domingo, 14 de outubro de 2012

Uma conversa amiga

— Uma conversa amiga;
— Ouvir boa música, sentado no chão, com a cabeça na suave dobra do sofá (Blues, Rock and Roll, Jazz, Clássica, Mpb, tanto faz), saboreando um bom queijo (pelo simples prazer de degustar),
---acompanhado de um bom vinho tinto (pelo prazeiroso mas efémero deleite de cheirá-lo e senti-lo, revolvendo-me gostosamente as entranhas).
— Ir ao teatro;
— Estremecer comovido, numa sala de cinema, tanto com o dolbysurround de uma superprodução de Hollywood, quanto comprometer-me com a explosiva loucura do doce retrato de recentes e difíceis ---tempos de guerra na Bósnia, visto pela objectiva de um talentoso Emir Kusturica.
— Escrever, como exigente princípio do salutar exercício que sempre nos fez maiores;
— Passear à beira-mar;
— Entrar pelo mar adentro, à tardinha, num veleiro de sete metros, num desses muitos dias de bonança e ver o sol mergulhar em direcção às cálidas águas do hemisfério sul.
— Ouvir histórias (do faz-de-conta, ou nem tanto);
— Contar histórias (do faz-de-conta mesmo);
— Viajar por esse mundo abaixo à procura do não-sei-onde (Costumo dizer que, se no aeroporto, à chegada, alguém me convidar a dar meia volta para partir novamente, fá-lo-ei com o mais indiscritível e infantil dos regozijos);
—De envolver-me apaixonadamente no enredo de um bom livro,   para aprender com quem sempre soube mais do que eu e para me esquecer das voltas em que a vida teima em enredar-nos;
— Fazer amor com a raiva intempestiva que as nossas vontades pedirem ou com a doce volúpia que um suave entardecer aconselha;
— De tudo o resto que me dá prazer, por saber que mais prazer dá a quem ternamente me enlaça.
Detesto:
— Palmadinhas nas costas;
— Comida com muito sal.
Só acredito:
— Em mim, porque me sinto;
— Na amizade de quem sei que é sincero;
— No amor de quem nunca soube que era louco.

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