sábado, 5 de junho de 2010

Tributo



Pop Art




Quando falamos de Pop Art lembramo-nos sempre de Warhol, Litchtenstein, Rauschenberg, Oldenburg, etc., mas o nome de Peter Max nada nos diz, pese embora tenha produzido obras muito interessantes. Tal como muitos dos seus colegas artistas desta geração que revolucionou a arte e deslocou o seu pólo internacional para Nova Iorque, Peter Max não era americano: era alemão e de ascendência judaica. Em 1953 fixou-se nos Estados Unidos e aí iniciou a sua formação artística. Começou a trabalhar como designer e ilustrador de livros e posters. Ganhou fama quando começou a utilizar uma técnica que consistia em retocar serigrafias - tão comuns nesta época - a óleo ou acrílico. O resultado revelou-se extremamente psicadélico mas original.

Os desenhos e as cores de Peter Max fazem-me sempre lembrar o filme de George Duning Yellow Submarine... Será coincidência?
Quem sou eu?


Deste modo ou daquele modo,
Conforme calha ou não calha,
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma coisa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma coisa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.

Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à ideia
E não precisar de um corredor
Do pensamento para as palavras.

Nem sempre sinto o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,

Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.

E assim escrevo, querendo sentir a Natureza nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza e mais nada.
E assim escrevo, ora bem, ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.

Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos.

Alberto Caeiro


Fernando Pessoa

Nelson Rodrigues



Para o grande público, Nelson Rodrigues não passava de um tarado. Nem era necessário ler alguma das suas obras ou abrir o jornal para ler uma de suas crônicas porque, só de ouvir duas ou três frases, as boas família já calçavam suas meias para fugir dos arrepios: aquele ali era um pervertido! Além do que, nos anos 50, ouvia-se muito falar nos botequins cariocas que o homem escrevia histórias onde os pais se apaixonavam pelas filhas, onde as mulheres traíam os maridos com a naturalidade de quem compra sapatos ou onde as mocinhas gostavam mesmo era de beijar outras mocinhas – e isso quando não estão ocupadas abrindo as pernas para os cunhados. Nelson Rodrigues era um tarado demoníaco. Resposta do autor? A opinião pública é uma débil mental.

Mas o certo é que Nelson Rodrigues acompanhou com reflexões profundas, mesmo que feitas de improviso, sobre o país que via a sua frente, e ele não só assistiu, mas viveu algumas das décadas mais conturbadas da história do Brasil. Aos treze anos de idade já contribuía com o pai nas páginas policias do jornal Crítica, o mesmo que mergulhou no abismo após o assassinato do irmão de Nelson, Roberto Rodrigues, em 1929, da morte do patriarca Mário Rodrigues pouco tempo depois e do linchamento de sua gráfica e redação. Ser testemunha e ator de eventos cruciais do século XX brasileiro, fez a história do autor e sua família com a do próprio país e, fosse sobre a política, sobre a sociedade ou sobre o futebol, a ditadura de Getúlio Vargas fez sobrevir sobre a família Rodrigues e sobre Nelson anos de fome que contribuiriam para que ele desenvolvesse uma tuberculose, uma terrível acompanhante para o resto da vida.

A medida que o autor reconstruía seu espaço na imprensa, erguia seu mito no teatro e amadurecia como autor, passaram-se as diferentes fases do governo Vargas, um governo militar, a expansão da TV, a Segunda Guerra, a volta de Vargas, as revoluções culturais de 60 e 70, o feminismo e outro governo militar.

No conjunto das suas atividades, somado às duras experiências da vida e a sempre proximidade com a política, recebeu aplausos, censura do Estado e a incompreensão da mesma massa que retratava obcecadamente em suas obras. Daí suas opiniões variarem entre o cáustico e o irônico, passando pelo cinismo velado. Sempre conservadoras, um paradoxo que confunde. Os assuntos são variados: casamento, sociedade, ginecologistas, política, futebol, cariocas, seus escritos, etc., etc. E como saber quando ele diz a sério? Nesse caso, a dúvida contribui para alcançar o calibre dos aforismos provocantes do Anjo Pornográfico.

