sexta-feira, 7 de junho de 2013

Don Mclean–American Pie

 

Don McLean's American Pie with lyrics.

A long, long time ago...
I can still remember
How that music used to make me smile.
And I knew if I had my chance
That I could make those people dance
And, maybe, they'd be happy for a while.
But february made me shiver
With every paper I'd deliver.
Bad news on the doorstep;
I couldn't take one more step.
I can't remember if I cried
When I read about his widowed bride,
But something touched me deep inside
The day the music died.
So bye-bye, miss american pie.
Drove my chevy to the levee,
But the levee was dry.
And them good old boys were drinkin' whiskey and rye
Singin', "this'll be the day that I die.
"this'll be the day that I die."
Did you write the book of love,
And do you have faith in God above,
If the Bible tells you so?
Do you believe in rock 'n roll,
Can music save your mortal soul,
And can you teach me how to dance real slow?
Well, I know that you're in love with him
`cause I saw you dancin' in the gym.
You both kicked off your shoes.
Man, I dig those rhythm and blues.
I was a lonely teenage broncin' buck
With a pink carnation and a pickup truck,
But I knew I was out of luck
The day the music died.
I started singin',
"bye-bye, miss american pie."
Drove my chevy to the levee,
But the levee was dry.
Them good old boys were drinkin' whiskey and rye
And singin', "this'll be the day that I die.
"this'll be the day that I die."
Now for ten years we've been on our own
And moss grows fat on a rollin' stone,
But that's not how it used to be.
When the jester sang for the king and queen,
In a coat he borrowed from james dean
And a voice that came from you and me,
Oh, and while the king was looking down,
The jester stole his thorny crown.
The courtroom was adjourned;
No verdict was returned.
And while lennon (lenin?) read a book of marx,
The quartet practiced in the park,
And we sang dirges in the dark
The day the music died.
We were singing,
"bye-bye, miss american pie."
Drove my chevy to the levee,
But the levee was dry.
Them good old boys were drinkin' whiskey and rye
And singin', "this'll be the day that I die.
"this'll be the day that I die."
Helter skelter in a summer swelter.
The birds flew off with a fallout shelter,
Eight miles high and falling fast.
It landed foul on the grass.
The players tried for a forward pass,
With the jester on the sidelines in a cast.
Now the half-time air was sweet perfume
While the sergeants played a marching tune.
We all got up to dance,
Oh, but we never got the chance!
`cause the players tried to take the field;
The marching band refused to yield.
Do you recall what was revealed
The day the music died?
We started singing,
"bye-bye, miss american pie."
Drove my chevy to the levee,
But the levee was dry.
Them good old boys were drinkin' whiskey and rye
And singin', "this'll be the day that I die.
"this'll be the day that I die."
Oh, and there we were all in one place,
A generation lost in space
With no time left to start again.
So come on: jack be nimble, jack be quick!
Jack flash sat on a candlestick
Cause fire is the devil's only friend.
Oh, and as I watched him on the stage
My hands were clenched in fists of rage.
No angel born in hell
Could break that satan's spell.
And as the flames climbed high into the night
To light the sacrificial rite,
I saw satan laughing with delight
The day the music died
He was singing,
"bye-bye, miss american pie."
Drove my chevy to the levee,
But the levee was dry.
Them good old boys were drinkin' whiskey and rye
And singin', "this'll be the day that I die.
"this'll be the day that I die."
I met a girl who sang the blues
And I asked her for some happy news,
But she just smiled and turned away.
I went down to the sacred store
Where I'd heard the music years before,
But the man there said the music wouldn't play.
And in the streets: the children screamed,
The lovers cried, and the poets dreamed.
But not a word was spoken;
The church bells all were broken.
And the three men I admire most:
The father, son, and the holy ghost,
They caught the last train for the coast
The day the music died.
And they were singing,
"bye-bye, miss american pie."
Drove my chevy to the levee,
But the levee was dry.
And them good old boys were drinkin' whiskey and rye
Singin', "this'll be the day that I die.
"this'll be the day that I die."
They were singing,
"bye-bye, miss american pie."
Drove my chevy to the levee,
But the levee was dry.
Them good old boys were drinkin' whiskey and rye
Singin', "this?ll be the day that I die."

