sábado, 19 de maio de 2012

O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder

 

O Mundo de Sofia, é a prova de que Demócrito, Aristoteles, Kant, Espinosa, Freud e os outros são fabulosos personagens romanescos. Um thriller filosófico à boa maneira, com a vantagem de possuir uma elegante e inexcedível clareza. O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder  só é comparável ao Nome da Rosa de Umberto Eco.

 

 

Antony and the Johnsons

Antony and the Johnsons anuncian álbum en directo de corte sinfónico

“Cut The World” llegará a principios de agosto
viernes 18 de mayo de 2012Antony and the Johnsons anuncian álbum en directo de corte sinfónico | PlayGround | Lanzamientos Musicales

Antony Hegarty será protagonista este verano por partida doble. Entre el 1 y el 12 de agosto se estará celebrando en el Southbank Centre londinense la 19ª edición del Meltdown Festival, comisariada por él. En esas mismas fechas, los sellos Secretly Canadian y Rough Trade se ocuparán de poner en circulación el nuevo álbum de Antony and the Johnsons, “Cut The World”, un nuevo episodio en “la continua meditación de Antony sobre la luz, la naturaleza y al femineidad”, según su sello.

Se trata de un álbum grabado en directo durante los dos conciertos que Antony and the Johnsons ofrecieron en septiembre del pasado año en el DK Concert Hall de Copenhague, con acompañamiento de la Danish National Chamber Orchestra. Reunirá doce cortes, la mayoría interpretaciones de canciones incluidas en sus álbumes previos (con nuevos arreglos orquestales ideados para la ocasión por Nico Muhly, Rob Moose, Maxim Moston y el propio Antony), aunque también hay lugar para un par de momentos inéditas, como un corte de spoken word titulado “Future Feminism” (puedes escucharlo bajo estas líneas) o “Cut The World”, una de las piezas compuestas junto a William Basinski para el montaje escénico “The Life and Death of Marina Abramović”.

Artista:Antony & The Johnsons

Sello:Rough Trade Records, Secretly Canadian

Género:pop, chamber pop

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Antony and the Johnsons - "Cut the World"
  1. 01. Cut the World
  2. 02. Future Feminism
  3. 03. Cripple and the Starfish
  4. 04. You Are My Sister
  5. 05. Swanlights
  6. 06. Epilepsy Is Dancing
  7. 07. Another World
  8. 08. Kiss My Name
  9. 09. I Fell in Love With a Dead Boy
  10. 10. The Rapture
  11. 11. The Crying Light
  12. 12. Twilight
a

Teu sal

 

 

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Teu sal

No sabor da tua presença
Soando febre
Perfura a parede
No perigo dessa fissura
O fundo da doença do golpe da vaga´
E perdida bravura´
A vida
E a terra dos meus sentidos é água
Num charco de dor
Talhado na garganta do mistério
Na amargura do meu querer.
E quando penso retomar outro rumo
Teu sal torna
E envolvendo-me
Queima construindo
Todas as minhas forças

by Jorge Pereira

David Fincher

Som e fúria: a trilha de Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011)

 

A primeira parceria entre o diretor David Fincher e a dupla Trent Reznor e Atticus Ross rendeu o Oscar de melhor trilha sonora para "A Rede Social" (2010). Descoberta a fórmula, eles retornam com o tenso thriller baseado na primeira parte da trilogia do escritor sueco Steig Larsson. Intensa e precisa, é difícil contemplar, da primeira vez, todos os elementos que compõem este emaranhado caótico que aumenta a tensão a cada nova cena.

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Trent Reznor e Atticus Ross no estúdio.

Enquanto Fincher se responsabilizava pela construção do braço investigativo da história, tema assumido com muita competência como já visto em Seven (1995) e Zodíaco (2007), Reznor e Ross buscavam referências sobre a montagem de uma trilha sem o uso de orquestra. Uma grande oportunidade de mostrar os recursos do som digital. O processo de criação da trilha passou por diversas revisões, testadas próximo da conclusão da produção, quando as cenas já estavam prontas para o filme. Isto ajudou a integrar iluminação, direção de arte e a performance dos atores na escolha de cada detalhe sonoro.

