sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Pronuncia do norte

 

(Rui Reininho)
Há um prenúncio de morte
Lá do fundo donde eu venho
Os antigos chamam-lhe reilho
Novos ricos são má sorte
É a pronúnia do Norte
Os tontos chamam-lhe torpe
Hemisfério fraco outro forte
Ai o dia não sejas triste
A bússula não sei se existe
E o plano talvez aborte
Nem guerra, bairro ou corte
É a pronúncia do Norte
É um prenúncio de morte
Corre o rio para o mar
(Isabel Silvestre)
Não tenho barqueiro
Nem em de remar
Procuro caminhos
Novos para andar
Colheste uns ramos
Onde os pousaste
É a magia das pérolas
Das fontes secar
Corre o rio para o mar
E há um prenúncio de morte
E as teias que vidram
Nas janelas
Esperam um barco
Parecido com elas
Não tenho barqueiro
Nem em que remar
Procuro caminhos
Novos para andar
E é a pronúncia do Norte
Corre o rio para o mar
(Rui Reininho e Isabel Silvestre)
E as teias que vidram
Nas janelas
Esperam um barco
Parecido com elas
Não tenho barqueiro
Nem em que remar
Procuro caminhos
Novos para andar
É a pronúncia do Norte
Corre o rio para o mar.

Composição: Florbela Espanca / João Gil

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como  quem seja

Rei do Reino de Á quem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...

É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...

É seres alma, e sangue, e vida em mim

E dize-lo cantando a toda a gente!

Dentro de mim
Por dentro de mim

É pena quase não poder ficar
És quente quando a luz te traz
Quase te vi amor
Quase nasci sem ti
Quase morri

Dentro de mim
Ficas dentro de mim
Por dentro de mim
Estás dentro de mim

Silêncio.Lua.Casa.Chão
És sitio onde as mãos se dão
Quase larguei a dôr
Quase perdi
Quase morri

Dentro de mim
Estás dentro de mim
Por dentro de mim
Ficas dentro de mim

Sempre só mais um homem
Mais humano
Mais um fraco..
Sempre..
Só mais um braço
Mais um corpo
Mais um grito
Sempre..

Dança em mim!
Mundo, vida e fim!
Dorme aqui
Dentro de mim..

É pena quase não poder ficar
No sítio onde as mãos se dão
Quase fugi amor
Quase não vi
Vamos embora daqui
Para dentro de mim




Largaram-me a mil metros do chão

Largaram-me porque me agarrei


Numa alucinação de vida


Que me enchia o coração


E que agora vejo perdida


Num cair que já não sei


Largaram-me a mil metros do chão


Reparo o sol que se afasta no ar


Rasgo caminho onde o vento dormia


Adormeço sentidos no meu furacão


Enquanto sol anuncia o dia


Sinto o meu corpo, desamparado, deslizar...


Perdi-te do lado errado do coração


Eras tu o meu chão...


Enquanto caía a terra rachou


E eu via a queda ainda mais funda


Ao meu lado passava tudo o que passei


Comigo a miragem que nada mudou


Do voo rasante que nem começou


Do tempo apressado que nem reparei


Sinto os meus gestos flutuar, devagar


No último segredo antes do ódio


À minha frente um filme de aves sem voz


E quando as toquei resolvi gostar


Quando as ouvi fiquei a amar


Ter tentado subir ao cimo de nós


Amei-te do lado errado do coração


Eras tu o meu chão...


Não sei ao que chamam lados do coração


Mas és tu o meu chão...


És tu o meu chão...





TORANJA





SÓ EU SEI VER O SOL NASCER



Desfaz-se o tempo em rotinas e vontades

Em projectos e verdades


Em desgostos que se alastram


Em vestígios distorcidos


De nascentes que encontramos


E é sempre quando seca que


Tudo se tem que se agarrar


Tudo o que faz fugir


E a verdade passa a estar


No fundo dum copo cheio do que se quer ser


E a beata no chão que faz os olhos arder


É a nova moda das crianças que ainda estão a aprender


Como têm que estar e andar e beber


E dançar e comer e falar e ouvir


E sentar e sorrir pra saber existir aaaahhhhhh…


Só eu sei ver o sol nascer


Só eu sei ver o sol nascer



Desfaço-me em pedaços, em retratos em…

Mentiras que trocámos e abraçámos sim


Fugimos mas voltámos


E o que presta, o que


Resta em nós…


Num fim de festa onde…


Todos sabemos quem somos


Ou quem não se quer lembrar


Ou quem precisa de estar


Perdido noutro sonho


A mesma noite, o mesmo copo,


O mesmo corpo, a mesma sede que não sabe secar


Onde se encontra sem se procurar


Onde se dança o que estiver a tocar


Muito fumo muito fogo muito escuro


Quando somos o que queremos


Quase somos o que queremos


Quase fomos o que queremos aaaaahhhhhhhh…



Só eu sei ver o sol nascer

Só eu sei ver o sol nascer



Quase fomos o que queremos

Quase somos o que queremos


Quase fomos o que queremos


Quase somos o…



aaaAAAHHH

Só eu sei ver o sol nascer


Só eu sei ver o sol nascer


Só eu sei ver o sol nascer


Só eu sei ver o sol nascer

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