*A maior parte das frases de Nélson podem ser encontradas no livro “Flor de obsessão”, organizado pelo escritor e jornalista Ruy Castro (fã confesso e professo do autor).

“Invejo a burrice, porque é eterna”

“Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos...”

“As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado”

“O brasileiro é um feriado”

"A fidelidade devia ser facultativa"

"Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém"

“Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível”

“Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar com batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um São Francisco de Assis, com luva de borracha e um passarinho em cada ombro”

“Só o inimigo não trai nunca”

“Pode não ser científico, mas é batata! Eu disse que o amor morre no banheiro e provo. Quando um cônjuge bate na porta do banheiro e o outro responde lá de dentro: "Tem gente!", não há amor que resista! Portanto, nada de camas, nem de quartos separados. Separação sim, de banheiros. Cada um deve ter seu trono exclusivo”

"O homem só é feliz pelo supérfluo. No comunismo, só se tem o essencial. Que coisa abominável e ridícula!"

"Se cada um soubesse o que o outro faz dentro de quatro paredes, ninguém se cumprimentava"

“Toda mulher gosta de apanhar, apenas as neuróticas reagem"

"A platéia só é respeitosa quando não está entendendo nada"

“O carioca é o único sujeito capaz de berrar confidências secretíssimas de uma calçada para outra calçada.“

"Toda unanimidade é burra"

“Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de prata”

"Toda mulher bonita leva em si, como uma lesão da alma, o ressentimento. É uma ressentida contra si mesma"

- Nelson, Quais seriam as suas últimas palavras?
- Que boa besta era o Marx! (em entrevista a Otto Lara Resende)

MIRAGEM

HORIZONTE

Miragem

Surgiste como miragem
Ao longe eu enxerguei
Quando foi se aproximando
Por ti me apaixonei.

Me olhaste bem faceiro
Eu também te olhei assim,
Nossas vontades se encontraram
Foi destino ou acaso...
Não importa, já te queria prá mim.

Vieste hipnotizado
Com o meu atrevimento,
Quando quero um amor
Não faço mesmo rodeio.

Fomos nos encontando
Sem vergonha nos beijando,
Teu corpo é pedra dura
O meu suavidade e ternura.

Vejam só meus companheiros!
O amor não tem mistério,
É força, vontade e desejo...
De se despir das amarras
Se entregando ao homem certo.

MÁRCIA ROCHA

 

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O Festival Folclórico de Parintins, na Amazônia

O Festival Folclórico de Parintins, na Amazônia

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A história é simples como todas lendas folclóricas: mãe Catirina está grávida e deseja comer língua de boi. Para atender seu desejo e com medo de que sua esposa perca o filho, pai Francisco mata o boi preferido do dono da fazenda, que ao descobrir manda prendê-lo e pede a um pajé para ressuscitar o boi. O boi renasce e começa a grande festa de comemoração. Para encenar essa história no final do mês de Junho, em arena aberta, para um público de 35 mil “brincantes” como são chamados os espectadores, Parintins, antiga Ilha Tupinambarana, localizada no coração da Amazônia, realiza uma das maiores festas populares do Brasil, o Festival Folclórico de Parintins, mais conhecido como a Festa dos Bois-Bumbá.

Chegar a Parintins que tem apenas sete mil quilômetros quadrados e cem mil habitantes, só é possível de avião depois de uma hora e meia de viagem, saindo de Manaus, ou de barco, após uma viagem que pode durar entre 8 e 24 horas, nada que desestimule os oitenta mil turistas, metade dos quais estrangeiros, que para lá se dirigem todos os anos para vibrar com o espetáculo. Os protagonistas da folia são os grupos do boi Caprichoso (azul e preto) e Garantido (vermelho e branco), que se alternam no palco durante os últimos três dias de Junho, contando de forma e enfoque diferentes a lenda, visando conquistar o titulo de campeão.