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Rooney Mara como Lisbeth Salander.

Toda composição deve seguir um caminho para contar a história. No caso de Os Homens que não Amavam Mulheres (ou, na versão de Portugal, "Os homens que odiavam mulheres"), Lisbeth Salander (interpretada por Rooney Mara) foi escolhida por Fincher para ser a sinfonia ambulante da trama. Sua presença na tela é o ápice da tensão. Ela é exatamente como a definem no filme: diferente em todos os sentidos. Lisbeth é perseguida por esta sonoridade toda a história. O espectador vibra por ela e sente sua dor, e isto fica maior com os sons que transmitem mais ainda, em harmonia, sua vida em meio ao caos.

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Cartaz do filme "Os Homens que não Amavam as Mulheres".

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Rooney Mara como Lisbeth Salander.

Fincher é bastante detalhista, e espera este mesmo nível de sua equipe. Ele concedeu total liberdade para que a dupla desenvolvesse a trilha. Sua única exigência foi que a dupla fizesse uma versão pesada da música Immigrant Song, do Led Zeppelin, com a voz de Karen O (vocalista da banda indie Yeah Yeah Yeahs). Reznor disse que é fácil “ferrar tudo” quando se mexe em uma música completa e famosa como Immigrant Song. Apesar do receio, eles confiaram na visão de Fincher, criando uma versão forte e energética para usar no trailer e na furiosa sequência de abertura (uma prévia eletrizante de uma história idem).

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David Fincher e Rooney Mara nas gravações.

O frio gélido da Suécia é praticamente um personagem presente ao longo de toda a história. A própria equipe de produção sentiu na pele o clima incrivelmente frio de certos períodos do ano em que raramente se vê a luz do sol. Uma referência para o frio, encontrada por Reznor, Ross e Fincher, foi Tubular Bells. A intenção de Reznor e Ross era descobrir como transmitir o som do gelo, algo tão presente naquela paisagem. A referência encontrada foi este álbum de 1973 do compositor inglês Mike Oldfield. Os sinos de Oldfield (em versão tratada pela dupla) resgatam os sussurros do passado, os segredos enterrados sob a neve. Eles conseguiram captar estes elementos e traduziram em som a atmosfera subversiva e ameaçadora. A trilha não vai apenas completar o ambiente: ela é o próprio ambiente.

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Daniel Craig como Mikael Blonkvist.

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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fragmento de Ausências...(In Releitura)

Fragmento de Ausências...(In Releitura)
Nos lençóis inertes vibra a dor
De sentimentos silenciosos.
Ao som do piano, ouço tua voz
E uma lágrima cai chamando a solidão.
É como se cada nota inspirasse
Em mim uma nostalgia, uma saudade.
Ou um passado distante...
Faço dos meus toques
Saudade de nossos corpos.
Das palavras gravadas na pele
Ecos indeléveis do nosso desejo.
Beijo-te neste lamento,
Onde as palavras saem
À procura do significado
Das loucuras de amor
Tatuadas no meu peito
Intimamente impregnadas
No meu corpo.
__________Vestall Lilith

King Crimson EleKtriK (Live In Japan)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Juan Casas e sua arte realista com canetas

Juan Francisco Casas Ruiz tem a vocação e o olhar de conseguir transferir a realidade para desenhos a partir da técnica com canetas esferográficas comuns.

Juan Casas desenho canetas

Quando nos deparamos com as pinturas de Juan Casas, pensamos que seja apenas uma mera reprodução de uma fotografia em escala maior. Mas, ao observarmos mais de perto, verificamos que toda sua arte é feita com canetas comuns.

Licenciado pela Universidade de Granada de Belas Artes (1999), começou como pintor tradicional. E este início foi de grande importância para que sua criatividade começasse a ganhar asas para o que hoje consegue reproduzir. Tudo começou de uma forma muito sutil. A partir de fotos com amigos tiradas em ocasiões festivas e descontraídas, reproduzia-as com canetas como forma de obter o maior realismo possível. Com o tempo, a prática o levou quase a uma perfeição. Em cada obra chega a utilizar de 14 a 18 canetas e pode levar semanas até a finalização de uma obra.

