TEMATICA VARIADA, COM MAIOR INCIDÊNCIA NA MUSICA GENERALISTA, E NA FOTOGRAFIA, OBVIAMENTE COMO PILAR DE ESTAS DUAS FORMAS DE ARTE, ESTARÁ A POESIA
sábado, 5 de março de 2011
Rui Reininho/GNR - Rui veloso
Rui Reininho/GNR
Bellevue
Leve levemente como quem chama por mim
Fundido na bruma no nevoeiro sem fim
Uma ideia brilhante cintila no escuro
Um odor a tensão do medo puro
Salto o muro, cuidado com o cão
Vejo onde ponho o pé, iço-me a mão
Encosto ao vidro um anel de brilhantes
É de fancaria a fingir diamantes
Salto a janela com muita atenção
Ponho-me à escuta, bate-me o coração
Sabem que me escondo na Bellevue
Ninguém comparece ao meu rendez-vous
Porta atrás porta pelo corredor
O foco de luz no ultimo estertor
No espelho um esgar, um sorriso cruel
Atrás da ultima porta a cama de dossel
Salto para cima experimento o colchão
Onde era sangue é só solidão
Os meus amigos enterrados no jardim
E agora mais ninguém confia em mim
Era só para brincar ao cinema negro
Os corpos no lago eram de gente no desemprego
Bairro do Oriente
.
Tenho à janela
uma velha cornucópia
cheia de alfazema
e orquídias da Etiópia
.
Tenho um transistor ao pé da cama
con sons de harpas e oboés
e cantigas de outras terras
que percorri de lés-a-lés
.
Tenho uma lamparina
que trouxe das arábias
para te amar à luz do azeite
num kamasutra de noites sábias
.
Tenho junto ao psyché
um grande cachimbo d'água
que sentados num canapé
fumámos ao cair da mágoa
.
Tenho um astrolábio
que me deram beduínos
para medir no firmamento
os teus olhos astralinos
.
Vem, vem à minha casa
rebolar na cama e no jardim
acender a ignomínia
e a má língua do código pasquim
que nos condena numa alínea
a ter sexo querubim
.
Carlos Tê
Efemérides
Orgasmo, sono e zonas húmidas já têm dias nacionais, mas há pedidos mais criativos
O orgasmo, as zonas húmidas e o sono têm honras de efeméride em Portugal, onde o calendário é rico em comemorações. Aos deputados parlamentares chegam petições sugerindo a criação de dias como o do Cão ou da Fruta
Em Portugal, qualquer pessoa pode tentar a sorte e criar um "Dia Nacional". Basta lançar uma petição e angariar pelo menos 1.000 assinaturas para a proposta ser analisada por uma comissão parlamentar. Se à Assembleia da República chegar um requerimento com mais de quatro mil assinaturas, o assunto sobe automaticamente a plenário, explicou à Lusa Luís Nunes da Ponte, assessor do presidente da Assembleia da República.
Na atual legislatura o parlamento recebeu três pedidos para a criação de efemérides: o Dia da Natalidade/Dia da Grávida, Dia da Hemocromatose e o Dia da Epilepsia. Até ao momento, só a "Grávida" poderá vir a ser Dia Nacional, já que as outras duas propostas foram recusadas.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Joan As Police Woman
Depois de uma aplaudida actuação no Festival Sintra Misty 2010, e de uma longa digressão no Reino Unido, Bélgica, Holanda, Alemanha, França, Itália, entre outros, Joan regressa ao nosso país para uma tour de apresentação do seu novo disco "Deep Field". Joan As Police Woman, também conhecida por Joan Wasser, tem um currículo impressionante: tocou com Lou Reed no fabuloso "The Raven", foi recrutada por Hal Willner para a banda de suporte da sua homenagem a Leonard Cohen, esteve na formação de Anthony & The Johnsons, faz parte do grupo de Rufus Wainwright e, antes que o fôlego acabe, também tocou com Nick Cave. Mais ainda: foi para ela q ue Jeff Buckley escreveu "Everybody Here Wants You". Ela era a companheira de Buckley à altura da sua morte. Artistas assim não aparecem todos os dias …
Veja as
Esperanza Spalding
Austin City Limits 2009
Esperanza Spalding - Ponta De Areia
Piano: Leo Genovese
Guitar: Ricardo Vogt
Drums: Otis Brown
Ponta de areia
Ponto final
Da Bahia-Minas
Estrada natural
Que ligava Minas
Ao porto do mar
Caminho de ferro
Mandaram arrancar
Velho maquinista
Com seu boné
Lembra do povo alegre
Que vinha cortejar
Maria Fumaça
Não canta mais
Para moças
Flores janelas
E quintais
Na praça vazia
Um grito, um oi
Casas esquecidas
Viúvas nos portais
quarta-feira, 2 de março de 2011
Ferreira Gullar
é Prémio Camões 2010
O júri revelou que o prémio foi disputado entre o autor brasileiro e a portuguesa Hélia Correia. Ferreira Gullar ainda não foi informado da atribuição do prémio uma vez que, até ao momento, não foi possível contactá-lo.