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Difícil acreditar o que acontece em Parintins nesta época do ano quando a população da cidade entra em estado de êxtase. Para se ter uma idéia, as casas dos mais fanáticos são pintadas de azul ou vermelho para indicar o favoritismo de quem mora ali e casais de torcidas opostas, exibindo na roupa a cor do seu “boi”, se separam, pelo menos nos três dias do festival. Pessoas faltam ao trabalho para aproveitar a festa e para evitar favoritismo, a cor da tinta da caneta usada pelos jurados é verde. A Coca-Cola principal patrocinadora do evento cujo rotulo é vermelho, cor do “garantido”, entrou no ritmo da Ilha e fabricou uma embalagem especial em azul para também agradar os “caprichosos”.

As torcidas colocadas em lados opostos da grande arena, claro que exibindo as cores do seu boi, são obrigadas a permanecer em silêncio quando o concorrente se apresenta, sob pena de perder pontos e quem torce por um, não pronuncia o nome do outro chamando-o apenas de “contrário”. Assim, mesmo com tamanho envolvimento emocional, durante a apresentação são proibidas vaias, palmas, gritos ou qualquer outra demonstração de expressão, quando o “contrário” se apresenta.

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Durante as três noites cada boi conta de forma e enfoque diferente a lenda, desenvolvendo um tema exaltando o meio ambiente e as raízes culturais, em encenações coreográficas através de personagens e rituais que remetem aos habitantes da floresta amazônica e às questões ecológicas e sociais que os afligem. Um tapete de cor em movimento é formado pelas tribos de dançarinos que formam, junto com as gigantescas alegorias que se mexem e se articulam, um cenário apoteótico, cujo ponto culminante é a aparição do boi ressuscitado, quando a platéia vai ao delírio e até às lágrimas.

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O Caprichoso este ano veio com o tema “Amazonas, onde o verde encontra o azul” e o Garantido tentando arrebatar o título há dois anos nas mãos do “contrário”, se apresentou com “Emoções”. Independente do título ter sempre que ficar com um dos bois, todo mundo concorda que o empate seria sempre o resultado mais justo para esta magnífico espetáculo, exemplo de rivalidade com união, pela cultura da floresta. Como diz o integrante de um dos bois, o “Festival Folclórico de Parintins é a representação dos costumes e tradições de um povo que tem orgulho de suas raízes, numa festa passional de amor e ódio refletida em luzes, cores, criatividade e alegria”.

CAETANO VELOSO

Quando ela chora
Não sei se é dos olhos para fora
Não sei do que ri
Eu não sei se ela agora
Está fora de si
Ou se é o estilo de uma grande dama
Quando me encara e desata os cabelos
Não sei se ela está mesmo aqui
Quando se joga na minha cama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é a tal
Sei que ela pode ser mil
Mas não existe outra igual

Quando ela mente
Não sei se ela deveras sente
O que mente para mim
Serei eu meramente
Mais um personagem efémero
Da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco
Prevejo meu fim
E a cada vez que o perdão
Me clama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é demais
Talvez nem me queira bem
Porém faz um bem que ninguém
Me faz

Eu não sei
Se ela sabe o que fez
Quando fez o meu peito
Cantar outra vez
Quando ela jura
Não sei por que Deus ela jura
Que tem coração
E quando o meu coração
Se inflama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem
E fim

Dorival caymmi

quinta-feira, 3 de junho de 2010

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-Helena Frontini-

MENINA COM BORBOLETA

Distanciamento...

Às vezes teus olhos me encaram sem luz alguma.
Como se eu fosse em tua vida um mero objeto
Um belo adorno,de menor valor...
Às vezes tua frieza é tão dolorida e me faz tão mal
Que o desejo de me entregar e fazer-te feliz
Congela-se num marasmo de desamor...
Às vezes és tão mesquinho,que tudo o que sinto
Muda-se em acre e verde veneno (absinto)
E vou partindo lentamente...

