segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ruínas e abandono em Detroit

 

Cinquenta anos após se tornar o centro mundial da indústria automobilística, Detroit se encontra em um impressionante estado de abandono. Dois fotógrafos franceses criaram imagens da sua ruína.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, United Artists Theater.

Detroit era na década de 50 a quarta maior cidade de todos os Estados Unidos. Nas quarto décadas anteriores, a cidade havia experimentado momentos de grande crescimento,começando em 1913, quando Henry Ford completou sua primeira linha de produção automobilística. A metrópole, sede da Ford e da GM, atingiu então o seu auge e passou a ser chamada de o maior centro mundial da indústria automobilística, ou Motorcity.

Nos anos 50, eram 2 milhões de habitantes. Muitos se mudavam para Detroit em busca de emprego. Detroit se tornara um dos símbolos do sonho americano.

Mas as próximas décadas não seriam tão prósperas como as anteriores. As indústrias automobilísticas, principais geradoras de renda da cidade, passam a ter grandes concorrentes: os carros importados, principalmente provenientes do Japão. A boa qualidade associada a um menor valor de mercado gerou uma queda nas vendas dos carros da Ford e GM. E com a queda das vendas, a economia da Motorcity passou a enfrentar sérios problemas.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, Vanity Ballroom.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, William Livingstone House.

A cidade entrou em decadência, até que em 1967 explodiram nela tensões sociais das maiores já vistas na América do Norte. 46 pessoas foram mortas em uma só semana. A classe média branca começou a deixar o centro em direção aos subúrbios. A desindustrialização e a segregação tomaram o lugar do crescimento.

O êxodo populacional acelerou, a vizinhança começou a desaparecer. Prédios no centro da cidade ficam completamente vazios. Cinco décadas após o auge, Detroit tinha perdido mais de metade de toda a sua população. E a cidade se tornou uma das metrópoles mais segregadas e mais violentas de todo os Estados Unidos. As estatísticas atribuem à Motorcity a maior taxa de homicídios dentre os sessenta maiores centros urbanos do país. Detroit também sofreu com a má distribuição de renda, tendo aproximadamente um quarto de sua população vivendo abaixo da linha de pobreza.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, Christopher House.

Casas, lojas, escolas e todo tipo de edificação inteiramente abandonada e vazia se tornam, então, componentes corriqueiros do espaço urbano de Detroit.

Foi neste cenário que, em 2005, os fotógrafos franceses Yves Marchand e Romain Meffre desembarcaram na cidade. Até 2009, dedicaram um total de sete semanas a montar um acervo de fotografias que registrasse o estado de decadência da Motorcity.

Esse trabalho resultou no livro entitulado “The Ruins of Detroit”, publicado em 2010, composto de incríveis imagens do abandono da cidade.

"Parece que Detroit foi abandonada para morrer. Muitas vezes entrávamos em enormes edifícios de art déco, antigamente decorados com bonitos candelabros, colunas ornamentadas e frescos extraordinários, mas estava tudo a desfazer-se e coberto de pó, e o sentimento de que tínhamos entrado num mundo perdido era quase esmagador. De uma forma bastante real, Detroit é um mundo perdido - ou pelo menos uma cidade perdida onde a magnificência do passado é evidente em todo o lado", descreveu Marchland em entrevista ao The Guardian em janeiro de 2011.

As fotografias são registros que muito bem descrevem a glória e o custo destrutivo do capitalismo americano. Foi ali, no mesmo local que o sonho americano tanto cresceu, que tudo se transformou em pesadelo.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, Michigan Central Station.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, Highland Park Police Station.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, Former Unitarian Church.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, East Methodist Church.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, HotelBallroom, Lee Plaza Hotel.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, Biology Classroom, Willbur Wright High School.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, Atrium Farwell Building.

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© Yves Marchand e Romain Meffre, Bagley Clifford Office of the National Bank of Detroit.

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