Art of Emilia Wilk

domingo, 2 de junho de 2013

A cidade vista pelas artes

A cidade vista pelas artes

 

Se Mário de Andrade e Xul Solar tiveram conhecimento um do outro não vem ao caso. O que importa é que os dois se complementam na arte que deixaram. Tanto que não é exagero, muito menos ousadia, dizer que os poemas de um serviriam de legenda para os quadros do outro. Ou que a pintura de Xul Solar teria inspirado as palavras de Mario de Andrade. Tire as suas próprias conclusões.

mario-de-andrade-e-xul-solar.jpg

As vanguardas latino-americanas tiveram como propósito primeiro construir uma identidade e perfil próprios para os países do novo mundo. Assim, os vanguardistas, no Brasil e na Argentina, manifestaram na arte uma nova forma de ver o país e a questão da
nacionalidade.

Estes foram os propósitos de Mário de Andrade e Xul Solar. O primeiro, brasileiro, se valeu da escrita literária e poética para eternizar o processo de modernização de São Paulo. O mesmo fez Xul Solar, argentino. Só em que em vez das letras, este último usou a tela, a tinta e o pincel para nos fazer ver as grandes cidades de um jeito que nossos olhos, habituados com cotidiano, nunca viram.

Mário de Andrade e a sua cidade de São Paulo
Mário de Andrade nasceu em São Paulo, em 1893. Foi professor, crítico, poeta, contista, romancista e músico. Formou-se pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde iria lecionar anos mais tardes.

Junto de Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e outros
intelectuais da época, foi idealizador da Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro Municipal de São Paulo.

Sua carreira artística foi marcada por iniciativas em prol da valorização da cultura e arte nacional. Foi fundador da Sociedade de Etnografia e Folclore e passou por diversos cargos públicos, tendo sido diretor do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. Uma de suas características marcantes é a disposição que tinha em ajudar os escritores e outros intelectuais a se tornarem reconhecidos. Sua principal "afilhada" foi Anita Malfatti, com quem manteve grande amizade.

Mário de Andrade morreu em São Paulo, no ano de 1945, tendo reconhecimento por sua contribuição para ideias inovadoras.

O livro Paulicéia Desvairada é considerado o marco inicial da poesia modernista no Brasil e através do qual o poeta descreve poeticamente impressões sobre a cidade de São Paulo. Nessa obra, assim como em Losango Caqui, a cidade São Paulo é vista sempre em conflito pelo eu-lírico, que ora se sente maravilhado com os avanços decorrentes da industrialização e tecnologia, ora se sente amedrontado com essas questões. É o conflito entre o homem moderno e a cidade, tema muito corrente na Literatura a partir da Revolução Industrial.

As principais características dessas e de outras obras de Mário de Andrade são: o verso livre, as transgressões sintáticas, a colagem, a sequência ininterrupta de imagens, entrou outros traços próprios da poesia modernista.

Os versos abaixo transcritos são fragmentos do poema XVII, do livro Losango Cáqui.

E marcho tempestuoso noturno.
Minha alma cidade das greves sangrentas,
Inferno fogo INFERNO em meu peito,
Insolências blasfêmias bocagens na língua.
Meus olhos navalhando a vida detestada.
A vista renasce na manhã bonita
Paulicéia lá em baixo epiderme áspera
Ambarizada pelo sol vigoroso,
Com o sangue do trabalho correndo
[nas veias das ruas]...
Fumaça bandeirinha
Torres
Cheiros
Barulhos
E fábricas...
Naquela casa mora,
Mora, ponhamos: Guaraciaba...
A dos cabelos fogaréu!....
Os bondes meus amigos íntimos
Que diariamente me acompanham pro trabalho...
Minha casa...
Tudo caiado de novo!
É tão grande a manhã!
E tão bom respirar!
E tão gostoso gostar da vida!
A própria dor é uma felicidade!

Na primeira estrofe, o eu-lírico se vê como a cidade “minha alma cidade”e a repudia, lançando um olhar pessimista, vendo apenas as greves, que ele considera sangrentas, isto é, capazes de causar destruição. Seu olhar é pessimista, pois diz “meus olhos navalhando a vida detestada”, ou seja, seu olhar destruindo a vida que ele tanto odeia.