-Helena Frontini-

Sto perdendo tempo

Luca Carboni

Sto perdendo tempo

sto perdendo Dio

sto perdendo la vita

sto perdendo io

Inseguendo un sogno

che non è mio

cercando di esser diverso

da quello che sono io

Non si può perdere l'anima

stavo per vendere la mia anima

non si può perdere

devo salvare la mia anima

Sto perdendo tempo

sto perdendo Dio

inseguendo il mondo

sto perdendo io

Ma che cosa mi credo

di essere una rock star

Non si può perdere l'anima

stavo per vendere la mia anima

non si può perdere

devo salvare la mia anima

Sto perdendo tempo

sto perdendo Dio

sto perdendo la vita

sto perdendo io

Ma che cosa mi credo

di essere io

quante scuse

so trovare io

Non si può perdere l'anima

stavo per vendere la mia anima

non si può perdere

devo salvare la mia anima

Aline Jasper

Aline Jasper

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Não se trata do endeusamento dos gatos. Pelo contrário do contrário. O eco que transita, sem perder força, é o da subserviência por parte deles. Os cínicos e misteriosos felinos estariam a serviço de nós, meros existencialistas? Os revestidos por uma terna pelagem estariam propensos à obediência? A máxima “dar para receber” configura uma interação recíproca de carícia?
Estabelecemos uma relação afetiva, supostamente, mútua. Até o mais cético reconheceria a correspondência por parte deles. Romantistas de noites mal dormidas romperiam com esse mito.
Domesticados, manifestam desdém profundo com os bípedes. São tratados, cuidados, bajulados, e retribuem com desprezo. Felinos são enigmáticos. Divertidos. E estupidificantes, diria. Por mais equivocado que pareça, não nos dão a mínima bola.
No ínfimo dos cuidadosos e flexíveis rastros, sustentam um detalhado e minucioso estudo sobre a raça humana. E, por vezes, percebo que manifestam uma sensação de perda de tempo. Como se a humanidade fosse um objeto trivial, pífio, fútil, banal, ordinário, vulgar, medíocre – e mais alguns adjetivos refletores da raça humana.
Nossas ciências positivistas, vãs filosofias, artes subjetivas e literaturas líricas devem ser, para eles, uma piada de mal gosto. Nosso caso é um caso perdido – por isso, não há vantagens que justifiquem a revelação deles, como seres absurdamente inteligentes.
Às vezes, entre meia e cheia xícara de chá, observo um deles desatando uma bola de lã. Aparentemente, direitíssimo. No entanto, acredito que o traiçoeiro está estruturando uma nova teoria macroeconômica, de proporções que deixariam Marxistas com os cigarros apagados.
lgumas bibliotecas empregam gatos. Em troca de ração, eles respeitam o silêncio e atribuem um teor lúdico ao estabelecimento. Um tanto exótico: os cautelosos e introspectivos felinos vagando pelas estantes de livros. Estes, na sociedade felídea, são os humoristas – e que comédia sem sal é o arsenal de escritos humanos!
Termino por aqui meu atrevimento. E espero, nesta noite, não transubstanciar em um cadáver imerso ao leite.

 

gatos2

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Xangai


Modelo da cidade de Xangai
arquitetura
Xangai é uma das maiores e mais populosas metrópoles da China e do mundo, com uma área urbana de mais de 5000 km² e mais de 20 milhões de habitantes. A cidade está em rápida expansão e os urbanistas traçaram já as linhas orientadoras para o futuro. Esta visão de antecipação pode ser contemplada no Shanghai Urban Planning Museum (Museu do Urbanismo de Xangai), onde foi construída uma colossal maqueta à escala que ocupa a área de 100 m² representando a cidade no ano de 2020.

Maria Medeiros

William-Adolphe Bouguereau


A História é quase sempre escrita pelos vencedores; de fora ficam fatalmente os vencidos, condenados ao esquecimento. É pena, porque a História, para ser rigorosa, deve ser vista como um mosaico de acontecimentos e personagens tantas vezes contraditórios... Na Arte isto também é verdade e as obras, os artistas e os movimentos que se tornaram relevantes para a evolução artística ofuscam os demais.