Nascido em 1930, no Maranhão, Ferreira Gullar é o pseudónimo de José Ribamar Ferreira. Em Portugal a sua obra está publicada pelas Quasi Edições.
O prémio, anunciado há minutos pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, vem distinguir o poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, argumentista de teatro e televisão, memorialista e ensaísta brasileiro.
Vencedor por duas vezes do Prémio Jabuti (1999 e 2007), Gullar foi ainda indicado ao Nobel em 2002.
O escritor octagenário recebe assim a mais alta distinção literária atribuída a um autor de língua portuguesa. Esta é já a vigésima segunda edição do prémio que distingue toda a obra de um autor, com cem mil euros.
O júri desta edição foi presidido por Helena Buescu, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e composto por José Carlos Seabra Pereira, professor associado da Universidade de Coimbra, Inocência Mata, professora santomense de Literaturas Africanas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e professora convidada em várias universidades brasileiras e norte-americanas, Luís Carlos Patraquim, escritor e jornalista moçambicano, António Carlos Secchin, escritor e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ainda pela escritora brasileira Edla van Steen.
Com Gullar o número de escritores brasileiros galardoados passa a ser nove. O último escritor vencedor do Prémio Camões foi o cabo-verdiano Arménio Vieira (2009). Nos anos anteriores foram distinguidos o brasileiro João Ubaldo Ribeiro (2008) e o português António Lobo Antunes (2007)
O Prémio Camões foi criado por Portugal e pelo Brasil em 1989 e é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa. O objectivo é distinguir um escritor cuja obra contribua para a projecção e o reconhecimento da língua portuguesa.
Na primeira edição do prémio (em 1989), o escritor distinguido foi o português Miguel Torga.
terça-feira, 1 de março de 2011
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Wikipedia
Mulheres à margem da Wikipedia
Apenas 13% dos artigos da enciclopédia aberta são escritos por mãos femininas. A meta é chegar a 2015 com 25% de contributos assinados por mulheres.
A polémica surgiu quando o "The New York Times" revelou que apenas 13% dos verbetes da Wikipédia são assinados por mulheres. Uma das principais fontes de conhecimento da Internet aparece, assim, com uma forte marca sexista, onde a participação feminina se tem mostrado inferior à de outros fóruns.
O tema chegou ao "El País", que, num blogue, prefere interpretar a situação como sendo resultado de diferentes usos da Internet, conforme o género do utilizador. Seja como for, a fundação responsável pela Wikipédia já anunciou que pretende alcançar a meta de 25% de verbetes assinados por mulheres até 2015.
O jornal espanhol afirma, por exemplo, que as mulheres lideram a adesão às redes sociais e ao comércio eletrónico, baseando-se em dados de um estudo da consultora ComScore. Haverá mais mulheres associadas ao Twitter, embora os homens passem mais tempo a partilhar as suas impressões.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Mafalda Sacchetti
» Mafalda Sacchetti Foto: Mário Galiano
Filha do músico Paulo de Carvalho e neta da escritora Rosa Lobato de Faria, a vida artística só poderia estar no caminho desta cantora de 33 anos, que lança em breve o segundo álbum.
