TEMATICA VARIADA, COM MAIOR INCIDÊNCIA NA MUSICA GENERALISTA, E NA FOTOGRAFIA, OBVIAMENTE COMO PILAR DE ESTAS DUAS FORMAS DE ARTE, ESTARÁ A POESIA
Nascido no coração do teatro de vaudeville*, Keaton começou sua carreira artística participando com seus pais, num número chamado Os Três Keatons, em que a grande piada era o desafio dos pais em disciplinar uma criança mal-educada: algo que nos remete à antiga questão de saber se é a arte que imita a vida ou a vida que imita a arte.
No caso de Buster, percebemos que a vida imitou a arte e sua jornada fluiu naturalmente, entre tombos, quedas, sustos e várias características comportamentais tão naturais a qualquer criança. Tornou-se um dos maiores artistas e humoristas do cinema mudo e de sua época.
Aos 21 anos de idade, com o encerramento da carreira de seu pai (que se tornara alcoólatra), Buster rendeu-se à atração que tinha pelo cinema e mudou-se para Nova Iorque. Lá, encontrou um antigo companheiro, o ator Roscoe "Fatty" Arbuckle, que o convidou para trabalhar no filme "The Butcher Boy" (O Menino Açougueiro).
O sucesso desta dupla cômica foi tão grande que logo foram convidados para estrelar uma sucessão de onze comédias. Keaton passou a escrever seus próprios esquetes e a trabalhar como assistente de direção nos filmes de que participava. Logo passou a escrever seus próprios filmes.
Em 1920 Buster começou a dirigir seus primeiros curtas. Tornou-se um ator de muitos recursos e de impressionante presença cênica.
Mas a característica que ficou para sempre associada a Keaton, uma de suas grandes inovações, é o fato de sua comédia se basear num personagem impassível, que mantém as mesmas feições diante dos fatos ocorridos. Isso explica os apelidos dados a ele pelos críticos: "O grande cara de pedra" e "O homem que nunca ri". Buster percebeu que, ao não modificar sua expressão, o espectador projetaria nele suas aspirações sentimentais, sensoriais e morais.
Foi em 1928 que Keaton cometeu o que ele mesmo considerou ser o seu "grande erro": vendeu seu estúdio de produção para a MGM. Buster - que era o "destruidor" - tornara-se um mero ator assalariado, sem nenhuma independência artística. Obrigado a adaptar-se ao esquema de produção, Keaton envolveu-se com o álcool, tal como o pai fizera antes.
Há quem diga que foi por perder o controle sobre o conteúdo criativo de seus filmes e por ter que aceitar roteiros impostos pelo estúdio que a poesia existente no coração de Keaton se apagou.
Buster passou a década de 1930 em relativa obscuridade, escrevendo gags (corridas, quedas, fugas) para vários filmes, inclusive alguns dos Irmãos Marx, como "Uma Noite na Ópera" e "No Circo". Também fez aparições em filmes como "Crepúsculo dos Deuses", de 1950, e "Mundo Maluco", de 1963.
Um dos momentos mais significativos da sua carreira de ator aconteceu em 1952, quando participou do filme de Charles Chaplin "Luzes da Ribalta". Nele, Keaton e Chaplin fazem um número de dez minutos em dueto - dois velhos atores de "vaudeville" tentando resgatar os bons tempos.
Em 1965, poucos meses antes de sua morte, Buster Keaton protagonizou o único filme realizado pelo teatrólogo Samuel Beckett, chamado simplesmente "Filme".
Além de trenzinhos de brinquedo, o que mais atraía Buster Keaton era representar. Foi o que fez até 1966, quando morreu vítima de um câncer no pulmão.
"A coisa mais injusta sobre a vida
é a maneira como ela termina. Eu acho
que o verdadeiro ciclo da vida está todo
de trás pra frente. Nós deveríamos morrer
primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora
de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio
de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos
até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua
aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool,
faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas,
vira criança, não tem nenhuma responsabilidade,
se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe,
passa seus últimos nove meses de vida flutuando.
E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"
(Charles Chaplin)
Sonhe com o que você quiser.
Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
-Clarice Lispector -