No final do século XIX o Impressionismo revolucionou a pintura e abriu as portas ao Modernismo. Fê-lo em ruptura com a pintura tradicional, presa a receitas académicas perpetuadas desde o Renascimento. A Historiografia da Arte enfatizou a importância dos pintores impressionistas e esqueceu todos os outros.

Foi o caso de William-Adolphe Bouguereau, contemporâneo de Monet, Renoir e Degas, injustamente esquecido logo no início do século XX. No seu tempo, porém, Bouguereau era referido como sendo um dos melhores pintores de França inclusivamente pelos seus colegas impressionistas. Fosse esta referência irónica ou não o facto é que dá conta da projecção do pintor no contexto da época.

Bouguereau foi um artista assumidamente realista com formação académica na École de Beaux-Arts de Paris e manteve ao longo da sua vida sempre o mesmo modo de pintar. Como todo o bom estudante da Academia ganhou o conceituado Prix de Rome em 1850, reservado aos melhores entre os melhores. O seu estilo minucioso quase fotográfico valeu-lhe o reconhecimento oficial e a presença constante no Salon de Paris, local de exposição privilegiado da Academia.

Dedicou-se quase exclusivamente aos temas mitológicos e aos retratos de mulheres e crianças, estes, quanto a mim, os seus melhores trabalhos. Recentemente, Bouguereau tem sido resgatado ao esquecimento a que foi votado ao longo de quase todo o século passado...







terça-feira, 1 de junho de 2010

Teu corpo veio a mim. Donde viera?
Que flor? Que fruto? Pétala indecisa...
Rima suave: Outono ou Primavera?
Teu corpo veio como vem a brisa...

Rosa de Maio, encastoada em luto:
O dos meus olhos e o do meu cabelo.
Um quarto para as onze! E esse minuto
Ai! nunca, nunca mais pude esquecê-lo!

Viu-se, primeiro, o rosto e o ombro, depois.
E a mão subiu das ancas para o peito...
— Quem és? Sou teu... (Quando um e um são dois,
Dois podem ser um só cristal perfeito!)

Um quarto para as onze! Caiu neve?
Abri os olhos! Era quase dia...
Ou bater de asas, cada vez mais leve,
De pássaro na sombra que fugia?      

Pedro Homem de Mello, in "Nós Portugueses Somos Castos"



Aleluia

Credo en ti amico

Credo in te, amico. Credo nel tuo sorriso, finestra aperta nel tuo essere. Credo nel tuo sguardo, specchio della tua onestà. Credo nella tua mano, sempre tesa per dare. Credo nel tuo abbraccio, accoglienza sincera del tuo cuore. Credo nella tua parola, espressione di quel che ami e speri. Credo in te, amico, così, semplicemente,

nell'eloquenza del silenzio. Ogni amico costituisce un mondo dentro di noi. Un mondo mai nato fino al suo arrivo, ed è solo tramite questo incontro, che nasce un nuovo mondo. Lo splendore dell'amicizia non è la mano tesa né il sorriso gentile né la gioia della compagnia: è l'ispirazione spirituale
quando scopriamo che qualcuno crede in noi ed è disposto a fidarsi di noi. Ti voglio bene Ti voglio bene non solo per quello che sei, ma per quello che sono io quando sto con te. Ti voglio bene non solo per quello che hai fatto di te stesso, ma per ciò che stai facendo di me. Ti voglio bene perchè tu hai fatto più di quanto abbia fatto qualsiasi fede per rendermi migliore, e più di quanto abbia fatto qualsiasi destino per rendermi felice. L'hai fatto senza un tocco, senza una parola, senza un cenno. L'hai fatto essendo te stesso. Forse, dopo tutto, questo vuol dire essere un amico

………………………………………………………………………..

