quinta-feira, 28 de abril de 2011

John Coltrane

 

 

John Coltrane - My Favorite Things -

John Coltrane

 

 

 

 

Como é que tantos sons tocados tão depressa conseguem soar tão belos ao ouvido?
John Coltrane definiu o Saxofone Tenor no espaço de 10 anos, desde os seus trabalhos com Miles Davis e Thelonious Monk até às suas excursões a solo, não há melhor que ele. Se Jimi Hendrix é a referência na guitarra John Coltrane é a do Saxofone. Isto não é novidade nenhuma para quem conhece os grandes do Jazz e o porquê de o serem.
E comparando Coltrane aos outros compositores de Jazz que mais adoro, compreende-se que apesar de para muita gente o Jazz ainda soar a dialogo musical incoerente e excessivamente complexo, tudo o que John Coltrane fez, Miles Davis e Charles Mingus nunca teriam conseguido ter feito. Esta é a beleza das referências em todos os géneros. Há sempre alguma coisa que algum deles não consegue fazer tão bem como o outro. Todos eles foram pioneiros, não há ninguém no Jazz que não lhes siga as passadas, mas são todos dramaticamente diferentes. Enquanto Charles Mingus tinha uma abordagem mais clássica ao Jazz Avant-garde utilizando ensembles maiores e uma estética mais clássica piscando o olho ao Blues, Miles Davis queria sempre estar na proa do barco no que tocava às inovações mais recentes do mundo da música pegando em todas as inovações técnicas que a electricidade tinha para dar ao mundo da música e deixando sempre a questão "O que é Jazz?". Entretanto, John Coltrane com o formato "simples" de um quarteto, aperfeiçoava a linguagem melódica de todos os solistas que viriam daí para a frente com técnicas de composição e construção melódica que hoje são norma em muitas vertentes do Jazz.
Apesar de tudo, todos eles eram génios no que faziam, nos instrumentos que tocavam e na forma como quebravam as barreiras. Mas no entanto, arrisco-me a dizer que como instrumentista, nenhum deles teve o impacto que John Coltrane teve. Alguns dos temas que Coltrane escreveu são hoje considerados standards do Jazz e grande parte deles, são das peças mais impressionantes tecnicamente no mundo da música.
Até agora parece que Coltrane é apenas um inovador técnico. Mas se há provas que ele vai muito além disso é em álbuns como Giant Steps ou My Favorite Things .
My Favorite Things é a recomendação que faço e é dos meus álbuns favoritos de Jazz. Para começar, foi a estreia de Coltrane a gravar com um Saxofone Soprano , que é dos instrumentos que mais gosto de ouvir. Depois há duas performances que são das melhores no catálogo de John Coltrane: "My Favorite Things" e "Summertime", ambas standards quando Coltrane as gravou e ambas com direito a arranjos absolutamente assustadores, em que todos os músicos brilham.
Neste álbum contamos com McCoy Tyner no piano, Elvin Jones na bateria e Steve Davis no contrabaixo, uma secção rítmica que mete Coltrane no paraíso antes sequer de ele dar uma nota. O arranjo do tema que se tornou conhecido no filme "Música no Coração" e que dá nome ao álbum é particularmente arrepiante: uma mutação absurda do tema, numa uma viagem pelos confins da música indiana e do Jazz.
Summertime tem um solo estrondoso de bateria de Elvin Jones e McCoy Tyner não pára no álbum inteiro. Dois músicos que estariam para se tornar lendas absolutas do Jazz.
É um álbum relativamente curto e de fácil digestão para quem tem medo das divagações dos solistas, por isso dêem uma olhadela, com os ouvidos de preferência.

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