Juan Casas desenho canetas

O interessante ao observar seus desenhos, além do jogo de luzes, é o movimento que se obtém, que sugere um efeito tridimensional. Sua inspiração são corpos femininos devido à dificuldade em desenhá-los por causa das suas formas harmoniosas e angulares. A base para o desenho começa desde a escolha de uma foto peculiar e caminha para ampliação do mesmo em rascunho em escala maior. Algumas de suas escolhas são apenas a reprodução de olhares, sorrisos ou ângulos inusitados. Esta sensualidade, que é bem explorada pelo artista, é o fator que ajuda em toda esta profundidade que acompanha em seu trabalho.

Ganhador de diversos prêmios, em média chega a vender cada pintura por 3.750,00 euros. Aprecie um pouco mais os detalhes desse artista.

Juan Casas desenho canetas

Juan Casas desenho canetas

Juan Casas desenho canetas

Roxette Listen to your heart 8

RAY CHARLES "Hit The Road Jack"

Blow-up

Blow-up é um longa-metragem recheado de metáforas que incita a uma discussão sobre a representação da realidade pela fotografia. Uma análise dos créditos iniciais mostra o vanguardismo de Antonioni, ao fazer deste mero artifício técnico uma metáfora. Pode parecer entediante, mas não é.

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Alguns filmes das décadas de 1960 e 70 trouxeram à grande tela questões que marcaram a história desde os anos seguintes até à atualidade. Diretores como Miloš Forman (Hair) e Stanley Kubrick (Laranja Mecânica) são hoje referência da crítica por tratarem, anos atrás, de assuntos “nunca tão atuais”, como os próprios críticos contemporâneos dizem. Obras como estas estão imortalizadas e são hoje acessíveis em DVD e outras mídias, caso o espectador não se preocupe com os aspectos legais.

Um destes “diretores visionários” (mais uma vez utilizando os clichês da crítica) é Michelangelo Antonioni, não tão conhecido do grande público e por isso motivo principal deste artigo.

Em 1966, o cineasta italiano estreou (em inglês) sua magnum opus: Blow-up, traduzida no Brasil como Blow-up – Depois Daquele Beijo e em Portugal como Blow-up – A História de Um Fotógrafo. O longa é recheado de metáforas e incita a uma discussão sobre a representação da realidade pela fotografia. Pondera questões como “até onde o que é captado pelo equipamento pode ser realidade?”, “a imagem representada pela fotografia depende inteiramente da interpretação humana?” e muitas outras, que surgem de acordo com a interpretação do espectador (!). Pode parecer entediante, mas não é.

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Blow-up (vou economizar caracteres e utilizar seu título original) não é um documentário. Não contém “especialistas” que nunca se encontraram discutindo um assunto específico. Pelo contrário: é uma narração ficcional baseada num conto de Julio Cortázar, que prende o espectador com personagens cativantes muito bem construídos.

“Filme obrigatório” (mais uma vez o linguajar dos críticos!) para os amantes de artes plásticas, fotografia, cinema, moda, estudantes de semiótica e filósofos de botequim. Confira abaixo o teaser do mesmo:

“Algumas vezes a realidade é mais estranha do que todas as fantasias”, é a primeira frase dita pelo narrador no teaser. É em meio a um paralelo real-fantástico passado na Swinging London dos anos 1960 que o ator David Hemmings vive Thomas (cujo nome não aparece no filme sequer uma vez): um arrogante fotógrafo de moda que, apesar de ser um renomado profissional, tem uma vida conturbada, caótica e aparentemente infeliz. Certo dia, num parque, o personagem fotografa, sem permissão, uma jovem em companhia de um homem mais velho. Esta jovem, incomodada com as atitudes invasivas de Thomas, o segue até sua casa e exige o filme que utilizou (lembrem-se: não havia fotografia digital nesta época!), porém ele lhe entrega um rolo virgem.