Eu acredito em você, amigo. Eu acredito no seu sorriso, janela aberta em seu ser. Eu acredito em seus olhos, um espelho de sua honestidade. Eu acho que em sua mão, sempre pretendeu dar. Eu acredito no seu abraço, sincera hospitalidade do seu coração. Eu acredito na sua palavra, uma expressão do que o amor ea esperança. Eu acredito em você, meu amigo, tão simplesmente
eloquência do silêncio. Cada amigo representa um mundo dentro de nós. Um mundo já criado até à sua chegada e é só por esse encontro que um novo mundo nasce. A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a alegria da empresa é a inspiração espiritual
quando se descobre que alguém acredita em nós e está disposto a confiar em nós. Eu te amo Eu te amo não apenas pelo que você é, mas o que eu sou quando estou com você. Eu te amo, não só para o que você fez para si mesmo, mas o que você está fazendo para mim. Eu te amo porque você tem feito mais do que tem alguma fé para me fazer melhor, e mais do que ele tem algum destino para me fazer feliz. Você fez isso sem um toque, sem uma palavra, sem um aceno de cabeça. Você fez o mesmo. Talvez, afinal de contas, isso significa ser um amigo ..

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Mulher na arte

Voos demasiado altos

 

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Voos demasiado altos

O rápido crescimento da economia brasileira Uma explosão de crescimento à escala da que aconteceu na China não pode ser sustentada. Mas coaduna-se com a recém-descoberta força do Brasil e vem mesmo a tempo para as eleições presidenciais.

 

Ao longo da Avenida Faria Lima, na zona comercial de São Paulo, estão a ser construídos novos arranha-céus. As vendas de computadores e de automóveis estão em alta e uma avalancha de passageiros invadiu os principais aeroportos. Entre Janeiro e Abril, o Brasil criou 962 000 novos empregos no sector da economia formal - o número mais elevado para o mesmo período, desde que os dados começaram a ser registados, em 1992. Tudo indica que, nos últimos seis meses, a economia cresceu a um ritmo anual de mais de 10%. Mesmo deixando margem para um previsível abrandamento, muitos analistas prevêem que, em 2010, o crescimento será de 7% - a taxa mais alta desde 1986.

O problema é que, embora possa estar a crescer à velocidade chinesa, o Brasil não é a China. Ainda poupa e investe demasiado pouco e, por isso, a maioria dos economistas considera que o Brasil está limitado a uma velocidade máxima de 5% ou sofrerá um colapso. A expansão de crescimento resulta em parte de medidas de incentivo adoptadas pelo Governo do Presidente Lula da Silva, quando a crise financeira mundial mergulhou o país na recessão por um breve período, em 2008. A dificuldade, dizem os críticos, é que boa parte da despesa extraordinária do Governo está a revelar-se permanente - e, assim, a economia começa a assemelhar-se a um Toyota com o acelerador a fundo.

A pressão começa a fazer-se sentir. As empresas correm atrás da pouca mão-de-obra qualificada existente. Nos últimos 12 meses, até Abril, a inflação chegou aos 5,3%, acima da meta dos 4,5% estabelecida pelo Banco Central. Pela primeira vez desde 2000, as importações deverão ultrapassar as exportações e o défice da balança corrente deverá aumentar para 3% do PIB. As autoridades começam a ficar preocupadas. No mês passado, o Banco Central aumentou em 0,75% a taxa de juro de referência Selic [a taxa básica utilizada como referência pela política monetária] - o primeiro aumento em quase dois anos. Em São Paulo, muitos economistas acreditam que, depois do primeiro aumento, outros virão, o que deverá fazer subir a taxa do nível de 8,76% para 13%, no próximo ano.