Mafalda Sacchetti nasceu em Lisboa, a 12 de Março de 1977, no seio de uma família ligada à música e à escrita: o pai é o músico Paulo de Carvalho, a sua avó materna era a romancista, guionista e letrista Rosa Lobato de Faria. Frequentou o Liverpool Institute for Performing Arts, estudou no Conservatório de Música de Lisboa e tirou ainda o curso superior de Design de Interiores na Fundação Ricardo Espírito Santo. Mas a música sempre foi a sua grande paixão e depois de ter lançado o primeiro álbum, Imprevisível, em 2004, prepara actualmente o segundo, que será, adianta, bastante mais maduro e pessoal, mas com o mesmo tipo de sonoridade.
O Bar
Onda Jazz
Se queremos encontrar os grandes cantores e músicos "da nossa praça" vamos ao Onda Jazz, em Lisboa. Apesar do nome, não é só jazz que se ouve neste espaço, mas é garantidamente boa música, tocada genuinamente com muito gosto/gozo. Quem nos recebe faz-nos sentir parte de uma família e é isso mesmo que este bar passa a ser.
O Concerto
Nine Inch Nails
Dos Nine Inch Nails, em qualquer parte do mundo. É quase inexplicável a quantidade de sensações que consigo ter numa só música em cada concerto. Desde a composição à luz, passando pelo contraste de sonoridades e a profundidade das letras, esta é, definitivamente, a minha banda de eleição. Os concertos de Nine Inch Nails são dos poucos que me deixam nervosa minutos antes de começarem e quando acabam tenho a sensação de ter levado uma injecção de adrenalina e de me ter perdido durante umas boas horas. Fazem-me sentir livre e viva.
O Restaurante
Vila Lisa, Mexilhoeira Grande
O segredo deste restaurante é a simplicidade. Desde a decoração à forma informal como somos recebidos e, finalmente, à comida. Por fora é uma casinha caiada pela qual ninguém dá nada se não souber o que vai lá dentro. Mas por dentro as paredes estão forradas de quadros pintados pelo próprio Vila, misturados com pratos de loiça regional, ramos de louro e abróteas arrepiadas. Tenho o privilégio de lá ir desde sempre e, como tal, sou recebida como se estivesse em casa.
A Peça de teatro
"As Encalhadas"
Uma peça leve, mas bastante divertida que faz rir do princípio ao fim. As Encalhadas é uma peça indicada para homens e mulheres de todas as idades ou estados civis que queiram ficar bem dispostos. As músicas têm letras deliciosas, estão bem construídas e ficam no ouvido. As actrizes - Helena Isabel, Maria João Abreu e Rita Salema - fazem a festa de uma forma surpreendente. Em digressão.
Blaxploitation
Blaxploitation, a força dos negros
O cinema norte-americano demorou para dar espaços aos negros, mas quando isso aconteceu, surgiu uma explosão de criatividade.
O “cinema negro”, por excelência, sempre foi marginalizado. Em especial nos Estados Unidos, onde somente em 2002 uma atriz e um ator negro conseguiram abiscoitar os melhores prêmios na principal cerimônia do país, o Oscar. Se levarmos em conta ainda o cinema europeu, o panorama é mais desolador. Nenhum diretor de renome e raríssimos atores. No Brasil, apesar do renascimento do cinema, não há nenhum diretor negro, ainda que bons atores tenham surgido, como Lázaro Ramos. O cinema africano, apesar de existir, raramente atinge um público abrangente, sendo relegado aos festivais hipermega-alternativos para cinéfilos convictos e dependentes. Ainda que nomes importantes como Abderrahmane Sissako ganhem financiamento europeu para produzir seus filmes e apresentem um talento indiscutível, é muito pouco para o continente africano.