Entretanto, na estrofe seguinte, através do amanhecer, é como se o novo dia trouxesse uma nova forma de ver a cidade “a vista renasce na manhã bonita”, mas, mesmo com o dia bonito, os defeitos da cidade continuam ali “com o sangue do trabalho / correndo nas veias das ruas”. Aqui, é como se o eu-lírico estivesse observando os trabalhadores que mais uma vez seguem caminho em direção ao trabalho, que, muitas vezes, é sua única razão de existir, dedicando-se apenas ao trabalho.

Na estrofe seguinte, há uma descrição da cidade: “fumaça bandeirinha / Torres / Cheiros / Barulhos / E fábricas...”. A cidade resume-se nessas poucas palavras. As torres e as fábricas representam a industrialização e a poluição que surge a partir disso pode ser vista na fumaça, nos cheiros e nos barulhos provocados pelo trabalho industrial.

Quando refere-se às casas, o eu-lírico revela dúvidas, pois não sabe quem mora onde “naquela casa mora / mora, suponhamos: Guaraciaba”. Esse nome, Guaraciaba, se refere ao cabelo loiro, como em seguida é descrito “a dos cabelos fogaréu”. Na mesma estrofe, ou eu-lírico se refere aos bondes, como seus amigos íntimos, pois através deles que ele chega ao seu trabalho. Aqui, é possível encontrar a ironia, pois ao longo do poema, ou eu-lírico mantem uma postura pessimista diante do trabalho e, aqui, refere-se aos meios de condução como amigos, que lhe fazem companhia em caminho para o trabalho. O uso de reticências evidencia a ironia, pois é um recurso utilizado para expressar insegurança, imprecisão.

Na última estrofe, mais uma vez a presença da ironia “minha casa... / tudo caiado de novo!”. Caiado significa que sua casa foi pintada de branco, mas não com tinta e sim com cal, material mais barato e muito utilizado nas periferias da cidade. No decorrer da estrofe o eu-lírico continua ironizando sua condição de morador da cidade “é tão bom respirar!”, mas nos versos anteriores citou o problema das fumaças e do cheiro, ar típico das grandes cidades e que é desagradável. E, para finalizar “a própria dor é uma felicidade!” é isso que lhe resta, seguir vivendo na cidade e mesmo que isso lhe doa, é preciso se conformar e encontrar nela algum motivo e razão de viver.

Xul Solar e a sua cidade de Buenos Aires
O nome completo de Xul Solar é Oscar Agustín Alejandro Shulz Solar. Pintor e poeta que nasceu em Buenos Aires, em 1887. Passou sua infância na capital argentina, onde estudou o primário e o secundário, em diferentes colégios. Seu interesse por Literatura, Música e Pintura, surgiu na adolescência e, aos vinte e dois anos, começou a escrever poesia.

Cursou por dois anos a faculdade de Arquitetura na Universidade de Buenos Aires e acumulou empregos públicos, que lhe permitiram aquisição de recursos para viajar para a
Europa. Em 1912 foi para Londres, onde pretendia ficar apenas um mês. A viagem, entretanto, se estendeu para o restante da Europa, lá ele ficou por 12 anos. Sua primeira exposição foi entre os anos de 1919 e 1920, em Milão. No ano de 1924, retornou a Buenos Aires e passou fazer parte da revista Martin Fierro, representante da vanguarda argentina.

Nessa época manteve grande amizade com Jorge Luis Borges, para quem ilustrou diversos poemas. Seu trabalho é marcado pela estrita relação entre poesia e pintura. Os trabalhos de Xul Solar são divididos pela aproximação entre texto e obra, fato que delimita suas obras em quatro fases.

Na primeira, a marca principal é a criação de legendas para suas pinturas. Suas pinturas eram encaixadas em cartões e nas extremidades eram postas os títulos e assinaturas, principais
influentes na fruição da obra. A segunda fase é marcada pela pintura verbal, na qual a escritura fazia parte do centro da obra, como se o texto fosse a personagem da narrativa criada pela pintura. Já a terceira fase, a linguagem cria vida, tornando o semântico em plástico. E, por fim, a quarta e última fase é um resgate das fases anteriores, reunido todas essas características.