Os críticos do Governo dizem que a política orçamental pouco rigorosa está a tornar mais difícil a tarefa do Banco Central, o que faz aumentar o risco de o boom resvalar para um abrandamento brusco, no próximo ano. Quando assumiu o cargo de Presidente, Lula manteve a política orçamental sólida que herdou do seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Graças a um crescimento mais rápido e a receitas fiscais mais elevadas, entre 2003 e 2008, o Governo de Lula conseguiu manter a dívida pública sob controlo, ao mesmo tempo que aumentava a despesa. Ao abordar a recessão como "uma licença para gastar", o Governo está agora a enfraquecer a credibilidade que tinha acumulado, diz o especialista em finanças públicas de Brasília, Raul Velloso. Alguns altos funcionários partilham esta preocupação - até certo ponto. O Governo aboliu quase todas as reduções de impostos que tinha posto em prática, para incentivar a procura durante a recessão. Em 13 de Maio, os ministros declararam que, este ano, iam cortar 10 mil milhões de reais (mais de 4360 milhões de euros) de despesas operacionais do Governo federal. Este anúncio seguiu-se a um anúncio semelhante, feito em Março, de outro corte de 21 mil milhões de reais (mais de 9 mil milhões de euros). No entanto, não se pode dizer que isto seja meter travões a fundo. Os cortes afectam o orçamento magnânimo (e teórico) aprovado pelo Congresso. Mesmo que integralmente aplicados, iriam apenas abrandar a taxa de aumento das despesas governamentais, mantendo-a constante ou ligeiramente mais baixa em termos de percentagem do PIB, admite Nelson Barbosa, um alto funcionário do Ministério da Fazenda [secretário de Acompanhamento Económico].

O Governo continua a injectar dinheiro na economia, de duas maneiras polémicas. Em primeiro lugar, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), cujos empréstimos têm custos de quase metade da taxa Selic, quase duplicou o número de empréstimos concedidos. E pôde fazê-lo, porque o Tesouro lhe concedeu dois empréstimos a longo prazo, no total de 180 mil milhões de reais. Esses créditos, sobre os quais o BNDES emitiu notas promissórias, provocaram acusações de "contabilidade criativa". Tais empréstimos aumentaram a dívida bruta do Governo sem no entanto fazerem subir a figura da dívida pública, que é escrutinada mais atentamente, depois de deduzidos os activos: situada nos 42,7% do PIB, esta voltou ao nível de meados de 2008 e é muito inferior aos fardos da dívida dos países europeus.

Em segundo lugar, o Governo também aumentou a despesa com salários. O número de funcionários públicos federais tem aumentado com grande moderação desde 2003 (à volta de 10%). No entanto, esses funcionários têm sido tratados com generosidade: entre 2003 e 2009, o total da folha de salários federal mais do que duplicou em termos nominais, embora a inflação fosse inferior a 50%. Lula também aumentou o salário mínimo muito acima da inflação, o que ajudou a tornar a distribuição de rendimentos menos distorcida e impulsionou a procura dos consumidores. Mas estes aumentos têm um efeito indirecto sobre as pensões de reforma. Nelson Barbosa insiste em que um crescimento mais rápido irá permitir ao Governo conter suavemente a despesa com os salários e com as pensões de reforma. O BNDES ajudou a sustentar o investimento, quando os mercados financeiros ficaram bloqueados. A última onda de tempestade financeira conduziu à depreciação do real em cerca de 5%, este mês. No entanto, as reservas internacionais acumuladas pelo Brasil significam que o país está em boa posição para fazer frente ao pânico dos mercados. Nelson Barbosa diz que os críticos deveriam analisar a tendência a longo prazo, no quadro da qual a taxa de juro real (ou seja, após inflação) caiu de 20%, em 2003, para entre 5% e 10%. Quando terminar a nova contracção monetária, a taxa descerá ainda mais, afirma.

Muitos europeus gostariam, sem dúvida, de ter os problemas do Brasil, cuja economia adquiriu uma força latente. As empresas esforçam-se por satisfazer a procura de bens de consumo por parte de uma classe média em rápida expansão, e a China continua a absorver as exportações brasileiras de matérias-primas. A produtividade está a aumentar. Os custos por unidade de trabalho estão a aumentar apenas a um ritmo que é metade da taxa de aumento dos salários reais, considera o consultor e antigo funcionário das finanças José Roberto Mendonça de Barros.

Mas os preços dos produtos de base estão a decair. O crescimento rápido ficaria mais bem garantido se o Governo criasse margem para taxas de juro mais baixas e disponibilizasse melhores infra-estruturas. O próximo Presidente, a eleger em Outubro, irá ter de enfrentar esta questão. Os excelentes resultados da economia no início deste ano, um ano eleitoral, aumentaram a possibilidade de ser a candidata de Lula, Dilma Rousseff, a ter oportunidade de o fazer.