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Intrigado com a preocupação da mulher, Thomas revela e amplia as imagens para analisar a sequência, voltando sua atenção para um detalhe de uma delas, que mostrou um indivíduo (seria mesmo um indivíduo?), inicialmente oculto, com uma arma na mão (seria mesmo uma arma?). Tentando obter mais detalhes, Thomas utiliza a técnica do close-up e amplia a fotografia sucessivas vezes até a sua deformação (ato expresso em inglês como blow-up, eis a origem do nome do filme). Por conta deste zoom, a imagem do, digamos, “personagem-surpresa” se distorce em inúmeros pontos granulados (nada de pixels!), o que impede qualquer afirmação.

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Havia realmente alguém ali? Esse alguém apontava uma arma? Isso explica o incômodo da mulher? Ela estava sob ameaça? Ou era o homem mais velho que estava sob ameaça? Seria tudo uma emboscada planejada por ela para assassinar o homem mais velho? Paro por aqui com a sinopse (e as indagações) para evitar reclamações. Antonioni, segundo alguns críticos, é um cineasta “além-Hollywood” – expressão utilizada (pelos críticos!) para classificar filmes que vão além da superfície das telas, aproximando-se mais do conceito de arte do que de entretenimento. Uma das características deste gênero é o uso de metáforas para abordar indiretamente temas mais profundos ou até mesmo considerados tabus para a época de seu lançamento.

Vamos a uma pequena análise dos créditos iniciais de Blow-up, que destacou Antonioni como vanguardista ao fazer deste mero artifício técnico um canal estritamente metafórico para introduzir um conceito-chave ao espectador – ainda que isso passe despercebido pela maioria do público.

A abertura em questão traz informações técnicas do filme ao som do jazz de Herbie Hancock, porém suas letras são vazadas e, através delas, podemos vislumbrar pedaços de uma imagem que ali se esconde, de compreensão muito difícil. Segundos depois, após o título do filme surgir na tela, há uma ampliação do quadro e a imagem subliminar finalmente nos é revelada - porém, por um curtíssimo espaço de tempo: uma linda mulher seminua num telhado que causa alvoroço nos transeuntes (fotógrafos? jornalistas?). Os créditos prosseguem, colocando o espectador outra vez na situação primeira. Todavia, agora que temos conhecimento do todo – ainda que por meio de um flash – conseguimos imaginar o que se passa nos pedaços faltantes.

Essas tentativas de desvendar a cena causam certa sensação de desconforto pelo fato de já sabermos do que trata a imagem, mas não termos certeza alguma, já que nossas suposições se baseiam não na imagem estática de uma fotografia, mas numa imagem em movimento, o vídeo. Afinal, as frações da imagem que estamos a assistir são realmente o que estamos imaginando? Este pequeno detalhe serve como uma perfeita alusão ao que está por vir e, ao ser relacionado com o desfecho do filme, funciona como uma chave para sua compreensão. É a primeira de muitas metáforas sincronizadas e interligadas desta grande obra.

O mundo nunca esteve tão multimídia como hoje. Somos bombardeados diariamente por fotografias, vídeos, cartoons, ilustrações e outras formas de representação imagética da realidade – uma overdose. Antonioni, como todo “gênio do cinema” (outra vez um clichê da crítica) exalta a privilegiação da imagem sobre o mundo real: a metáfora perfeita para a supervalorização dos estímulos sintéticos sobre os naturais.

Antonioni vê o homem do século XX como um prisioneiro das regras sociais que ele mesmo criou, em meio a um novelo de amarras sociais guiado pela inércia ideológica. Estas propriedades, tão comuns nas distopias escritas décadas atrás, relacionam-se de forma explícita com uma das características mais latentes da pós-modernidade: a dominação da comunicação estritamente visual (ou vai dizer que você não viu as imagens e assistiu os vídeos deste artigo?). Blow-up funciona como um registro dos primórdios desta idolatria opticista, seus efeitos colaterais e, quem sabe, uma possível superação. Se não assistiu ainda, faça-o! Qual a sua interpretação?
Fonte: muito do que foi escrito aqui teve como base um capítulo inteiro dedicado ao filme Blow-up no livro À Meia-Luz: cinema e sexualidade nos anos 70, de Paulo Menezes, publicado em 2001 pela Editora USP.