A temática de sua obra é a criação da identidade latino-americana, sendo o primeiro pintor a incluir o Brasil no cenário continental dominado por países espano hablantes.
Mais especificamente sobre Buenos Aires, suas obras representam o caos e a confusão que é a cidade grande e os problemas da industrialização das grandes cidades, como é possível perceber nos dois quadros interpretados abaixo.

ciudad-lagui-xul-solar.jpg

Intitulado Ciudad Lagui, o quadro permite identificar a cidade grande, muitos prédios altos, semelhantes às torres. Os prédios de onde saem fumaças podem ser interpretados como as fábricas industriais. Nos caminhos homens caminhado são vistos, alguns com um tipo de sacola nas costas e outros como se apoiados em bengalas.

As cores do sol, imponente, iluminando a cidade colorindo-a em tons de vermelho, laranja e amarelo. O sol aparece como componente do cenário, não sendo possível delimitar seu
corpo, que parece estar misturado à estrutura do prédio, como se um estivesse dentro do outro. O fundo preto lembra a cor do petróleo, dando uma impressão mais sóbria à composição do
quadro.

No primeiro plano do quadro tem o verde do gramado e três grandes flores cor de fogo. É como se a natureza estivesse distante da cidade e alguns dos homens caminhassem em sua direção natureza, numa tentativa de fugir de saltar pela tela.

As escadas espalhadas por toda a pintura parecem levar a lugar nenhum e podem representar a tentativa de fuga do home. Dentro do sol tem uma delas apontando para o fim do quadro, podendo guiar para o além, para o espaço.

A noção da grandeza da cidade é maior no quadro seguinte:

ciudad-y-abismos-xul-solar.jpg

Nesse quadro, Ciudad y Abismos, já não há mais a presença da natureza e as cores escuras dão um aspecto sombrio para a pintura. Os prédios, com suas inúmeras janelas, parecem tomar conta de tudo. As pessoas caminham sem direção e sem ter para onde ir, como se estivessem perdidas.

A estrutura redonda dos prédios dá a impressão de que todos estão conectados e é impossível dizer onde começam ou acabam, como se juntos constituíssem grandes partes de um todo. Essa ligação entre os prédios está mais bem representada nas pontes que ligam uns aos outros.

Outra questão a ser observada é o tamanho dos prédios em relação aos homens, que parecem formigas andando entre essas grandes construções. A escuridão toma conta da cidade, mesmo com a presença das lâmpadas, que estão apagadas. O fato das lâmpadas estarem apagadas pode representar uma ironia com relação à tecnologia. A luz elétrica é uma das maiores conquistas e em uma cidade grande como a retratada, o mínimo que se espera é uma boa iluminação.

O diálogo entre as artes
Nas interpretações, tanto a respeito do poema de Mário de Andrade quanto a respeito dos dois quadros de Xul Solar, a cidade é vista como dominadora do homem. A constatação do
rápido desenvolvimento industrial está presente nas obras dos dois artistas. Como recurso, Mário de Andrade utiliza a ironia e Xul Solar expõe o homem como miniatura diante dos
grandes prédios. Nos dois artistas há a presença de torres, fumaça e fábricas.

Dessa forma, sem uma referência sobre a biografia dos dois autores, seria possível dizer que os dois estão expondo suas visões sobre a mesma cidade. E essa é uma marca muito
constante na modernização: as grandes cidades são, praticamente, todas iguais. São compostas por prédios, fábricas, indústrias. Os trabalhadores tão essenciais para as metrópoles estão vivendo e trabalhando ali, entretanto, vivem perdidos, como se estivessem sendo engolidos pela grandeza das obras que compõem a cidade.

Essas semelhanças que possibilitam o diálogo entre os dois artistas se explicam pelo fato de que a Arte se inspira na vida, que independente do lugar onde o artista está vivendo é
muito parecida, principalmente nas sociedades modernas.

As artes formam um grande tapete, onde cada Arte está entrelaçada, formando assim um grande painel através do
qual é possível visualizar, com outros olhos, a vida e a sociedade da qual fazemos parte.