pleito, porém, pouco tempo depois, foi deposto por Getúlio Vargas, que, novamente, contava com vasto apoio popular. Outra vez no poder, Vargas não conseguiu manter-se por muito tempo por conta de pressões oriundas das Forças Armadas. Terminou suicidando-se.

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Jânio Quadros com um vassoura durante a campanha eleitoral

Jingle da campanha de Jânio Quadros: ouvir.

“Viver 50 anos em 5” foi a principal proposta de Juscelino Kubitschek ao ascender ao poder nas eleições seguintes. Prometeu grande crescimento econômico e a construção da nova capital. Cumpriu, mas acabou nem se candidatando à reeleição por envolver-se com uma série de problemas administrativos e denúncias de corrupção. Em seu lugar, elegeu-se um dos maiores propagandistas da história do Brasil: Jânio Quadros. O candidato da oposição ultrapassou os limites impostos pelo marketing eleitoral da época e utilizou uma vassoura como símbolo de sua candidatura alegando que, se eleito, iria “varrer” os males da administração pública. Chegou a distribuir várias delas ao som de seu jingle. Além dos panfletos, broches de metal (que também representavam uma vassoura) também foram utilizados e mostraram o fortalecimento da campanha quando vistas nas lapelas de seus eleitores. Seu mandato foi breve: 8 meses, desistindo por conta de “forças ocultas”.

O desastroso governo de Jânio (que proibiu o uso do biquíni), foi um ótimo pretexto para o conhecido Golpe de 1964, liderado pelas Forças Armadas, que declararam a tentativa de livrar o país da corrupção, restaurar a democracia e a não-proliferação do comunismo na América Latina. Durou cerca de 20 anos, com severas opressões artísticas, filosóficas e ideológicas. Todo o material gráfico deste período não vem de campanhas eleitorais, mas da proliferação de arte politizada e manifestações de livre-pensamento, que pressionavam a volta da democracia. A produção era clandestina pois, se os censores considerassem o material subversivo, seus autores eram imediatamente taxados de comunistas e perseguidos. Se capturados, sofriam torturas ou desapareciam.

A ditadura começou a abrandar em 1985, com a volta da democracia por meio de eleições indiretas. Teve um fim formal com a implementação da nova Constituição, em 1988, que só foi impulsionada por conta de um enorme movimento social intitulado Diretas Já, no qual manifestantes saíram às ruas para clamar eleições diretas. Além do rosto, cartazes, faixas e panfletos invadiram as ruas da capital do país e o poder público acatou a decisão.

Jingle da campanha de Fernando Collor de Mello: ouvir.

As eleições diretas aconteceram em 1989 e, com ajuda de uma campanha jovial, renovadora e com apoio da imprensa, no dia primeiro de janeiro do ano seguinte, Fernando Collor de Mello tomou posse. Incentivou a abertura econômica e a modernização do país, mas deixou a inflação tomar proporções colossais. Usou-se da estratégia de reter o capital das contas bancárias para gerar solidez econômica e abrandar a crise econômica. Tal medida gerou revolta popular, o que culminou em manifestações muito densas, onde cidadãos com os rostos pintados de verde e amarelo (conhecidos como Caras-pintadas) saíram às ruas bradando pelo impeachment, que veio a acontecer. Após o termino do mandato – através de seu vice – novas eleições foram realizadas e Fernando Henrique Cardoso foi eleito e reeleito, implantando o plano real e defendendo uma política neoliberal. A esquerda liderada por Lula (originário das causas sindicais e em contínua campanha desde o restabelecimento das eleições diretas) finalmente chegou ao poder e quatro anos depois também reelegeu-se – sempre utilizando-se mais dos palanques, comícios e vídeos do que material gráfico.

Campanha de Lula para a televisão em 1989 com Gilberto Gil, Djavan e Chico Buarque

A onda do pensamento ecológico ganhou força nos últimos anos e a reciclagem de gerações promove uma constante (e radical) mudança no pensamento comum. Apostar em uma campanha nas ruas à moda antiga pode gerar conflitos com o eleitor ecologicamente engajado e resultar no oposto: a perda de votos. Por outro lado, novos meios de marketing surgem a cada dia e são cada vez mais utilizados, como e-mails, redes sociais da internet e mensagens de texto por celular, mas, até agora, não se mostraram muito eficientes. Por que, mesmo com a sujeira e a poluição visual, o impacto nas ruas ainda gera mais resultados positivos? Não se sabe ao certo, mas pesquisas indicam que militantes a favor de um partido no embate físico e pessoal são considerados mais convincentes pelo eleitor.

O cartaz é um exemplo claro disso: salvo raras exceções, o velho padrão dominante é aquele onde o nome, partido e número de um candidato aparecem sobrepostos à sua foto de busto. Ousar pode significar fugir demais ao clássico e parecer alienado, por isso, ao contrário do que acontece em campanhas publicitárias, na propaganda eleitoral a neutralidade é propositado.

Os países onde a inclusão digital é mais difundida podem antecipar o destino da campanha eleitoral no Brasil. Nas últimas eleições norte-americanas, por exemplo, Barack Obama elegeu-se utilizando artifícios muito perspicazes. Os responsáveis por sua campanha adquiriram bancos com dados de milhões de pessoas e, ao analisar o perfil de cada uma, selecionaram os simpatizantes dos Democratas (partido pelo qual Obama se elegeu) e separaram-nos em grupos aparentemente parecidos, para enviar-lhes uma espécie de newsletter que incluiria apenas propostas relacionadas a seus interesses pessoais. Uma pessoa com um membro de sua família combatendo na guerra do Iraque, por exemplo, receberia um e-mail com as posições do candidato acerca do conflito. Será este intimismo personalizado e ecologicamente engajado o futuro das campanhas eleitorais também no Brasil?

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Paul Gilbert

domingo, 17 de outubro de 2010

ASAS

 

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Asas
Gosto de ver
Os pássaros a voar
Voam , voam
E depois vão-se embora
Fico aqui sozinho
E a noite ainda demora
Ficou o céu vazio
Tão vazio como eu
E azul como aquele rio
E não são só os pássaros
A deixarem-me sozinho
Os sons harmoniosos
De pequenas e únicas sinfonias
Para os meus ouvidos curiosos
Levanto-me lentamente
E sigo o meu caminho
Os pássaros voltam
Não têm mais para onde ir


by Jorge Pereira