Para se conseguir alguma consistência do cinema negro, não resta dúvida que devemos olhar para a produção de Hollywood, que desde a década de 70 percebeu que o filão era muito bom e importante para se desprezar. Se em The jazz singer, de 1927, um ator branco pintou o rosto de negro, na década de 60 Sidney Poitier tornou-se um ícone de respeito, com grandes atuações em fitas como Advinhe quem vem para jantar? e Ao mestre, com carinho, ambos de 1967, Poitier abriu portas. Com a liberdade civil ganhando cada vez mais força nos EUA, nada mais natural que a década de 70 pudesse ser o cenário ideal para que os negros fizessem uma grande invasão.
Junto com essa conquista nos cinemas, na música, os negros ganhavam cada vez mais espaço com Funkadelic, the Impressions, Sly`s and Family Stone e até mesmo James Brown, que produziam músicas cheias de mensagens políticas e sociais, junto com todo o ritmo. As paradas de sucesso provavam que havia demanda para “música com mensagem”. Natural que os negros buscassem no cinema uma resposta similar.
Foi o que aconteceu. Ainda que conhecido como movimento “blaxploitation”, a indústria cinematográfica se deu conta de que poderia faturar bastante fazendo filmes dirigidos à comunidade negra e também para apreciadores de cinema. Surgiu uma estética interessantíssima, que hoje ecoa em trabalhos de diretores como Quentin Tarantino e até mesmo no modernete David Fincher.
Cores berrantes, perseguições incansáveis, humor ralo e chulo, heróis de caráter duvidoso, violência, violência e mais um pouco de violência era as marcas registradas do blaxploitation. Com todo este jeitão rebelde e tosco por natureza, o cinema negro norte-americano começava a sair do limbo para ganhar força de movimento cultural. A excelente Pam Grier marcou época com suas personagens-heroínas sexys sempre de batom rosa e calças justíssimas. Basta ver filmes como The mack, Foxy Brown ou Superfly para render homenagens à Pam. Beyoncé Knowles prestou seu tributo ao atuar como Foxxy Cleopatra em Austin Powers e o homem do membro de ouro. Para quem nunca viu a atuação de Pam Grier na década de 70, a personagem de Beyoncé mostra muito bem como era.
Além de Grier, Ron O`Neil, Richard Pryor, Max Julien, Antonio Fargas e Melvin Van Peebles eram os caras. Apesar de toda a evidente apelação com excesso de violência e sexo, os filmes marcaram um jeito de fazer cinema de baixo orçamento e voltado somente ao entretenimento banal. O durão Richard Roundtree encarnando Shaft faz a prova final do gênero. Mas mais importante do que tudo isso, foi que o blaxploitation abriu portas para gente como o genial Spike Lee e seus filmes protesto da década de 80. Denzel Washington, Jada Pinkett-Smith, Halle Barry e Mario Van Peebles, todos, sem dúvida alguma, devem agradecer o estilo da década de 70 em suas maneiras de atuar. Também é nítido a influência do blaxploitation na música hip-hop da atualidade. Todos os elementos estão ali, basta ver um clipe de qualquer rapper.
Para conhecer um pouco mais do blaxploitation, vale a pena dar uma fuçada nas locadoras atrás dos filmes do gênero. Segue ai uma listinha que você pode usar como referência para auxiliar sua busca. Não se preocupe muito com o enredo, basicamente ou são comédias grosseiras ou são policiais violentíssimos. Ou, às vezes, são os dois. Talvez seja um pouco difícil encontrar no Brasil, mas nada que o site da Amazon não resolva.
Shaft, de Gordon Parks, EUA, 1971
Superfly, de Gordon Parks, EUA, 1972
Black mama, white mama, de Eddie Romero, EUA, 1972
The mack, de Michael Campus, EUA, 1973
Coffy, de Jack Hill, EUA, 1973
Foxy Brown, de Jack Hill, EUA, 1974
Cleopatra Jones and the casino of gold, de Charles Bail, EUA, 1975
Cooley high, de Michael Schultz, EUA, 1975
Friday Foster, de Arthur Marks, EUA, 1975