(c)2010 The Economist Newspaper Limited. Todos os direitos reservados. Em The Economist, traduzido por



O 404



Alguma vez lhe sucedeu, ao navegar num website, encontrar uma página que diz "erro 404" sem mais nenhuma explicação? Sabe o que quer dizer este beco sem saída? É provavelmente a falha mais comum da internet e já aconteceu a todos.

Em termos mais técnicos, o famoso "erro 404" é a forma que o seu computador tem de lhe comunicar que o servidor está a funcionar (ou seja, que está tudo bem na sua ligação à rede), mas que este não consegue chegar à página que procura. O primeiro quatro quer dizer que o site não existe, o zero que existe um erro de ortografia e o último quatro que o acesso não é autorizado. Portanto, se não consegue aceder à página é porque uma destas falhas aconteceu.

O número mágico teve origem nos escritórios do CERN (Laboratório Europeu de Partículas Físicas). Na sala 404 desse edifício existia um banco de dados que controlava manualmente os pedidos de dados ou de arquivos. Quando existiam falhas ou os requerentes não estavam autorizados a consultar a informação, eles enviavam um alerta: "Room 404 - File Not Found". Ora, Tim Berners-Lee, o criador da Web, achou que esta expressão seria a ideal para classificar este tipo de erros online, adaptando-a já que "sala" (room) não faria sentido.
Sendo uma falha tão comum na rede, muitos portais decidiram apresentar o número 404 de forma mais criativa, provavelmente para dar um aspecto mais divertido a este impasse de que os internáutas sofrem. Existem teorias da conspiração, ninjas, Homer Simpson, náufragos, nerds e outros tais. Tudo é válido porque, afinal de contas, esta página não existe.








De acordo com o Mashable, Lauren Rosenberg está a processar a Google por ter sido atropelada depois de seguir as indicações do Google Maps.

A cidadã norte-americana alega que as direcções pedonais dadas pelo Google Maps a levaram a uma auto-estrada movimentada, o que resultou no seu atropelamento.

O advogado da mulher acusa a Google de não a ter avisado de que a rota sugerida podia ser perigosa. Todavia, a verdade é que até na versão portuguesa o Google Maps avisa que "As direcções a pé estão em versão beta. Tenha atenção - Este trajecto poderá não incluir passeios ou caminhos para peões."

Todavia, Rosenberg diz que consultou o serviço através do seu BlackBerry, que não mostrou qualquer aviso sobre os eventuais perigos.

De qualquer forma fica a questão: como é que alguém vai desembocar numa auto-estrada sem nunca questionar as indicações dadas?

Seguiria as indicações pedonais do Google Maps cegamente? Já esteve em perigo por causa deste serviço?

domingo, 30 de maio de 2010

Sou Real

SOU REAL
Fui para a cama com todos meus sentimentos,
Minha alma que procurou tanto...
Não envelhece com o passar dos anos
Esperando por ti muito antes de ser criança.
Passeia por caminhos distantes
Que meu corpo nunca chegou,
Faz de mim mulher e menina travessa
Que nada me impede de ser o que sou.
Sem freio na minha saudade,
Enfeito de flores tua vida...
Não te entristeças nem me detenhas
No desejo de ter a felicidade um dia.
Quero encontrar todas as maneiras
Do que podes querer para viver em mim,
Pensar demais é diálogo contínuo
Maltrata a mente, doi o corpo, arranca o desejo
Melhor mesmo é viver sem raiz.
Tenho sido real como uma metáfora,
Quero sonhar de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões que me der na telha,
Ser sincera comigo, sentindo o sangue me correr nas veias.
MÁRCIA ROCHA

Italia

( Fernando Pessoa )

UM DIA...

( Fernando Pessoa )

Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das
vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim...
do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.

Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas cartas
que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto
se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo...

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e
perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?"

Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!
-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons
anos da minha vida!"

A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...

Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.

E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes
daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a
sua vida isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não
deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de
grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos!"